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12/Jul/2023

Santos: estudo mede a poluição por microplásticos

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela que o estuário de Santos, no litoral de São Paulo, é hoje um dos locais mais contaminados por microplásticos do mundo. Na pesquisa, foram avaliadas três áreas: a região da balsa Santos-Guarujá, a Praia do Góes e a Ilha das Palmas. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores compararam dados internacionais, publicados anteriormente em mais de cem estudos de 40 países, com amostras de ostras e mexilhões coletados nessas três regiões em julho de 2021. O ponto em que houve maior nível de contaminação foi a área da balsa. Nesse trecho, os animais avaliados apresentaram o pior estado nutricional e de saúde, com média que variou entre 12 e 16 partículas plásticas por grama de tecido. Em um dos mexilhões, foram encontrados mais de 300 microplásticos por grama.

É importante destacar que o ponto de coleta do Góes era uma comunidade tradicional de pescadores até bem pouco tempo. Hoje, vivem cerca de 300 pessoas ali, uma praia que afastada e só dá para chegar de barco ou por uma trilha. Muito provavelmente, essas pessoas consomem esses animais na dieta, tendo em vista que esse paredão rochoso é de fácil acesso aos pescadores. O estudo foi publicado na revista Science of the Total Environment. Segundo os autores, um estuário é um ambiente aquático de transição entre um rio e o mar, que sofre a influência das marés e apresenta áreas de grande variabilidade que têm desde águas doces, na região da cabeceira, passando por águas mais salobras, até chegar às águas marinhas, próximo da sua desembocadura. Esses ambientes mantêm um dos ecossistemas mais importantes do País, os manguezais, que servem de abrigo e berçário para um grande número de animais. O estuário de Santos, localizado na região metropolitana da Baixada Santista, abriga o maior porto da América Latina e está sob a influência direta de descargas de resíduos industriais e domésticos dos municípios ao seu redor.

O diferencial da pesquisa foi mostrar que tanto as ostras quanto os mexilhões funcionam como sentinelas da contaminação. Como são animais que filtram a água para se alimentar, eles puderam ser usados como uma espécie de ferramenta para medir a contaminação por microplásticos. Os experimentos do estudo foram feitos com duas espécies: a Crassostrea brasiliana, popularmente conhecida como ostra-de-pedra, e o Perna, ou mexilhão marrom. A partir disso, foi possível ampliar a pesquisa, usando os dois organismos para medir, historicamente, as mudanças que têm ocorrido no território. Agora, o grupo pretende, com apoio da Fapesp, estender a análise para os estuários do Ceará, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.