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10/Jul/2023

Clima: Brasil deve registrar um ciclone por semana

Há cerca de duas semanas, o Rio Grande do Sul enfrentou alagamentos, desabamentos e mortes por causa de um ciclone extratropical. Novo evento deve acontecer entre os dias 11 e 12 de julho. Segundo a Climatempo, no inverno pode ocorrer, em média, um ciclone extratropical por semana. Isso porque, nesta época do ano, muito ar frio chega à Região Sul do País de regiões polares, enquanto o ar quente da Região Centro-Oeste ganha mais força, propiciando o gradiente térmico que causa o ciclone. O número e a intensidade dos eventos podem variar também de acordo com o contexto macroclimático. E, hoje, há quatro fatores que causam impacto direto na formação de ciclones: El Niño, oscilação de ventos negativa, Atlântico Sul mais aquecido e mudanças climáticas.

Os ciclones que acontecem no Brasil são, em geral, os extratropicais. Eles se formam principalmente em regiões temperadas, entre o Equador e o Polo Sul ou Norte, e em áreas de baixa pressão atmosférica. Acontecem a partir do contraste entre uma massa de ar frio e uma de ar quente, e por isso geralmente estão acompanhados de frente fria. Para o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), é comum acontecerem ciclones em três regiões da América Latina, geralmente próximos à costa do mar: na Patagônia, região da Argentina que fica ao extremo sul do continente; entre o Rio da Prata (Argentina), o Uruguai, o leste do Paraguai, o Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina; e entre São Paulo e Rio de Janeiro.

O que acontece é que, na maioria das vezes, esses eventos ocorrem muito próximos à costa do mar e rapidamente se deslocam para o leste, adentrando o oceano, como é o caso dos que vão acontecer nos próximos dias na Região Sul. Dessa forma, a chuva, o vento forte e a frente fria associados ao ciclone são sentidos, mas sem extremismos. Porém, de vez em quando, há episódios de ciclones mais intensos. É o caso do ciclone que atingiu em junho o Rio Grande do Sul. Mas, o que pode causar mais ciclones e de forma mais intensa? Primeiramente, com as águas do Oceano Pacífico mais quentes pela chegada do El Niño, o contraste térmico com a atmosfera fica mais acentuado, fortalecendo grandes correntes de vento nos níveis altos da troposfera (entre 8 e 12 Km de altura), chamados de “jatos”. Estes jatos mais intensos contribuem com mais instabilidade na Região Sul do Brasil.

Há ainda uma oscilação antártica negativa quando se considera a “ondulação” da circulação de ar em torno das regiões polares do Hemisfério Sul. Isso favorece a entrada de ar frio de áreas polares nas regiões tropicais. Outro fato a ser observado é que o Atlântico sul está mais aquecido do que a média na altura da Argentina, Uruguai e Sul do Brasil. Esse fator faz com que haja mais energia para a intensificação dos ciclones. Por fim, há as mudanças climáticas em ação. Com uma maior temperatura e uma maior evaporação oceânica, a umidade pode ser maior. Ciclone que se desenvolve sobre uma atmosfera mais quente e mais úmida tem mais chance de se tornar mais intenso. Então, provavelmente, os ciclones se tornarão mais intensos, com mais casos de ciclones bomba. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.