ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

19/Jul/2023

Reflorestamento é um bom negócio para empresas

Quando o grupo Votorantim transformou, há 12 anos, uma área que detinha na Mata Atlântica numa reserva florestal chamada Legado das Águas, no Vale do Ribeira, em São Paulo, tratava-se apenas de mais um custo para o tradicional grupo industrial. Mas, a boa ação ambiental, que compreendia a preservação de 31 mil hectares, uma área equivalente à de Belo Horizonte, agora, tem se provado um bom negócio. Integrada a outra reserva em Niquelândia (GO), a Legado Verdes do Cerrado permitiu a criação da empresa Reservas Votorantim, que agora estrutura um projeto-piloto de reflorestamento de 3 mil hectares para a geração de créditos de carbono. O grupo se preparou para isso, sabendo que o momento chegaria. Demorou, mas o momento chegou. As promessas feitas no Acordo de Paris, de 2015, estão acontecendo agora. O mercado de conservação vem ganhando impulso e tem grande tendência de desenvolvimento. Para limitar o aquecimento global a 1,5°C até 2050, empresas divulgaram nos últimos anos metas de zerar as emissões líquidas de carbono em suas operações.

Segundo a consultoria McKinsey, a demanda por créditos de carbono no mundo pode crescer 15 vezes ou mais até 2030, e até 100 vezes até 2050. Com isso, passaria de uma movimentação de US$ 1 bilhão em 2021 para US$ 50 bilhões em 2030. O Brasil concentra 15% do potencial global de captura de carbono por meios naturais, a forma mais simples e econômica de se fazer isso. Ao recuperarem áreas degradadas ou mesmo mantendo de pé as árvores de locais onde poderiam por lei serem derrubadas, as empresas podem emitir títulos de créditos de carbono. Já quem libera gás na atmosfera precisa comprar esses títulos, para cumprir suas promessas de baixar as suas emissões líquidas. Assim, as reflorestadoras ganham dinheiro vendendo para quem polui. Além do Votorantim, outros grandes grupos e pesos pesados do mundo empresarial brasileiro e reconhecidos investidores entraram no negócio de reflorestamento.

Um exemplo é o da startup re.green, fundada em 2021, que atraiu em sua segunda rodada de investimentos, no ano passado, capital de R$ 389 milhões. Os recursos vieram do BW, escritório de investimentos da Gávea Investimentos e das gestoras de recursos Lanx Capital e Dynamo. Neste ano, a Natura se juntou a eles. O objetivo da empresa é restaurar 1 milhão de hectares da Mata Atlântica e da Amazônia, uma área do tamanho de Sergipe. Para se ter ideia do tamanho do desafio, o compromisso climático feito pelo Brasil em 2015 previa reflorestar 12 milhões de hectares até 2030, como forma de cortar em 43% as emissões de gases efeito estufa relativas aos níveis de 2005. Já a Biomas tem investimento de R$ 20 milhões de cada grupo associado, envolvendo Vale, Suzano, Marfrig, Rabobank, Itaú Unibanco e Santander, para reflorestar 2 milhões de hectares. E mais a Mombak, que estruturaram um fundo que busca levantar R$ 520 milhões para reflorestamento.

O BTG Pactual garantiu US$ 230 milhões numa rodada de investimentos no ano passado para o seu tradicional fundo norte-americano Timberland Investment Group (TIG), que tem quatro décadas de atuação e agora tem meta de US$ 1 bilhão para reflorestamento na América Latina. No mês seguinte, o BTG anunciou a compra de participação minoritária na Systemica, empresa que estrutura, desenvolve e implementa projetos de redução de emissão de gases efeito estufa, além de comercialização dos ativos ambientais gerados. Tudo isso faz parte de uma estratégia maior do banco, que olhando para o seu próprio balanço já contabiliza mais de US$ 1,5 bilhão de linhas do portfólio de crédito ligadas a empresas e investimentos com aspectos sociais ou ambientais positivos. Há toda uma frente na qual a América Latina pode contribuir internacionalmente de recursos naturais e economia verde, e trazer iniciativas para estruturar produtos financeiros num cenário global. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.