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04/Aug/2023

Selic: Banco Central surpreende com corte de 0,5%

O Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciou na quarta-feira (02/08), o primeiro corte da Selic desde agosto de 2020. A taxa básica de juros foi reduzida em 0,5%, de 13,75% para 13,25% ao ano. Em comunicado, o colegiado adiantou a previsão de novo corte de 0,5% nas próximas reuniões caso se confirme o cenário de desaceleração da inflação. A redução já era esperada pelo mercado e pelo governo. A dúvida estava na intensidade do corte, com previsões entre 0,25% e 0,5%. O Copom avaliou primeiro a alternativa de um corte mais conservador da Selic, mas depois considerou que seria apropriado adotar uma redução maior em função da melhora do quadro inflacionário, reforçando, no entanto, o firme objetivo de manter uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante. A decisão, porém, não foi unânime: cinco integrantes do Copom votaram pelo corte de 0,5% e quatro, pela redução de 0,25%.

Entre os que votaram pelo 0,5%, estão os novos diretores do Banco Central indicados pelo governo Lula (Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santo) e o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, que teve o voto de Minerva. O Copom também decidiu retirar a menção feita antes de “risco fiscal”, usada nas reuniões anteriores como uma das justificativas para a manutenção da Selic, apesar de o novo arcabouço ainda estar em tramitação no Congresso. Foi a primeira vez que o Copom não citou o fiscal no balanço de riscos para a inflação desde março de 2020, quando a pandemia de Covid-19 chegou ao Brasil. No mercado, isso foi visto como um aceno ao governo, principalmente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Imediatamente após a decisão, o Banco Central e Campos Neto colheram a primeira manifestação de trégua de Fernando Haddad, que demonstrou otimismo com o resultado da reunião do Copom e elogiou o presidente do Banco Central.

Houve também elogios do setor produtivo, por meio de notas da CNI, Firjan, FecomercioSP, Febraban e Abras, entre outras entidades. Porém, a redução de 0,50% na taxa básica de juros, a Selic, deve ter impacto limitado no curto prazo, segundo economistas. Isso porque a trajetória de queda do juro deve ser lenta, e a população ainda está muito endividada, o que inibe a disposição dos bancos para conceder crédito. Reduções ou elevações na Selic normalmente levam de seis a nove meses para chegar efetivamente ao custo do crédito, e para que consumidores e empresas consigam tomar empréstimos pelo novo patamar dos juros. Uma taxa menor significa que o dinheiro fica mais barato, o que resulta em mais financiamentos para investimentos e consumo e, consequentemente, maior crescimento econômico. Mas, como o corte na Selic foi suave, a MB Associados afirma que o efeito para o consumidor será “marginal”. Além disso, para o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), a inadimplência ainda está em níveis considerados altos, o que inibe a procura por crédito.

Para as famílias mais endividadas, o crédito vai continuar caro, e o juro precisa cair muito para ficar mais barato e começar um novo ciclo de concessão. Em junho, de acordo com dados da Serasa, havia 71,4 milhões de pessoas “negativadas” no País, o que significa que 43,8% da população adulta deixou de pagar alguma dívida. Para as empresas, por outro lado, o impacto é mais imediato. Segundo a Neo Investimentos, a maioria delas costuma financiar o capital de giro atrelado à Selic e, assim, a partir elas já podem sentir um alívio. Contudo, a taxa de juros para novos investimentos pode levar até nove meses para recuar. No mercado de capitais, as empresas também não devem ver uma alta expressiva no preço das ações, já que os investidores há algum tempo davam como certa a queda no juro e, portanto, já incorporaram a mudança ao preço dos papéis. O C6 Bank destaca que as projeções para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste e no próximo ano também já têm em conta o corte da Selic. Assim, não deve haver atualizações em razão da decisão do Copom. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.