ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

15/Aug/2023

Cidades ligadas ao agronegócio geram empregos

Com a taxa de desemprego no menor nível desde 2014, algumas cidades têm se sobressaído na criação de novas vagas. E o que quase todas elas têm em comum é o fato de apresentarem atividades ligadas, de forma direta ou indireta, ao agronegócio, até aqui, o grande motor para o crescimento do País. As informações são de um levantamento realizado pela consultoria LCA. Considerando os locais com mais de 50 mil habitantes, as cidades de Cristalina (GO), Venâncio Aires (RS), Canaã dos Carajás (PA), Santa Cruz do Sul (RS) e Lençóis Paulista (SP) foram as cinco que mais criaram vagas de trabalho no primeiro semestre do ano em relação ao seu número de habitantes. Tirando Canaã dos Carajás, quatro dos cinco municípios têm vagas ligadas à questão do agronegócio, da agropecuária. É o que tem puxado a economia neste ano. O mapeamento foi realizado com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e, portanto, só inclui o mercado de trabalho formal.

Em Cristalina, por exemplo, foram abertas quase 3,5 mil vagas, o equivalente a 5,6% do total de habitantes no município. Ali, nada menos do que 87% das vagas surgiram na esteira da agricultura, com o cultivo de soja e de outras oleaginosas. Em Venâncio Aires, a relação emprego formal/habitantes chegou a 5,3%. A indústria de fumo é forte na região e respondeu por 95% dos postos abertos no primeiro semestre. O peso do agronegócio aparece ainda nos casos de Santa Cruz do Sul (também por conta da indústria de fumo) e de Lençóis Paulistas (celulose). Das cinco, só Canaã dos Carajás foge desse perfil: 77% dos novos empregos têm como origem o setor de construção, impulsionado por obras públicas. O projeto S11D da Vale, considerado o maior complexo de mineração do mundo, também está localizado na cidade. No primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu 1,9% em relação aos últimos três meses de 2022. O resultado foi puxado pelo agronegócio: o setor cresceu 21,6%.

Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o agronegócio tem sido a solução, com uma elevada geração de emprego. O que poderia ser um problema, com um eventual aumento da desigualdade social no campo, não tem ocorrido. Hoje, a Região Centro-Oeste, maior produtor agrícola do País, é a segunda região com menor desigualdade do trabalho. A renda é alta, e isso tem provocado um fluxo migratório de pessoas do Sul para essas fronteiras agrícolas. Um dos destaques da pesquisa, Cristalina (GO) surgiu da exploração do garimpo e, por isso, durante anos foi conhecida como a cidade dos cristais. Mas, o garimpo não deixou nenhum legado. Graças ao clima mais ameno e a uma boa dose de tecnologia, o desenvolvimento recente da região vem principalmente da agricultura. Mesmo quando o clima não ajuda, sistemas de irrigação são acionados para garantir a produtividade no campo. A cidade tem a maior área irrigada do País, com cerca de 80 mil hectares.

Isso permite a produção de até três safras no mesmo ano, dependendo da cultura, o que explica o fato de Cristalina ser a campeã no ranking da LCA: 87% das vagas abertas na cidade no primeiro semestre estavam ligadas à atividade agrícola. A proporção vagas por habitantes chegou a 5,6%. Para evitar distorções, foi considerada a relação entre criação de postos de trabalho e tamanho da população, já que municípios mais populosos tendem a apresentar saldos líquidos maiores de criação de emprego, embora nem sempre seja um valor representativo para a dinâmica local. Os menores, por sua vez, também podem apresentar distorções. Sem o recorte do número mínimo de habitantes, a cidade com maior número de vagas criadas em relação ao tamanho da população é Borá. O município do interior de São Paulo tem apenas 907 habitantes, e reportou a abertura de 278 vagas, o que corresponde a uma relação de 30,7%. Até 2008, o índice de desemprego em Cristalina chegava perto de 39%. Mas, a expansão do agronegócio mudou o rumo dessa história. Com altos investimentos em tecnologia, a cidade tem recebido também fabricantes de alimentos enlatados, como massa de tomate, ervilha e milho, entre outros produtos.

Entre as empresas que estampam suas marcas na cidade, estão a francesa Bonduelle, a Fugini e a Sorgatto. A cidade lidera no PIB agrícola de Goiás, e compete com Rio Verde. Localizada a 131 quilômetros da capital federal, a cidade também tem experimentado a expansão da fruticultura. O município está dentro de um programa da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para ampliar o cultivo de frutas. O projeto inicial é de 10 hectares de plantação de melão, cuja primeira colheita será em setembro. O objetivo é chegar a 19 hectares. Cristalina tem hoje 62 mil habitantes, um crescimento de 33% em relação a 2010. O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio da cidade é de R$ 8,5 bilhões, sendo quase R$ 5 bilhões referentes à área irrigada. Com a atividade em alta, nos últimos anos a cidade ganhou também uma série de novos estabelecimentos, como hotéis, restaurantes, supermercados, escolas e universidades. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.