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18/Aug/2023

Bioplásticos e o impulso sustentável das empresas

O futuro é mais plástico. Plástico à base de plantas. Os plásticos à base de plantas, ou bioplásticos, representam apenas 1% da produção mundial de plástico há mais de uma década, de acordo com uma análise de mais de 100 empresas feita pela organização de pesquisa nova-Institute. Os bioplásticos ainda não decolaram amplamente porque são tipicamente 50% a 80% mais caros do que os plásticos tradicionais baseados em combustíveis fósseis, mas sua produção cresce agora 14% ao ano, o que os coloca perto de atingir até 3% do mercado de plásticos nos próximos cinco anos. Os bioplásticos se expandem mais rapidamente do que o plástico reciclado em alguns casos, como nos países asiáticos China e Japão, que exigem materiais mais ecologicamente corretos, afirma o nova-Institute. Mesmo que as taxas globais de reciclagem de plástico cheguem a 70% um dia, em comparação com cerca de 9% de hoje, os bioplásticos, juntamente com os materiais feitos de dióxido de carbono capturado, terão um grande papel a desempenhar, à medida que o mundo se afasta dos materiais de origem fóssil.

Mas, nenhum deles consegue isso sozinho. Os materiais sustentáveis impulsionarão a transição verde. Os bioplásticos são, em geral, derivados de plantas ricas em amido, açúcar ou polpa, como milho, trigo, cana-de-açúcar, madeira e algodão, o que os torna mais caros do que os plásticos feitos de combustíveis fósseis, pois as culturas precisam de fertilizantes e outros recursos, como água. No entanto, os benefícios ambientais dos plásticos à base de plantas são cada vez mais atraentes para as empresas que prometem usar materiais mais sustentáveis até o final da década. As plantas absorvem o dióxido de carbono da atmosfera, o que reduz as emissões de gases de efeito estufa da fabricação de bioplásticos para, pelo menos, a metade das emissões dos plásticos baseados em combustíveis fósseis. Às vezes, os bioplásticos podem causar menos poluição quando se degradam no meio ambiente.

Em termos gerais, existem dois tipos de bioplásticos: materiais com desempenho semelhante ao plástico, como o acetato de celulose obtido a partir da polpa da madeira, que é encontrado em óculos e têxteis, e os bioplásticos quimicamente idênticos aos plásticos convencionais, como polietileno, poliéster e náilon. Cerca de metade dos bioplásticos de hoje são biodegradáveis, de acordo com o nova-Institute, o que significa que eles se decompõem mais naturalmente e são menos prejudiciais aos habitats. Ainda assim, muitos desses bioplásticos requerem instalações de compostagem industrial para serem degradados e não são feitos para serem descartados em um jardim doméstico. Alguns dos primeiros usuários de bioplásticos são empresas de moda, incluindo a Lululemon, que tem como meta substituir a maior parte do náilon à base de petróleo por náilon à base de plantas até 2030. Um grande argumento de venda para a empresa de roupas esportivas é o uso de fábricas que produzem um náilon quimicamente idêntico e pode substituir facilmente o original, reduzindo ainda as emissões quase pela metade.

A maior demanda por bioplásticos vem, atualmente, de empresas de moda e embalagens de alimentos, mas o interesse também aumenta entre empresas de cosméticos, eletrônicos e bens mais duráveis, como ferramentas, segundo a Eastman Chemical. Na Eastman, anteriormente uma divisão da Kodak, mais de US$ 1 bilhão dos cerca de US$ 10 bilhões de suas vendas anuais são provenientes dos bioplásticos de acetato de celulose, um material que produz há mais de 70 anos. O acetato de celulose, que a Eastman fabrica a partir de fibras de algodão e polpa de madeira, foi usado pela primeira vez em filmes Kodak nos primórdios da empresa, mas atualmente se expande para embalagens, têxteis e outras aplicações. Em 2022, a Eastman assinou um acordo com a Warby Parker para usar esse material em óculos. Há muitas aplicações para os plásticos derivados do acetato de celulose.

Os plásticos à base de plantas continuam difíceis de vender porque os baseados em combustíveis fósseis são muito mais baratos, porém os preços podem cair se as empresas continuarem a comprar mais bioplásticos e os governos incentivarem seu uso. Este ano, a gestão Biden, nos Estados Unidos, pediu ao governo federal que avaliasse o potencial dos biomateriais, inclusive para plásticos, combustíveis e medicamentos. E no ano passado, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos disse que investiria US$ 1,2 bilhão em biomanufatura. A União Europeia também considera obrigar o uso de bioplásticos de acordo com as regras de embalagem em discussão. Nos Estados Unidos, há apoio do governo em nível estadual e federal para converter matérias-primas biológicas em combustíveis como o etanol, mas esse nível de apoio ainda não existe para plásticos à base de plantas, segundo a gigante química Dow. O mercado está pronto para decolar junto com a demanda, mas para fazer a economia funcionar, é necessário algum apoio regulatório. Outro obstáculo para a expansão dos bioplásticos é o que ocorre no final de sua vida útil.

Somente plásticos à base de plantas que são quimicamente idênticos às versões baseadas em combustíveis fósseis podem entrar na infraestrutura de reciclagem existente e crescente. A quantidade limitada de matéria-prima do mundo, que muitas vezes alimenta também o gado e outros animais, apresenta desafios para o uso de mais bioplásticos. Uma solução seria transformar resíduos agrícolas em plásticos recicláveis. Este ano, a Dow fechou um acordo com a startup de refinaria de biomassa New Energy Blue para comprar bioetileno feito de caules e folhas de milho cultivado em Iowa. A Dow passará a fabricar tanto plásticos convencionais quanto recicláveis a partir do material e os venderá para empresas de transporte, calçados e embalagens. A empresa química já fornece bioplásticos para sapatos Crocs e embalagens do perfume Moët Hennessy Louis Vuitton da LVMH, e prevê que a demanda superará a oferta. A Dow está buscando mais fontes. A demanda de clientes existe; mas a questão é encontrar as fontes de bioalimentação que fazem sentido. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.