ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

01/Aug/2023

Mudanças climáticas e o aumento da ecoansiedade

O planeta caminha para terminar julho como o mês mais quente que já se tem registro. Ao mesmo tempo, ciclones deixam mortos nas Regiões Sul e Sudeste do País, e a Europa vê ondas de calor e incêndios. Isso causa apreensão e algum nível de ansiedade às pessoas. Essa reação é tão comum e explicável que já foi medida por diferentes pesquisas e sua definição, estabelecida pela Associação Americana de Psicologia, foi incorporada pelo Dicionário de Oxford e é citada pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa como nova palavra: ecoansiedade. Segundo o compêndio da Academia Brasileira de Letras, trata-se do “estado de inquietação e angústia desencadeado pela expectativa de graves consequências das mudanças climáticas e pela percepção de impotência diante dos danos irreversíveis ao meio ambiente”. E não é preciso ser especialista em mudanças climáticas para se assustar. Pesquisa da Associação Americana de Psicologia aponta que mais de dois terços dos adultos nos Estados Unidos (68%) dizem que sentem pelo menos um pouco de ecoansiedade.

Esses efeitos têm impacto maior nos adultos mais jovens; quase metade das pessoas de 18 a 34 anos (47%) diz que o estresse que sente sobre as mudanças climáticas afeta suas vidas diárias. A pesquisa foi realizada online com 2.017 adultos norte-americanos com 18 anos ou mais. Aumento do nível do mar, derretimento de geleiras, emissões em alta, desmate de florestas tropicais, até pandemia. A lista de possíveis efeitos climáticos é longa e conduz a um ponto sem retorno (o chamado ponto de inflexão). Se isso assusta adultos e adultos jovens, como mostra a pesquisa da Associação Americana de Psicologia, que tipo de reação podemos esperar dos mais novos? Estudo publicado na revista científica The Lancet Planetary Health ouviu 10 mil adolescentes e jovens (de 16 a 25 anos) em dez países: Austrália, Brasil, Finlândia, França, Índia, Nigéria, Filipinas, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos. Foram coletados dados sobre os pensamentos e os sentimentos dos participantes sobre as mudanças climáticas e as respostas dos governos.

Segundo os autores, a maior e mais internacional pesquisa sobre ansiedade climática em crianças e jovens apontou resultados nada animadores: do total de entrevistados, 59% se disseram “muito” ou “extremamente” preocupados; 84% estavam pelo menos “moderadamente preocupados”. Mais de 50% dos jovens relataram cada uma das seguintes emoções: tristeza, ansiedade, raiva, impotência, desamparo e culpa. Mais de 45% dos entrevistados disseram que seus sentimentos sobre as mudanças climáticas afetaram negativamente sua vida diária. A pesquisa avalia que a angústia com as mudanças climáticas está associada à percepção dos jovens de que “a humanidade está condenada”. Além disso, se sentem traídos e abandonados por parte dos governos e dos adultos. A mudança climática e a inação do governo são estressores crônicos que podem ter implicações negativas consideráveis, duradouras e incrementais para a saúde mental de crianças e jovens.

Para o Instituto Sedes Sapientiae, falar em ansiedade, ansiedade climática, sensação de medo, tristeza, pavor diante das mudanças climáticas é cada vez mais uma situação “verossímil”. O quadro, porém, é ainda pior para os que já sofreram as consequências que ainda são apenas medo para a maioria. Ou seja, aqueles que passaram por eventos climáticos extremos. Por exemplo, as lembranças do temporal de Petrópolis (RJ), que deixou 241 mortos em 2022, se transformaram em medo e, por vezes, pânico na rotina das crianças. Nos Estados Unidos, um estudo da Universidade da Califórnia-San Diego avaliou as consequências para os sobreviventes do incêndio florestal mais mortal da Califórnia, o de Camp Fire, em 2018, e encontrou resultados compatíveis com os de soldados veteranos de guerra. Pior: relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado em 2022, aponta que 40 milhões de meninos e meninas no Brasil estão expostos a mais de um risco climático ou ambiental. Ou seja, 60% dos jovens do País. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.