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09/Aug/2023

Selic: percepções do mercado sobre ata do Copom

Para o Banco Inter, a ata da reunião de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (08/08) trouxe um tom mais duro e reforçou o cenário de cautela mesmo com a escolha de um corte inicial de 0,5%. A ata afasta expectativas de aceleração dos cortes nas próximas reuniões, como está precificado na curva de juros. Pode haver um ajuste no mercado nas taxas curtas. Na avaliação de riscos para as expectativas de inflação mais longas, o Copom voltou a mencionar o ajuste fiscal, ainda incerto, e possíveis políticas parafiscais, como crédito direcionado. A influência política na composição do Copom também foi mencionada como potencial detratora da credibilidade do Banco Central. Diante dessa possível percepção, o Copom reforçou a importância do seu trabalho independente.

O corte de 0,5% foi considerado parcimonioso no atual cenário, o que permite que a política monetária continue contracionista por um período ainda longo, a fim de convergir a inflação à meta até 2025. Com a Selic no atual patamar, nesse ritmo de cortes, seriam dez reuniões até chegar a uma taxa próxima de 9%, no segundo semestre de 2024, quando o ritmo poderia ser então reduzido, ou mesmo pausado. No entanto, o cenário externo também é de cautela, o que pode impactar a expectativa de piso para a Selic nesse primeiro momento do ajuste, levando a uma taxa terminal mais próxima de 9,0%. Para a Garde Asset, ao afirmar no 18º parágrafo que julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes da Selic, o Comitê de Política Monetária (Copom) na ata da reunião de agosto tenta colocar um invólucro mais conservador a sua decisão, mas a mensagem tem o efeito contrário.

Se não pensa em acelerar, não deveria estar discutindo isso e colocando as condições para que esse 0,75% seja possível. Entre as variáveis listadas pelo comitê para permitir o corte maior, as duas primeiras têm baixa probabilidade. São elas: a reancoragem mais sólida das expectativas e abertura contundente do hiato. A terceira, porém, pode ser relevante à frente, sobre uma possível dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada para a inflação de serviços. O cenário da Garde Asset até o fim do ano foi mantido em mais um corte de 0,5% da Selic seguido por dois cortes de 0,75%. A comunicação foi para o lado oposto, abrindo espaço para acelerar para 0,75% ainda neste ano. A Selic deve ficar em 11,25% no fim do ano e 9,0% no fim do ciclo, em junho de 2024. Pode ser um pouco mais baixo, algo como 8,5%. Ainda sobre a ata, foi importante a menção ao cenário fiscal no 11º parágrafo. O governo anunciou metas de primário ambiciosas e o mercado continua não enxergando como chegar nelas.

Sobre o reforço à credibilidade do Banco Central no futuro, neste mesmo parágrafo, essa é realmente uma discussão que ocorre no mercado. A ata está tentando diminuir dúvidas sobre a composição e o viés futuro do Copom à frente. Se será eficaz ou não, não se sabe. O mercado está muito mais curioso para saber quem serão os próximos diretores e se Galípolo será presidente. Para a XP Investimentos, a ata do Copom reforça a percepção de que deverá haver mais dois cortes de 0,50% na Selic até o fim do ano, com a taxa encerrando 2023 em 11,75%. Em contrapartida, a ata abriu um espaço para a possibilidade de aceleração do ritmo desses cortes à frente, ainda que essa aceleração continue sendo pouco provável. A ata também abre algum espaço ou uma (aparentemente improvável) aceleração no ritmo, ao descrever as condições necessárias para que isso aconteça (poderia simplesmente ter dito que não iria acontecer). Outra mensagem relevante é que, apesar da decisão dividida nesta reunião, o comitê por unanimidade vê a necessidade de manter a política monetária em território restritivo adiante.

A política fiscal expansionista segue sendo uma restrição para um afrouxamento monetário muito mais profundo em 2024, se o Copom realmente pretender atingir a meta de 3,0% nos próximos anos. Na avaliação do Bradesco, a ata da reunião de agosto do Copom reforçou a projeção do banco de que deverá haver cortes de 0,50% na Selic nas próximas três reuniões do colegiado, com a taxa encerrando o ano em 11,75%. O documento reforçou que uma aceleração no ritmo de corte de juros depende de uma surpresa substancial no cenário de inflação e/ou atividade. Entre os pontos de destaque da ata, o banco cita que o colegiado reconheceu que houve continuidade da desinflação de serviços, ainda que em níveis acima do compatível com meta. Nesse sentido, o Banco Central enfatiza a importância de focar nos fundamentos do mercado de trabalho, em detrimento de movimentos pontuais na inflação corrente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.