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20/Jul/2023

PIB Brasil tem grande dependência do Agronegócio

O tombo de 2% na atividade econômica brasileira em maio, como mostrou o IBC-Br, indicador calculado pelo Banco Central (BC) que funciona como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), reforçou a enorme "agrodependência" brasileira. Terminada a safra de soja e milho do início do ano, que garantiu um crescimento espetacular da economia no primeiro trimestre, o Brasil despencou a uma velocidade bem maior do que a prevista pelos analistas, que imaginavam uma queda ao redor de 0,1%. A rapidez do governo em atribuir o baque à manutenção da taxa básica de juros em 13,75% é tão compreensível quanto frágil. Compreensível por fazer parte da pressão do governo federal por uma queda consistente dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, nos dias 1º e 2 de agosto, uma queda também já esperada, não em razão da entrada dos dois novos diretores do banco indicados pelo governo, mas pelas condições estruturais da própria economia; e frágil porque colocar apenas na conta dos juros a pancada sofrida em maio é distorção tão flagrante quanto foi o excesso de entusiasmo com o bom desempenho da economia no início do ano.

Quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) liberou, no mês passado, os dados do primeiro trimestre, a alta de 1,9% do PIB em relação ao trimestre anterior foi maior do que as estimativas mais otimistas. Mas, o resultado refletiu tão somente a força da agropecuária que, na mesma comparação, avançou 21,6%, enquanto indústria, serviços e consumo das famílias patinaram, um pouco mais ou um pouco menos, ao redor de zero. Os dados demonstram que, para cima ou para baixo, o ritmo da economia brasileira é ditado pela agricultura, pecuária e toda a cadeia que as duas atividades envolvem, desde o campo até a indústria de exportação. A pujança da agropecuária é, obviamente, um quadro positivo. Mas, a dependência excessiva da economia de um setor específico não é. O agro alcançou o nível de excelência atual por investir pesada e continuamente em pesquisa e desenvolvimento.

Tem incentivos do governo, como, ademais, os tem a maioria dos países, mas multiplica os recursos com investimentos em tecnologia. Até agora o País não assistiu ao mesmo salto na indústria, por exemplo, a despeito dos sucessivos programas de incentivo, alguns descabidos, como o do "carro popular". A agropecuária é a prova de que investimentos em qualificação e pesquisa trazem competitividade e produtividade. Quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, imputaram, de pronto, aos "juros escandalosos" a responsabilidade pelo forte recuo de maio, estavam fazendo uma avaliação pela metade. Desde agosto de 2022 na casa de 13,75%, a Selic precisará mais do que a força do agro para cair. Para começar, seria bom o governo sinalizar que o prometido ajuste fiscal é sério, o que já teria o condão de fazer os juros futuros recuarem. Enquanto prevalecer a suspeita de que o governo e o Congresso não estão dispostos a cortar despesas, o custo do dinheiro continuará alto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.