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11/Jul/2023

China: fraco crescimento e temores sobre deflação

A inflação ao consumidor da China estagnou em junho, após dois meses de fraco crescimento, provocando temores entre economistas e investidores de que a segunda maior economia do mundo esteja prestes a entrar em deflação. O setor industrial do país, já em meio à deflação, viu os preços no portão de fábrica caírem no ritmo mais rápido em mais de sete anos, informou o Birô Nacional de Estatísticas nesta segunda-feira (10/07), o que reflete a fraca demanda do exterior, insuficiente para compensar a também fraca demanda doméstica. Os dados são a evidência mais recente do impacto na economia chinesa da estagnação da recuperação pós Covid-19 no país e dos aumentos das taxas de juros pelos bancos centrais no Ocidente, que reduziram os gastos do consumidor. Os economistas temem que o declínio generalizado dos preços afete a já frágil confiança no país, deixando a economia presa em um ciclo vicioso em que a demanda fraca e os preços mais baixos se retroalimentam.

Segundo o grupo Macquarie, a China certamente enfrenta uma grande pressão deflacionária, o que acende o alerta sobre uma espiral descendente caso as expectativas de deflação se consolidem. Após um breve período de restabelecimento liderado pelos gastos com serviços no início deste ano, a recuperação econômica da China estagnou em várias frentes desde abril. A taxa de desemprego entre os jovens trabalhadores subiu para um recorde de mais de 20% em maio. A atividade manufatureira do país recuou pelo terceiro mês consecutivo em junho, enquanto as exportações para os Estados Unidos e outras economias ocidentais também enfraqueceram. Mais recentemente, a recuperação do mercado imobiliário, um pilar da economia, enfraqueceu, apesar da flexibilização de políticas para estimular a demanda por imóveis.

Economistas argumentam que a ausência de inflação na China, um cenário oposto ao que a maioria dos países experimentou após a reabertura com o fim da pandemia, expõe problemas estruturais na economia, após três anos de restrições, incluindo a deterioração das finanças das famílias, que reprimiu os gastos dos consumidores. Os preços ao consumidor não se modificaram em junho em relação ao mesmo mês do ano anterior, depois de crescerem 0,2% em maio e 0,1% em abril. O registro é o mais fraco desde fevereiro de 2021, e ficou abaixo do aumento de 0,2% previsto. Excluindo os preços mais voláteis de alimentos e energia, o núcleo da inflação na China desacelerou de 0,6% em maio para 0,4% em junho, refletindo a fraca demanda por bens e serviços.

O índice de preços ao produtor da China, um indicador dos preços cobrados pelos fabricantes, caiu 5,4% em junho relação ao mesmo mês do ano anterior, o registro mais fraco desde dezembro de 2015, além de marcar o nono mês consecutivo de quedas na comparação anual. A demanda morna na China contrasta com a dos Estados Unidos e da maioria das economias do Ocidente, onde os preços continuaram subindo, apesar dos esforços para controlá-los. O núcleo da inflação desacelerou um pouco nos Estados Unidos, mas permaneceu robusto em 4,6% em maio, o que torna provável a contínua elevação das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). A inflação permaneceu praticamente estável nos 20 países que compartilham o euro, caindo para 5,5% em junho, de 6,1% em maio. Na China, os fracos números da inflação levaram os economistas a sugerirem mais esforços para conter a percepção pessimista e aumentar a demanda.

Segundo o Barclays, são necessárias uma abordagem holística e esforços políticos coordenados para estabilizar o mercado imobiliário e aumentar a confiança do consumidor e das empresas, e quebrar a espiral de desinflação ou deflação. Mas, até agora, as autoridades chinesas se abstiveram de lançar grandes pacotes de estímulo, em parte devido aos elevados encargos da dívida e aos retornos decrescentes dos investimentos liderados pelo governo. O Banco Central do país cortou várias taxas de juros importantes no mês passado, embora muitos economistas acreditem que as medidas tenham pouco impacto no aumento da demanda, em parte devido à deterioração das perspectivas da economia. Outros esperam esforços direcionados de estímulos na China. Para a Capital Economics, com a persistência de uma fraca demanda por crédito e a moeda sob pressão, a maior parte do apoio virá da política fiscal. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.