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31/Jul/2023

Entrevista: Isabel Drigo - gerente de clima Imaflora

Embora seja considerado o maior Plano Safra da história e o mais sustentável, para a gerente de clima e emissões do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Isabel Drigo, o grande trunfo da versão 2023/2024 do plano é trazer ações factíveis de sustentabilidade para o agronegócio, impulsionando uma mudança real no setor. Além de baratear o acesso ao crédito para os produtores rurais, o plano traz o incentivo a inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR), as boas práticas agrícolas, que também serão beneficiadas com juros mais baixos, e combate ao uso de propriedades com embargo ambiental em todo o Brasil, não só na Amazônia. Segue a entrevista.

A ministra Marina Silva comentou que essa era a versão 1.0 do Plano Safra, afirmando que a ideia de sustentabilidade seria estendida para outras edições do plano. Qual o diferencial desta edição?

Isabel Drigo: Esse Plano Safra traz a sustentabilidade como um dos principais objetivos. A inovação está em trazer conjuntos de critérios socioambientais que tendem, se forem realmente implementados, a levar a sustentabilidade da produção agrícola brasileira de forma factível e concreta. De um lado a gente tem como incentivo concreto os juros menores. O produtor que têm o CAR da sua propriedade validada, não tem nenhum passivo ambiental e não precisa recuperar alguma área, terá uma redução de 0,5 ponto na taxa de juros.

Qual o ponto tem de avançar em paralelo?

Isabel Drigo: Para esse incentivo ser real, os Estados têm de acelerar a validação do CAR e o governo também confirmar essas validações no sistema federal. Além disso, outra inovação que pode trazer é uma pressão no governo para acelerar a validação dos CARs. Os produtores que sabem que estão ok ou que já pediram a validação podem começar a cobrar os governos. Outra inovação que pode surgir é que para algumas práticas agrícolas, como a agricultura orgânica e a recuperação de pastagem, também vai ter 0,5 ponto de desconto nos juros. Além disso, o Plano também proíbe que propriedades com embargo ambiental tenham acesso ao crédito do Plano. Esse avanço especificamente não é mais só para a Amazônia, mas para o Brasil todo. Isso é essencial quando a gente fala de agropecuária de baixas emissões. É lógico que o bioma da Amazônia é importante, mas o resto do Brasil também. O Plano traz um recado: a união do Ministério da Agricultura e Pecuária, do Ministério da Fazenda e do Meio Ambiente dizendo que precisamos iniciar de verdade a transformação da agropecuária no Brasil.

Quais os pontos negativos?

Isabel Drigo: Isso está anunciado, mas precisamos ver como vai ser concretizado. O ponto crucial é como vai ser implementado. Depende do envolvimento dos bancos, que aprovam o crédito para o Plano. É uma boa notícia, mas ainda um pouco genérica. A gente precisa saber como que vai aterrissar, de fato, em normas e no manual de crédito rural. Isso ainda está se desenhando e acredito que vão ser publicadas normas complementares para desenhar bem esse plano. A implementação não é nada simples, por isso é preciso acompanhar. Só vamos saber o impacto do plano na próxima edição dele lá em junho de 2024.

Quais são as expectativas em versões futuras?

Isabel Drigo: A gente espera que o governo consiga monitorar, de fato, para entender o impacto das medidas. Quantos serão os produtores que vão conseguir se beneficiar? Qual vai ser essa conta e quantos não vão ficar de fora? Esse número de monitoramento que a gente precisa ter para saber quais são as outras ações para além do Plano Safra.

Fonte: Broadcast Agro.