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11/Aug/2023

Transição Verde: entrevista Luciana da Costa/BNDES

Diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana da Costa é uma defensora do papel do banco e do governo na indução de uma agenda de economia verde no País. Para isso, ela diz que é preciso usar subsídios, como outros países têm feito. Se não acelerar sua transição energética, diz ela, o Brasil corre o risco de se tornar um mero exportador de matéria-prima se não acelerar sua transição energética. “Não estamos ficando para trás ainda. Estamos atrasados, mas eu acho que dá tempo de recuperar o tempo perdido”, disse Luciana. Segue a entrevista:

A sra. defende o uso de subsídios para impulsionar a agenda de transição energética do País. Por quê?

Luciana da Costa: O Brasil tem uma janela, está um pouco atrasado na regulação. A agenda do outro governo não era uma agenda de descarbonização, de combate ao desmatamento, de nada disso. Então, não adiantava falar ‘vamos fazer um green bond (título verde) para a República’. Agora aumentou a credibilidade e, com isso, aumenta a quantidade de dinheiro que pode vir para o País. Mas temos de fazer nossa lição de casa. Não dá para a gente achar que a transição energética vai cair por inércia e nem que ela vai acontecer sem subsídio, porque os Estados Unidos estão subsidiando a transição energética. A Europa e a Austrália. Não vamos ter a quantidade de subsídio que eles têm, mas teremos de ser mais eficientes, mais criativos. Só que temos vantagens comparativas: o custo da energia eólica, solar, aqui é um dos mais baratos do mundo. Mas se não regular e organizar, perdemos o bonde.

Hoje o BNDES tem o Fundo Clima. A ideia é ampliá-lo?

Luciana da Costa: Se não fizermos isso, vai ser feito no resto do mundo. E aí vamos exportar óleo de soja, folha de macaúba, óleo de palma. E vamos replicar o modelo agrário exportador. Então, pensamos o tempo todo em como fazer isso e como discutir com o governo o subsídio. Temos o Fundo Clima, com recurso subsidiado para financiar a descarbonização. Esse fundo vai receber agora R$ 600 milhões, mas é um fundo de cerca de R$ 3 bilhões. E temos ambição de ter R$ 50 bilhões. Não precisa de tudo de uma vez, tem de ter espaço fiscal. Conforme os projetos vão amadurecendo, usamos o dinheiro para financiar biogás, combustível sustentável de avião, por exemplo.

Apesar dessas vantagens, há especialistas que dizem que estamos ficando para trás nessa agenda. Estamos?

Luciana da Costa: Não estamos ficando para trás ainda. Estamos atrasados, e acho que dá tempo de recuperar o tempo perdido. A agenda da transição energética é irreversível. Só que ela não vai ser uma linha reta, não vai ser contínua. Vai ter idas e vindas. Mas não tem país do tamanho do Brasil que tenha todas as nossas vantagens comparativas.

Como tem sido o diálogo com a Fazenda?

Luciana da Costa: A Fazenda vai lançar o Plano de Transição Ecológica e temos levado ideias para serem incorporadas. O diálogo é ótimo. A pasta concorda com a necessidade de mais subsídio, de ambicionar um Fundo Clima de R$ 50 bilhões. E pode emitir green bonds e passar o dinheiro para nós. Alternativas estão sendo discutidas.

Em artigo, a sra. defendeu a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Mantém essa posição?

Luciana da Costa: Sim e estou otimista de que conseguiremos chegar a um acordo com o Ministério do Meio Ambiente e com o Ibama. A Petrobras está cumprindo o que o Ibama pediu.

Fonte: Broadcast Agro.