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01/Aug/2023

China perdendo competitividade no cenário global

Beneficiada por milhões de trabalhadores que deixaram o campo e migraram para a cidade, a China angariou, nas últimas décadas, uma mão de obra barata que ajudou a dar base para uma indústria competitiva e capaz de exportar para todo o mundo. Em um ritmo que deve ser lento, mas ininterrupto, esse papel da China de grande fábrica do mundo deve começar a perder força. O grande nó se dá porque esse modelo que garantiu um crescimento robusto para o país, seu PIB chegou a avançar mais de 10%, parece ter se esgotado. A economia chinesa enfrenta problemas estruturais que ajudam a explicar o crescimento mais fraco.

A saúde financeira de parte das empresas do setor imobiliário preocupa e o desemprego é alto entre os jovens: a taxa de desocupação para a população de 16 a 24 anos supera 20%. Além disso, para tirar o país da renda média, o governo passou a orientar um crescimento com base no consumo, seguindo um caminho trilhado por boa parte dos países ricos. A China sempre foi vista exportando bens, mas o mundo vai ter de se acostumar com uma economia chinesa importando bens. Nos últimos anos, também ficou mais difícil investir na China por causa dos conflitos geopolíticos com os Estados Unidos. Na gestão de Donald Trump, os dois países deflagraram uma guerra comercial com a imposição de tarifas para diversos produtos de importação.

A China também foi afetada por uma nova estratégia das empresas. Elas passaram a reorganizar suas produções após a pandemia e a guerra entre Ucrânia e Rússia desorganizarem cadeias produtivas espalhadas pelo mundo. O objetivo, agora, é produzir mais perto do mercado consumidor em potencial, o que ficou conhecido como “nearshoring”. Nos últimos meses, importantes companhias já transferiram parte da produção da China. Em setembro do ano passado, a Apple decidiu fabricar o iPhone 14 na Índia. A companhia justificou a decisão por causa de questões geopolíticas e pelos problemas na cadeia de produção detonados pela pandemia.

A HP também decidiu transferir parte da sua produção de computadores da China para a Tailândia e o México, segundo informações do jornal japonês Nikkei. O objetivo da companhia é justamente ter uma cadeia de suprimentos mais diversificada. A China ainda pode perder fábricas em razão do encarecimento da mão de obra. Conforme o país tem enriquecido, o custo dos trabalhado vem aumentando. Além disso, após anos de controle de natalidade, o país começou a ver, em 2022, sua população encolher. A mudança demográfica significa que menos jovens serão colocados no mercado de trabalho no futuro, o que também deve elevar o preço da mão de obra. Os últimos números do PIB chinês revelaram uma economia que tem crescido abaixo do esperado.

No segundo trimestre, o PIB do país avançou 6,3% na comparação anual. O resultado ficou abaixo do esperado pelos economistas, que projetavam alta de 6,9%. No início do ano, os economistas chegaram a apontar um otimismo com o crescimento chinês após o fim da política de Covid zero. No auge da pandemia, o governo local adotou uma dura política de restrições de mobilidade para evitar a propagação da doença. No pós-reabertura, quando se compara com o que aconteceu nos Estados Unidos e até o no Brasil, não houve um boom de consumo na China, uma vez que não houve a transferência de renda do governo para as famílias. Tem havido uma decepção de parte do consumo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.