ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

18/Jul/2023

China: economia decepciona no segundo trimestre

A atividade econômica da China quase não cresceu no segundo trimestre em relação ao primeiro, e o desemprego entre os jovens atingiu nível recorde em junho, dando evidências de uma recuperação modesta, o que pode enfraquecer ainda mais a economia global este ano, à medida que a recessão atinge os Estados Unidos e a Europa. O ritmo lento de crescimento em 2023 aumenta a pressão para que o governo chinês tome medidas para reativar a expansão, em risco de ser frustrada na medida em que os consumidores evitam gastos e as exportações caem. Uma crise imobiliária prolongada e as finanças precárias de governos regionais pesam ainda mais sobre o cenário. Mais de um quinto dos chineses de 16 a 24 anos estão desempregados. Os esforços para manter o motor do crescimento em funcionamento são o desafio mais urgente entre vários enfrentados pelo líder chinês Xi Jinping e seus principais auxiliares.

Um relacionamento difícil com o Ocidente liderado pelos Estados Unidos reduz os investimentos na China. O governo chinês está em discussões com os Estados Unidos sobre semicondutores e materiais necessários para produzi-los. A Rússia, uma aliada, segue afundada em um pântano de sua própria autoria na Ucrânia. Na comparação anual, o crescimento econômico acelerou, pois a base é 2022, quando houve queda da atividade econômica em função dos lockdowns da política de Covid zero do país. O ritmo fraco de 2022 sinaliza que a economia ainda deve atingir ou até superar a meta das autoridades, de uma expansão de cerca de 5% este ano. Mas, a perda de ímpeto após um avanço inicial na atividade no começo do ano significa que a China precisará fazer mais para reacender a confiança das famílias e das empresas, e colocar a economia de volta nos trilhos.

A moeda chinesa, o yuan, caiu 0,2% em relação ao dólar nas negociações offshore nesta segunda-feira (17/07), na Ásia. Segundo a Cornell University, a economia chinesa está claramente fraca. Os números mostram a necessidade de mais estímulos para impulsionar um crescimento mais rápido, além de mudanças políticas que ajudem a reativar a confiança no setor privado da China e estimular um crescimento mais rápido da produtividade. A economia da China cresceu apenas 0,8% no segundo trimestre em comparação com os três primeiros meses do ano, informou o Escritório Nacional de Estatísticas da China nesta segunda-feira (17/07), menos da metade do ritmo trimestral de 2,2% registrado no período de janeiro a março. O resultado refletiu vendas fracas no varejo, investimentos moderados do setor privado e uma reversão nas exportações, que impulsionaram o crescimento durante a pandemia, mas sofrem agora, com a alta das taxas de juros pelos principais bancos centrais.

Comparado com o mesmo período do ano passado, o crescimento no segundo trimestre acelerou para 6,3%, de um ritmo anual de 4,5% no primeiro trimestre, desempenho pior do que o ritmo de 6,9% esperado por economistas. A recuperação na taxa anual foi favorecida por uma profunda queda no segundo trimestre do ano passado, quando as empresas em Xangai foram fechadas para conter um surto de Covid-19 em toda a cidade. O governo abriu mão dos rígidos controles da Covid na virada do ano, abrindo caminho para a recuperação da atividade, à medida que as empresas retomavam o os negócios e os consumidores gastavam parte da poupança acumulada durante a pandemia. A esperança era que os consumidores chineses conseguissem impulsionar uma recuperação duradoura, e que a queda prolongada no setor imobiliário se revertesse, fortalecendo a economia e fazendo contraponto à demanda mais fraca por exportações, pois a inflação mais alta e os custos crescentes dos empréstimos restringiam os gastos no Ocidente.

Mas, os dados divulgados nesta segunda-feira (17/07) sugerem que a esperança foi equivocada. As vendas no varejo em junho subiram apenas 0,2% em comparação com maio, em um sinal de que as famílias estão cautelosas em gastar. Segundo economistas, a cautela reflete preocupações com o mercado de trabalho e com a economia em geral, além de refletir cicatrizes persistentes da pandemia, como perda de renda e empregos. O principal indicador de desemprego da China, a taxa de desemprego urbano, manteve-se estável em 5,2% em junho. Entre a população mais jovem, porém, a taxa cresceu mais uma vez, com o desemprego entre os 16 a 24 anos subindo para 21,3% em junho, de 20,8% em maio. Os investimentos em construções, máquinas e outros ativos fixos aumentaram apenas 0,4% em junho em comparação com maio, prejudicados pela fraqueza do setor imobiliário.

A produção industrial cresceu 0,7% no mesmo período. A recuperação da China após a pandemia ocorre de forma diferente de outras grandes economias. Os gastos do consumidor nos Estados Unidos e na Europa se recuperaram rapidamente após a reabertura, graças ao apoio do governo à renda dos trabalhadores. O desemprego caiu. A inflação disparou, especialmente depois que a invasão da Ucrânia pela Rússia elevou os preços globais de alimentos e commodities. A China registrou inflação zero em junho. O número é mais fraco do que no Japão, há anos um exemplo de estagnação econômica e preços em queda. Houve melhores notícias econômicas nos Estados Unidos. A inflação esfriou no mês passado para o ritmo mais baixo em dois anos, fortalecendo as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) poderá encerrar seu movimento de alta das taxas de juros sem prejudicar a economia.

Em outros lugares, porém, os sinais sugerem que a economia global vem perdendo força. A atividade industrial está fraca em todos os setores. Dados da China e de outras economias asiáticas sugerem que o comércio entre os países está em baixa. O Banco Mundial espera que o crescimento econômico global desacelere no segundo semestre, em resposta aos movimentos agressivos dos bancos centrais para controlar a inflação. A instituição prevê que a economia global deverá crescer 2,1% este ano, abaixo dos 3,1% de 2022. Economistas afirmam que as autoridades chinesas precisarão fazer mais para sustentar a hesitante recuperação. O Banco Popular da China cortou as taxas de juros de referência em um esforço para impulsionar o crescimento, mas economistas observam que custos mais baixos podem não ajudar muito, já que consumidores e empresas se mostram relutantes em contrair novos empréstimos.

Na avaliação dos economistas, o governo deveria intervir com apoio direto às famílias para estimular o consumo, criar novos empregos e reacender a confiança na economia. As medidas poderiam incluir pacotes para famílias de baixa renda, cortes no imposto de renda ou aumento de gastos em programas sociais para liberar mais renda familiar para gastos. As autoridades chinesas se mostram relutantes em adotar medidas de estímulo em larga escala, preferindo a abordagem fragmentada para evitar o acúmulo de dívidas. O governo chinês tenta fazer uma reformulação de suas prioridades, passando do país do crescimento rápido a todo custo para medidas que ajudem a preparar a China para tensões crescentes com o resto do mundo, e possíveis conflitos. A recuperação da China vai de mal a pior, escreveu a Moody's Analytics, em nota aos clientes. Cada vez mais, 2023 parece que será um ano esquecido para a China. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.