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21/Jul/2023

China: fraco crescimento econômico é preocupante

O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 0,8% no segundo trimestre deste ano, comparado ao período anterior. O resultado divulgado pelo Escritório Nacional de Estatísticas derrubou as cotações em bolsas de valores de grandes exportadores de commodities ao mercado chinês, inclusive do Brasil. Não foi o único ruído. O crescimento anualizado, de 3,2%, minou a confiança sobre a expansão de 5% na atividade econômica prometida pelo governo chinês para este ano. O crescimento morno na segunda maior economia do planeta é sempre má notícia. Afunda as projeções para o PIB planetário, com consequências drásticas para os mercados provedores de bens e serviços, e os prejuízos vão além da queda na demanda e nos preços de commodities.

Atingem investimentos, cadeias produtivas e linhas de financiamento. O resultado do trimestre deixa no ar a impressão de que o Politburo chinês também foi surpreendido pelo PIB esquálido, uma vez que o governo de Xi Jinping se mostrou reticente em enfrentar mazelas econômicas muito bem identificadas nos últimos meses. Medidas pontuais, como uma leve redução na taxa básica de juros e a extensão de benefícios fiscais para a compra de carros elétricos, mostraram-se tímidas. Políticas de estímulo adicionadas no orçamento de 2023, em março, desapontaram o setor empresarial. A expectativa é de reação robusta do presidente Xi Jinping com o objetivo de acelerar o ritmo de crescimento neste segundo semestre.

A rigor, há espaço para a adoção de políticas corajosas para reverter a fraca confiança do consumidor, um dos principais fatores da estagnação do PIB e vetor do preocupante risco de o país mergulhar em deflação. Atacar o desemprego, que aumentou 21,3% nas áreas urbanas no segundo semestre, seria uma possibilidade. Mas não a única. A economia chinesa se vê afetada há anos pelo elevado endividamento dos governos locais. O passivo supera US$ 9 trilhões, com impacto direto nos investimentos, na competitividade e nos resultados de seus bancos e empresas. A longa estagnação do setor imobiliário, por sua vez, derreteu investimentos no setor e a renda dos chineses que investiram sua poupança em imóveis. O altíssimo grau de exposição internacional dos setores econômicos da China pesa tanto no PIB quanto os fatores exclusivamente domésticos.

O resultado anêmico de abril a junho refletiu a queda de demanda dos Estados Unidos e da União Europeia, imersos em lento crescimento, e a valorização do dólar. As exportações chinesas de bens tecnológicos e a alocação de investimentos estrangeiros no país mostraram-se suscetíveis também às tensões entre China, de um lado, e Estados Unidos e União Europeia, de outro. Não há dúvidas de que o programa de recuperação definido pelo Politburo chinês para o pós-pandemia mostrou-se insuficiente. Mas outro cochilo certamente não estará nos planos do governo chinês. Seu compromisso de prover crescimento econômico é pedra angular da preservação do regime autoritário e centralizador. Crescer bem acalma os chineses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.