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07/Jul/2023

EUA: falta de capacitação em “competências verdes”

As chamadas "competências verdes" nos Estados Unidos não crescem tão rapidamente quanto os "empregos verdes", o que obriga as empresas a usar a criatividade para achar os profissionais necessários para promover a transição energética e aproveitar o recorde de recursos alocados em tecnologia climática. Incentivos generosos da Lei de Redução da Inflação dos Estados Unidos (IRA), no ano passado, geraram bilhões de dólares em investimentos anunciados em energia limpa, que devem criar milhões de empregos no país. Mas, dados recentes mostram um forte crescimento na demanda por capacitação verde, impulsionando um mercado já aquecido em que a demanda supera a oferta. Em 2022, o número de perfis do LinkedIn nos Estados Unidos com pelo menos uma competência verde cresceu 8,4%, em comparação com um aumento de 20% nos anúncios de empregos verdes na plataforma, de acordo com dados da própria rede fornecidos ao The Wall Street Journal.

O LinkedIn define competências verdes como aquelas que tornam as atividades econômicas ambientalmente sustentáveis, como contabilidade de carbono, engenharia de hidrogênio e fabricação de baterias. Considera empregos verdes aqueles que incluem objetivos de ação climática, como a remoção da poluição e a preservação dos recursos naturais. Da mesma forma, mais de 114 mil vagas na área de energia limpa nos Estados Unidos foram criadas em 2022, de acordo com o relatório anual de empregos divulgado na semana passada pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos. Todos os estados norte-americanos registraram crescimento de empregos nessas áreas, e o aumento superou o da economia de forma geral e o do setor de energia. Mais de 40% de todos os empregos no setor energético dos Estados Unidos no ano passado foram criados no segmento de energia limpa, definida como aquela que inclui tecnologias alinhadas com um futuro de emissões líquidas zero, como carros elétricos, fontes renováveis ou hidrogênio.

Segundo o LinkedIn, é preciso que a concentração de profissionais com competências verdes seja maior. A Lei de Redução da Inflação destinou cerca de US$ 369 bilhões em incentivos do governo para programas relacionados à energia e ao clima ao longo de 10 anos. A previsão era de que a nova lei criaria mais de 9 milhões de empregos relacionados à energia limpa e ao clima na próxima década, de acordo com o Instituto de Pesquisa em Economia Política da Universidade de Massachusetts Amherst. A indústria de energia limpa em grande escala anunciou mais de US$ 150 bilhões em investimentos, além de 18 mil novos empregos industriais associados a instalações novas ou expandidas desde que a nova lei foi aprovada, em agosto de 2022, segundo afirmou em abril a American Clean Power Association, associação do setor de energia eólica, solar e armazenamento em baterias. A transição para uma economia mais limpa, conforme previsto por especialistas, envolverá a construção de grande infraestrutura, conforme a Yale School of the Environment. Certamente houve aumento nas contratações.

Mas, grande parte da construção de infraestrutura e energia limpa ainda acontecerá se os objetivos da nova lei forem cumpridos. A escassez de oferta de competências verdes levanta preocupações sobre como as empresas norte-americanas encontrarão os profissionais necessários à medida que os projetos relacionados à nova lei forem construídos e entrarem em operação. No entanto, há fatores atenuantes. A mão de obra atual não está pronta para tal expansão, mas as habilidades necessárias nem sempre são específicas para a tecnologia verde. Há também muitas funções da economia tradicional que podem ser facilmente transferidas para empregos verdes, como construção civil, serviços elétricos e engenharia. Para ajudar a preencher a lacuna de competências verdes, as empresas vêm apelando para a criatividade. Para funções mais novas e de rápido crescimento, como gerente de sustentabilidade e auditor de energia, algumas empresas vêm contratando profissionais sem experiência anterior em empregos verdes, segundo o LinkedIn.

Ainda de acordo com a plataforma, cerca de metade dos consultores em energia solar e gerentes de resíduos contratados nos Estados Unidos não tinham experiência anterior. As empresas também vêm capacitando funcionários existentes e contratando novos de setores que vêm encolhendo. Por exemplo, trabalhadores de usinas de carvão estão sendo treinados para operar parques de energia renovável, estações de recarga de carros elétricos ou expandir linhas de transmissão. As universidades também trabalham para ajudar a preencher a lacuna de competências verdes. A Yale School of the Environment, por exemplo, vem criando programas de certificação para treinar profissionais com novas competências verdes que poderão ser rapidamente empregados. Atualmente, a Yale tem um programa de certificação online de 10 meses sobre financiamento e implantação de energia limpa, e um curso mais curto de 8 semanas sobre restauração, conservação e manejo de florestas tropicais. Também está desenvolvendo outras três certificações e testando com a plataforma de aprendizagem Coursera.

Segundo a Universidade de Columbia, as inscrições para o programa de mestrado dobraram nos últimos três anos. O crescimento de programas para formação acadêmica para funções na área de sustentabilidade em empresas privadas vem crescendo expressivamente. A procura por competências verdes varia entre os diferentes setores. A transição verde nas áreas de energia e transporte é bastante acentuada, na medida em que desenvolvem fontes de energia de baixo carbono e carros elétricos. Mais de 84% dos novos empregos na geração de energia elétrica no ano passado foram em energia limpa, como renováveis, geotérmica e nuclear, embora os empregos nos setores de petróleo e gás também tenham crescido. Apenas a oferta de vagas na área de carvão caiu, de acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos. No entanto, os dados do LinkedIn mostram que, mesmo dentro do setor de petróleo e gás dos Estados Unidos, houve um aumento constante na parcela da mão de obra que vem adquirindo competências verdes, com crescimento para 22%, bem acima da média nas indústrias dos Estados Unidos, em cerca de 12%.

Da mesma forma, mais de 200 mil empregos foram criados no ano passado no setor de veículos de energia limpa, refletindo um crescimento anual de mais de 20%, segundo o Departamento de Energia dos Estados Unidos. A partir de 2023, quase 11% dos trabalhadores do setor de transportes dos Estados Unidos, incluindo funcionários de montadoras, têm competências verdes, segundo o LinkedIn. A parcela de trabalhadores no setor automotivo dos Estados Unidos com competências relacionadas a carros elétricos aumentou 68% de 2018 a 2023. Em comparação, o setor financeiro dos Estados Unidos está ficando para trás da média nacional, apesar de muitas empresas citarem critérios ambientais, sociais e de governança como bases para investimentos. A proporção de profissionais da área financeira dos Estados Unidos com competências verdes está em 8% em 2023, mas cresce mais rápido do que a maioria dos setores, com um aumento anual de 14,8%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.