20/Jul/2023

O cenário base do Bradesco para 2024 já considera impactos de um El Niño padrão. Um evento mais forte do que o esperado, porém, poderia reduzir a projeção do banco para o Produto Interno Bruto (PIB) do período, de 1,5% para 1,1%, e elevar a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 3,6% para 4,3%. Replicando o que aconteceu no último evento forte, a quebra da safra brasileira de grãos pode chegar a 10%, levando à redução de 3,75% do PIB da agropecuária. A perspectiva considera o cenário observado no El Niño de 2015-2016, quando a quebra de safra chegou a 11% em 2016.

A participação maior de soja na safra hoje, porém, possibilita a estimativa menor, já que o grão não registrou uma queda tão intensa no período anterior. Em 2016, as revisões baixistas para a produção de cereais ocorreram a partir de abril. O cenário base atual do Bradesco prevê crescimento de 1,7% para o PIB agropecuário em 2024. Caso essa quebra relevante da safra seja concretizada, a inflação de alimentos no domicílio pode ficar entre 8% e 9%. Novamente, os preços de cereais e alimentos industrializados teriam altas mais relevantes, pressionando o índice. O percentual é acima do projetado pelo banco em seu cenário base, no qual estima que a inflação da abertura será de 4,5% no ano que vem.

O efeito de um super El Niño, contudo, não é claro. Se houver uma quebra pequena de safra no Brasil, ao mesmo tempo em que outros países compensam essas perdas, a produção global de grãos cresceria, mantendo preços internacionais bem comportados, assim como observado em 1997-1998. Esse cenário alternativo levaria a uma safra agrícola um pouco menor do que a do cenário base, um recuo de 3% na safra de grãos, mas com o alívio dos preços globais sendo refletido por uma inflação mais baixa de alimentos no Brasil, em torno de 2%. A projeção para o PIB total, nessa hipótese, seria de alta de 1,4% e para o IPCA, de 3,2%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.