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17/Aug/2023

Argentina: reação negativa ao resultado da eleição

Após as primárias, os argentinos encontraram prateleiras vazias e tiveram dificuldades para comprar itens essenciais nos mercados. A razão foi a forte reação à vitória de Javier Milei e a desvalorização do peso. Sem conseguir definir preços diante da turbulência, produtores e lojistas tiraram mercadorias de circulação. Diante da incerteza de um triplo empate entre Milei (30%), a oposição tradicional de centro-direita (28,3%) e o governo peronista (27%), o peso argentino perdeu 20% do valor e o dólar oficial saltou para 365 pesos, dos 298 que valia no dia 11 de agosto, antes da eleição. No mercado paralelo, o dólar ultrapassou a barreira dos 700 pesos. A consequência chegou ao bolso da população. Muitos fornecedores, principalmente de produtos importados ou com preços atrelados ao dólar, preferiram suspender as vendas.

Os preços não mudaram, mas como são cotados em dólar, o valor em pesos subiu tanto quanto a desvalorização. Segundo a Universidade Católica Argentina, a vitória de Milei foi fora de todas as expectativas. Para os mercados, isso gera incerteza, por isso, os preços subiram e o câmbio deu um salto. Com a desvalorização, a inflação se acelerou. Tudo o que tem a ver com importação, desde remédios a carros, foi retirado de circulação com a justificativa de que não havia preço. O Indec, instituto de estatísticas da Argentina publicou que a inflação de julho foi de 6,3%. No entanto, com a desvalorização, a de agosto deve ficar em dois dígitos. Para impedir que a desvalorização afete ainda mais o consumidor, o que prejudicaria a candidatura do ministro da Economia, Sergio Massa, o governo convocou empresas e supermercados a conter as remarcações.

Lojistas e distribuidores de alimentos receberam novas tabelas. Para piorar, na terça-feira (15/08), terminou o controvertido programa Preços Justos de Massa, que tentou um congelamento até as primárias. Também na terça-feira (15/08), jornais argentinos chegaram a noticiar que o governo havia suspendido as exportações de carne por 15 dias para pressionar os produtores, mas o Ministério da Agricultura negou. O medo é que, com a desvalorização, o valor da carne salte nos açougues. A desvalorização da moeda, feita no dia seguinte às prévias, era algo que o governo do presidente Alberto Fernández vinha tentando evitar havia meses. O resultado foi a proliferação de cerca de 20 tipos de câmbios diferentes na Argentina. O FMI exigia uma correção dessa anomalia para liberar recursos para o país. Com o risco de impacto na candidatura de Massa, que já é prejudicado pela baixa popularidade de Fernández e de sua vice, Cristina Kirchner, a desvalorização só veio depois da votação de domingo (12/08).

Outra ação do governo foi elevar a taxa de juros em 21%, para 118% ao ano, na intenção de impedir que os argentinos recorram ao dólar diante da crise. A economia argentina carrega o peso da emissão monetária e da enorme dívida pública, situação agravada em 2018, no governo de Mauricio Macri, quando o FMI concedeu US$ 57 bilhões em empréstimo, um dos maiores da história da instituição. Ao assumir o cargo, em 2019, Fernández renegociou o empréstimo, penando para pagar as parcelas ao FMI e cumprir, ao mesmo tempo, as metas de redução do déficit fiscal em um contexto de 40% de pobreza, com parte da população dependente de auxílios estatais. Milei quase não cita a dívida argentina em suas propostas, mas garante que não terá problemas com os credores, porque seu programa fiscal é mais agressivo do que o do FMI. Por orientação ideológica, Milei deve pagar o FMI. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.