ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

31/Jul/2023

Brasil: etapas para recuperar grau de investimento

Cinco anos depois de cortar a nota de crédito do País, a agência de classificação de risco Fitch voltou a elevar o rating soberano brasileiro. A decisão reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado e a expectativa de que o governo continue a avançar na direção de reformas estruturantes. Na escala da Fitch, o Brasil está a dois degraus do grau de investimento, selo que atesta a capacidade de um país honrar sua dívida. A notícia, por óbvio, foi muito comemorada pelo governo Lula. A Fitch, afinal, deu um voto de confiança ainda mais forte que o da S&P Global Ratings que, no mês passado, alterou a perspectiva do rating brasileiro de estável para positiva, deixando um caminho aberto para elevar a nota de crédito do País em algum momento no futuro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a agradecer ao Congresso, cujas lideranças têm demonstrado apoio a projetos como o arcabouço fiscal e a reforma tributária sobre o consumo.

Mas, como Haddad admitiu, ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o País obtenha novamente o selo de bom pagador. É importante lembrar o contexto que levou a Fitch a reduzir a nota de crédito brasileira em fevereiro de 2018. Naquela semana, o governo Michel Temer havia acabado de desistir de tentar aprovar a reforma da Previdência no Legislativo. De maneira muito semelhante, a perda do grau de investimento dado pela S&P, em 2015, ocorreu dias após a então presidente Dilma Rousseff enviar ao Congresso um Orçamento ‘exótico’, que de saída previa déficit primário. Sob o governo Jair Bolsonaro, o Congresso aprovou marcos relevantes, como a reforma da Previdência e a autonomia do Banco Central. O rating brasileiro, no entanto, permaneceu inalterado. Construir uma reputação positiva, afinal, é um processo muito mais demorado e trabalhoso do que arruiná-la. Para deixar o grupo de países classificados na categoria especulativa, o País terá que se esforçar mais, como deixou claro a Fitch.

Neste momento, a agência não vê necessariamente o Brasil claramente em uma trajetória para recuperar o grau de investimento, mas reconhece que a agenda do governo Lula está focada precisamente nos pontos que podem levar a um rating mais alto. Retomar o grau de investimento é essencial para que o País possa voltar a receber recursos de fundos estrangeiros que atrelam seus investimentos ao selo de bom pagador, sobretudo na área de infraestrutura. Nesse sentido, fez bem o Ministério da Fazenda ao reiterar o compromisso com a agenda de reformas. O arcabouço e a reforma tributária são passos importantes nessa direção, mas somente um incontestável compromisso com a austeridade fiscal será capaz de devolver ao País o grau de investimento. Mais do que a intenção de aumentar a arrecadação e a promessa de metas fiscais tão ambiciosas quanto improváveis, isso requer rever a estrutura e a rigidez do gasto público, um ajuste que o governo Lula lamentavelmente resiste em fazer. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.