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11/Jul/2023

Crédito Rural: Sicoob elevará oferta em 2023/2024

O Sicoob espera liberar na safra 2023/2024 cerca de R$ 52 bilhões em crédito rural por meio de diversas linhas, valor que representa aumento de 33% em relação à safra 2022/2023, quando concedeu R$ 38,3 bilhões em financiamentos para pequenos e médios produtores, 66% a mais do que no ciclo 2021/2022. A participação da instituição financeira cooperativa no mercado de crédito rural aumentou entre as duas safras, de 7,3% para 9%. Do total de recursos previsto para 2023/2024, R$ 37 bilhões devem ser liberados por meio de operações de custeio, 73% acima dos R$ 21,4 bilhões da safra 2022/2023, que acaba de terminar em junho. Para investimentos, a previsão é conceder R$ 8 bilhões, 33,3% acima dos pouco mais de R$ 6 bilhões da temporada anterior, e para industrialização e comercialização, R$ 7 bilhões, 33,7% a mais do que no ciclo 2022/2023.

Quanto ao porte dos produtores beneficiados, a expectativa é de que cerca de 35% do dinheiro financie pequenos e médios produtores, sendo R$ 8 bilhões para pequenos produtores por meio do Pronaf (programa federal com foco em agricultores familiares) e R$ 10 bilhões para médios produtores, pelo Pronamp (programa direcionado a este público). Para ampliar em 33% sua oferta de crédito nesta safra, depois de já ter expandido em 66% as liberações de crédito rural em 2022/2023, o Sicoob espera avançar em alguns produtos. Um deles é a Cédula de Produto Rural (CPR), que a instituição financeira cooperativa começou a operar em dezembro do ano passado. O Sicoob já tem uma carteira de R$ 5 bilhões em crédito liberado por meio de CPR e a expectativa é pelo menos dobrá-la neste ano. Com isso, as CPRs já representariam perto de 20% da oferta total de crédito do Sicoob nesta safra. A linha da CPR é muito relevante; para o produtor, às vezes aproveitar a oportunidade de uma compra, venda, investimento, é mais importante do que ter uma taxa de juro baixa. A CPR dá uma velocidade muito grande.

A fonte de recurso da CPR são as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), papel cujas regras para aplicação em crédito rural foram alteradas pelo governo para a safra 2023/2024. O percentual dos recursos captados pelo papel que tem de ser aplicado em produtos de crédito rural subiu de 35% para 50%. Além disso, do total destinado ao setor rural, a parcela que terá de ser distribuída por CPR caiu de 70% para 50%, enquanto a outra fatia, que vai para linhas de crédito livre (com taxas de mercado) que seguem as normas do Manual de Crédito Rural (MCR), saiu de 30% para 50%. Para distribuir o dinheiro de tal forma, as instituições financeiras precisam, antes da captação da LCA, fazer empréstimos a produtores por CPR e crédito livre, que servem de "lastro" para as LCAs. Há receio em parte do mercado que a demanda de produtores por crédito livre "MCR", que precisa seguir mais requisitos do governo do que as CPRs, seja menor do que o necessário para que instituições financeiras cumpram as exigências.

Será necessário fazer mudanças estratégicas internas (decorrente da alteração nas regras), mas como temos público, demanda, lastro, o Sicoob vai se adaptar. A instituição sempre aplica mais que o exigido, assim como a LCA. O Sicoob também tem expectativa de poder operar um montante maior de recursos com taxas de juros equalizadas pelas Tesouro Nacional. A instituição solicitou dinheiro suficiente para oferecer R$ 29 bilhões com taxas equalizadas na safra 2023/2024, R$ 5 bilhões a mais do que na temporada 2022/2023. Entre os recursos, devem estar somas para atender, por linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma esperada procura por crédito para financiar a construção de armazéns, compra de máquinas e pequenos investimentos em granjas de sistemas integrados de produção. Ter limite no BNDES é importante. Outras fontes de recursos relevantes para o Sicoob são os provenientes da poupança captada pela instituição e os depósitos interbancários (DIR), feitos por bancos que não conseguem aplicar em crédito rural tudo o que deveriam conforme os porcentuais estabelecidos pelo governo.

O Sicoob é um grande tomador de DIR, ainda que o peso destes depósitos venha caindo. Há cerca de cinco anos, era responsável por metade da carteira rural da instituição. Na safra 2022/2023, representou 21% da oferta, com cerca de R$ 8 bilhões. Para 2023/2024, o plano do Sicoob é captar R$ 10 bilhões, mantendo a participação na carteira. O cenário atual favorece essa perspectiva de aumento, tendo em vista que o governo também elevou o percentual dos depósitos à vista e poupança que bancos devem destinar a crédito rural, conhecido no mercado como exigibilidade, de 25% para 30% no primeiro caso e de 59% para 65% no segundo caso. Haverá recursos mais abundantes para o agronegócio, mas, por outro lado, os bancos que não têm carteira de agro não vão conseguir montar essa carteira de um dia para o outro. Então, a expectativa é ter uma oferta maior de DIR.

O Sicoob distribui recursos de DIR para agricultores familiares, médios e grandes produtores. Fundos constitucionais e o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) são outros canais operados pelo Sicoob. Dos R$ 6,37 bilhões que o Funcafé oferecerá em crédito nesta safra, R$ 1,245 bilhão será concedido pela instituição, 21,3% a mais do que em 2021/2022. A previsão é dobrar a contratação de seguro rural na safra 2023/2024 pelos cooperados, de R$ 220 milhões em prêmios pagos por produtores em 2022/2023 para cerca de R$ 440 milhões. O Sicoob tem entre seus 7,5 milhões de associados aproximadamente 430 mil produtores rurais, a maioria de pequeno e médio porte. Se em quantidade eles representam quase 6% do total, em carteira sua relevância é bem maior, ao redor de 30%. A carteira agro da instituição hoje, de R$ 51 bilhões, aumentou 50% no último ano e espera-se que chegue perto de R$ 62 bilhões até o fim da temporada 2023/2024, em junho do ano que vem.

Esse número pode ser maior quanto mais for possível oferecer de investimento. Ainda há indefinição sobre o volume que instituição poderá operar de linhas equalizadas. Além disso, linhas de investimento têm prazo longo de amortização e demoram mais para sair da carteira. O Sicoob tem atualmente 4.530 agências em todo o País, mais de 300 cooperativas singulares associadas, concentradas na Região Sudeste (Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo). A instituição vem crescendo de forma considerável na Região Sul, em especial Paraná e Rio Grande do Sul, e quer avançar mais em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, nas Regiões Norte e Nordeste na safra 2023/2024. Haverá uma expansão estratégica do Sicoob nas Regiões Norte e Nordeste, com educação financeira, instituto e agências. O número de cooperados cresce em média 12% ao ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.