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19/Jul/2023

PIB Brasil cai em maio sem bônus da safra agrícola

A economia brasileira apresentou forte retração em maio, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado na segunda-feira (17/07). O indicador, que é uma espécie de "prévia do Banco Central" para o Produto Interno Bruto (PIB), caiu 2% já livre de efeitos sazonais, revertendo alta de 0,81% que havia registrado em abril. Influenciada principalmente pelo fim das safras de soja e milho, maiores do que inicialmente esperado, a queda forte do IBC-Br surpreendeu economistas e analistas de mercado. As previsões variavam de uma queda de 1,2% até uma alta de 1% para o indicador em maio. A mediana das projeções era negativa, mas de apenas 0,1%. Segundo a GO Associados, como houve um desempenho forte desses grãos (grandes safras de soja e milho) nos primeiros meses do ano, ou eles precisavam repetir o comportamento em maio, ou algum outro setor precisava substituí-lo, o que não aconteceu.

Ao comentar o resultado do IBC-Br, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que era esperado diante do patamar muito elevado do juro real no País. Haddad afirmou estar preocupado com a situação e ironizou afirmando que a desaceleração da economia "pretendida" pelo Banco Central chegou forte. Ainda segundo o ministro, é preciso cautela com o que pode acontecer se as taxas de juros forem mantidas na casa de 10%, pois é muito pesado para a economia. Também sem se ater aos dados objetivos que levaram à queda do índice, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, atacou os juros altos "escandalosos" segundo ele, ao falar do IBC-Br. O incômodo do governo com o mau desempenho do indicador se explica. No final de maio, o Ministério da Fazenda aumentou sua projeção para o PIB deste ano, de 1,61% para 1,91%. O resultado poderia ficar mais perto de 2,5%.

A estimativa do Banco Central para o PIB de 2023 é de alta de 2%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado no mês passado. Entre os economistas e analistas de mercado, o IBC-Br de maio é um importante sinalizador do que vem pela frente. Para o Santander Brasil, o recuo além do esperado reforça a visão de que os dados mais positivos de atividade que foram registrados no primeiro trimestre tendem a ficar restritos ao período. A tendência é de variações próximas de zero. A perspectiva de um PIB estagnado no período está se consolidando cada vez mais. A GO Associados lembrou que foi a agricultura a grande surpresa positiva do desempenho do PIB do primeiro trimestre, uma vez que as performances mais fracas de indústria, serviços e varejo já eram esperadas. Esses outros setores seguem em baixa, com impacto do juro alto e das condições financeiras apertadas.

Mas, vetores favoráveis que podem impulsionar a economia, como a confirmação do corte na taxa Selic em agosto pelo Banco Central, podem trazer impacto positivo para a atividade doméstica. Mas, se de fato isso ocorrer, seus efeitos só devem ser percebidos nos últimos meses do ano, em novembro ou dezembro. Apesar do recuo em maio, em 12 meses o IBC-Br acumula alta de 3,43%, levemente abaixo da variação de 3,57% dos 12 meses encerrados em abril. Segundo o Banco Central, o indicador registrou avanço de 1,63% no acumulado do trimestre de março até maio em relação aos três meses anteriores (dezembro a fevereiro), já ajustada sazonalmente. A Austin Rating afirmou que o resultado ruim de maio não altera o cenário de que a atividade econômica ainda está aquecida. O IBC-Br tem uma dinâmica própria, é difícil de entender o que realmente puxou para baixo o dado na margem.

Mas, o momento para dados de atividade, com visto nas últimas leituras de volume de serviços e produção industrial, segue relativamente positivo. Fatores como a tendência de queda internacional nos preços dos combustíveis, aliados à valorização do Real e à materialização de cortes na Selic em agosto, podem contribuir para o cenário de atividade mais aquecida do que o inicialmente projetado para o ano. Esse recuo do IBC-Br em maio não coloca risco para um crescimento acima de 2% da economia. A perspectiva de desaceleração para atividade no segundo semestre deve se manter. O agro deve continuar contribuindo relativamente bem, porém, com a queda nas cotações internacionais de algumas commodities agrícolas, esse impacto é moderado. As projeções da Austin para o PIB estão em revisão, devendo ficar entre 2% e 2,5%. O Santander projeta alta de 1,9%, enquanto a XP prevê avanço de 2,2% para o PIB em 2023. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.