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09/Aug/2023

Green Deal: UE se impõe como regradora do mundo

Segundo a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), apesar da perda de relevância da União Europeia na balança comercial do agronegócio brasileiro nas últimas décadas, há preocupação com o Green Deal pela possibilidade de ele reverberar de forma negativa no mercado global. A União Europeia ainda exerce uma função muito importante no mundo de ruler, ainda consegue se impor como regradora do mundo. Há preocupação de que, sem o questionamento devido, esse debate se espalhe de uma forma muito negativa. O Brasil está atrasado na reação; precisa se posicionar de forma efetiva. Vários órgãos internacionais têm sede na Europa, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) em Genebra, na Suíça; a Agência Internacional de Energia (IEA), em Paris, na França, e vários outros. O bloco europeu é uma caixa de ressonância para o mundo. O agro brasileiro precisa estar mais representado para essas instituições. Além disso, há grande presença de capital europeu no Brasil, como as redes varejistas Carrefour e Casino e companhias de insumos agrícolas. Elas seguem as regras locais, mas também seguem a matriz.

Nem sempre o maior mercado é o que determina a tendência global. A União Europeia está na frente da determinação dos parâmetros de veículos elétricos, mas hoje o maior produtor de veículos elétricos do mundo é a China. É preciso reconhecer o poder de influenciar do bloco europeu. O Brasil não tem que falar da recuperação de pastagens pela produção de alimentos, mas que temos uma solução ótima de captura de carbono e que ainda vai gerar alimentos. O embaixador e ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, chamou a atenção para sua visão de que o Brasil tende a ser uma potência global não por ser um grande fornecedor de alimentos, mas como futuro grande fornecedor de créditos de carbono. O mundo está ávido por créditos, tendo em vista as metas estabelecidas por companhias em todo o mundo, de reduzir voluntariamente suas emissões de gases de efeito estufa. Tudo o que o Brasil fizer hoje tem de levar em consideração cálculo do sequestro de carbono. É no sequestro de carbono que o Brasil pode ser uma grande potência global.

Ele defendeu que todo tipo de cobertura verde no Brasil, seja área de floresta ou área plantada, tem de fazer parte do cálculo para geração de créditos de carbono. O Brasil inclusive deve participar da definição do marco regulatório global de créditos de carbono. A imagem do Brasil no exterior reflete a imagem do País internamente. A imagem do Brasil no exterior vem das discussões internas, do que sai na imprensa, nas redes sociais. O Brasil precisa ter ciência de que tudo o que aconteceu na história recente do mundo começou nos Estados Unidos e na União Europeia. E vai continuar sendo assim. A União Europeia não vai ditar as regras, mas vai dar o template (o modelo). O Green Deal reflete a realidade europeia, não tem nenhuma relação com o que acontece no Brasil, mas vai estar nas mesas de negociação do século 21. O Brasil precisa entender é que tem de ser parte da discussão do marco regulatório global e para isso tem que ter um assento à mesa. Para conseguir este assento, o País terá de trabalhar para mostrar uma imagem positiva ao exterior. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.