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18/Jul/2023

Preços em baixa no atacado devem moderar inflação

De acordo com um estudo sobre a disseminação de aumentos de preços em diferentes estágios da atividade econômica, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), os preços no atacado vêm renovando recorde de quedas a cada nova divulgação do Índice Geral de Preços da A deflação de custos, enfim, já chega ao varejo, e deve ajudar a moderar a inflação oficial do País nos próximos meses. Dentro do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio, o índice de difusão do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que mostra a proporção de itens com aumentos de preços do atacado, ficou abaixo dos 30% pela primeira vez na série histórica iniciada em 2010: apenas 27,99% tiveram alta. No mês de junho, essa fatia caiu ainda mais, para 22,16%. O resultado significa que quase 80% dos produtos no atacado registraram queda ou estabilidade de preços no último mês. Em junho foi primeira vez na série histórica que a difusão do IPA-Alimentos (itens alimentícios comercializados no atacado) ficou abaixo dos 30%: 28,21%.

Os cortes de preços de alimentos no atacado são os que mais se refletem em reduções também no varejo, cuja variação é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI). Quanto ao IPC, em junho foi a primeira vez desde outubro de 2019 que a difusão do IPC-Alimentação ficou abaixo de 50% (48,03%), ou seja, mais da metade dos alimentos no supermercado nesse último mês caíram de preço ou ficaram com preço estável. O IGP-DI de junho caiu 1,45%, com quedas de preços tanto no atacado, -2,13%, quanto no varejo, -0,10%. O IGP-DI acumulou uma retração de 7,44% em 12 meses, taxa mais negativa da série histórica iniciada em 1944. O resultado foi puxado pela deflação no atacado: o IPA-DI acumulou uma queda também recorde de 11,21% em 12 meses. Esses efeitos do IPA ainda não se materializaram integralmente no varejo. Ainda têm alguns repasses de quedas que podem favorecer um número mais baixo para a inflação ao consumidor este ano.

Boa parte disso pode acontecer em alimentos ainda. Repasses mais intensos das quedas de custos do atacado para o varejo podem levar o IPC a encerrar o ano de 2023 em patamar mais baixo do que o previsto. O mesmo vale para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Acontece o impacto no atacado, e três meses depois ele se transmite para o varejo. No varejo, há uma série de coisas que podem influenciar: concorrência, margem de lucro, frete. Às vezes, o que acontece com o produtor não chega ao consumidor com a mesma intensidade. A FGV construiu a série histórica do índice de difusão para a inflação pelo IPA-DI e pelo IPC-DI, fazendo diferentes exercícios de itens investigados para testar a lógica de repasse de custos do atacado para o varejo ao longo do tempo. Dentro dos bens livres, já é conhecido que os alimentos possuem uma dinâmica muito mais ativa nesse quesito de repasse de custos.

Mesmo olhando para o curtíssimo prazo da trajetória da difusão dos itens alimentícios do IPA, já dá para ter um bom 'insight' do que vai ocorrer com a trajetória da difusão dos alimentos no IPC. Os produtos agropecuários, que concentram a maior parte dos itens alimentícios, acumulam uma queda de preços de 15,14% no atacado nos 12 meses encerrados em junho de 2023. Os alimentos respondem por quase 20% da cesta de consumo das famílias, ou seja, praticamente um quinto do cálculo da inflação ao consumidor. Se o IPA ainda está muito negativo, isso ainda é uma notícia favorável ao consumidor. Quer dizer, ainda há espaço para os alimentos caírem mais ao consumidor. O IPCA deverá encerrar 2023 com alta de 4,8%, seguido por aumento de 3,8% em 2024. A inflação pode ficar dentro do intervalo de tolerância da meta de 2023. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,25%, com teto de tolerância de 4,75%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.