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11/Aug/2023

China: piora da economia e os impactos no Brasil

Em julho/2023, pela primeira vez em mais de dois anos, a China registrou deflação mensal de 0,3%. Economistas do país afirmaram que o recuo seria momentâneo, mas o índice se soma a outros indicadores negativos recentes sobre a saúde da segunda maior potência econômica do mundo, levantando dúvidas sobre seus efeitos para outros países. Também em julho, as exportações recuaram 14,5% em relação a julho do ano passado, enquanto as importações encolheram 12,4% na mesma base de comparação. Além disso, no trimestre encerrado em junho a economia chinesa cresceu apenas 0,8%, depois da alta de 2,2% registrada entre janeiro e março.

Anualizado, o número corresponde a uma variação de 3,2%, o menor patamar em três décadas. Esses dados também fizeram soar o alerta sobre os reflexos dessa desaceleração sobre o Brasil. Mas, na opinião de economistas, os efeitos não serão drásticos na economia brasileira como um todo, embora o país asiático seja o principal importador de produtos brasileiros. No ano passado, a China respondeu por mais de um quarto das vendas externas do Brasil, que somaram US$ 335 bilhões. Dos US$ 89,4 bilhões despachados para a China, quatro produtos ficaram com mais de 80% das vendas.

Quem liderou o ranking foi a soja (US$ 31,7 bilhões), seguida pelo minério de ferro (US$18,1 bilhões), óleo bruto e petróleo (US$ 16,5 bilhões) e carnes (US$ 7,9 bilhões), apontam dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Para a Tendências Consultoria, a desaceleração chinesa tende a afetar mais as commodities metálicas como minério do que o agro. A MB Associados concorda e afirma que nas exportações de alimentos o efeito é muito pequeno. A resiliência das exportações do agronegócio decorre da combinação de vários fatores. Por questões sazonais, a maior parte da safra deste ano de soja foi vendida para a China. A China tem população bem avançada em termos de consumo.

Mesmo com o ritmo de crescimento mais comedido, certamente a demanda por alimentos não deve esfriar, pelo contrário: deve crescer, conforme a renda per capita do país for subindo. Historicamente, a China tende a fazer todo o possível para evitar problema no abastecimento de alimentos. Não há alternativas de fornecedores na escala do Brasil nesse momento. Os Estados Unidos, cada vez mais, serão parceiros comerciais não confiáveis para os chineses, e isso aproxima o Brasil da China no agro cada vez mais. O Instituto Insper compara a China a um avião com três turbinas. Duas delas (o investimento e as exportações) estão cada vez mais fracas. Sobra a do consumo, que o governo quer aumentar e transformar em força motriz.

Isso dá uma certa garantia para as compras do setor agronegócio, especialmente de grãos destinados à ração de suínos. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) acredita que o impacto será mais intenso sobre o minério de ferro. Os preços da commodity estão recuando ao longo do tempo. Na quarta-feira (09/08), o produto estava cotado a US$ 100,40 por tonelada na Dalian Commodity Exchange da China. A Vale faz uma avaliação diferente do quadro. A empresa continua mantendo uma visão positiva da economia chinesa. A Vale acredita que a demanda de aço da China ainda é resiliente e se mantém em níveis elevados, apoiada por fundamentos sólidos no longo prazo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.