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06/Jul/2023

Mudanças climáticas: Planeta tem dia mais quente

A segunda-feira (03/07), foi o dia mais quente já registrado no planeta Terra, segundo o Centro Nacional de Previsão Ambiental dos Estados Unidos, ligado à Agência de Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA). A temperatura média do planeta chegou a 17,01°C, superando o recorde anterior, de agosto de 2016, quando foram registrados 16,92°C. O recorde foi atingido só 12 dias após o início do verão no Hemisfério Norte e semanas após o início da formação do El Niño. Além disso, surge depois de outro recorde negativo: a extensão do gelo marinho formado na Antártida foi a menor para o dia 27 de junho desde o início da medição, em 1979. Na terça-feira (04/07), a Organização das Nações Unidas (ONU) veio a público para pedir que os governos de todo o mundo antecipem consequências do El Niño, para salvar vidas e meios de subsistência. “A chegada do fenômeno aumentou de forma considerável a probabilidade de bater recordes de temperatura e alcançar calor extremo em numerosas regiões do mundo e nos oceanos, disse a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Na segunda metade de junho, serviços europeus de observação climática já divulgavam que o começo de junho foi o mais quente da história. Em maio, a temperatura da superfície oceânica também foi recorde. Segundo a Berkeley Earth (organização não governamental norte-americana que estuda o clima), infelizmente, promete ser apenas o primeiro de uma série de novos recordes estabelecidos este ano, à medida que as emissões crescentes de carbono e gases de efeito estufa, juntamente com um crescente evento El Niño, levam as temperaturas a novos recordes. O recorde registrado na semana passada na Antártida também demonstra que o efeito das mudanças climáticas está cada vez maior e mais presente. Há uma semana, a extensão do mar congelado era de 11,7 milhões de quilômetros quadrados, 1,2 milhão abaixo da menor extensão para o dia, registrada em 2022. O patamar desta semana também fica 2,6 milhões de quilômetros quadrados abaixo da média para esse dia, considerando o período de 1981 a 2010.

A tendência de queda começou a ser registrada há quatro anos, pelos dados do National Snow and Ice Data Center (NSIDC - Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo), centro de informação dos Estados Unidos que apoia a investigação polar. O tamanho médio do mar congelado da Antártida vai de cerca de 2 milhões de Km², em fevereiro, até 20 milhões de Km², em setembro, diz o professor de Glaciologia e Geografia Polar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Jefferson Cardia Simões, pesquisador líder do Programa Antártico Brasileiro e vice-presidente do Scientific Committee on Antarctic Research/Conselho Internacional de Ciências. É a maior variação sazonal de um fenômeno natural da Terra, em termos de área A menor área congelada é registrada na fase final do verão, após meses de calor, e a maior área ocorre no final do inverno, após o período mais frio do ano. Segundo o pesquisador, a consequência mais imediata do fenômeno antártico no Brasil será a redução da frequência e da intensidade das frentes frias.

A grande consequência é que a superfície do oceano austral está se tornando mais quente e isso começa a mudar os padrões de circulação atmosférica. No caso da América do Sul, isso deve começar a afetar a força das frentes frias que avançam sobre o continente. Em algumas décadas, haverá menor frequência e intensidade das frentes frias. O Instituto Max Planck, da Alemanha, explica que o gelo marinho tem papel importante para a circulação atmosférica. Mudando a área de gelo no entorno da Antártida, pode mudar também a circulação atmosférica. Isso pode mudar essencialmente o fluxo de frentes frias que chegam ao sul do Brasil e o fluxo de umidade. Contudo, essa diminuição da camada de gelo é alvo de alertas por cientistas há muito tempo. Isso tem sido comentado desde a Conferência do Clima de Estocolmo, em 1972, mas pouco se tem feito. Essa redução na camada de gelo na Antártida e no Ártico é um indicativo do aquecimento global. Para este ano, meteorologistas já apontam que o inverno no Brasil será menos frio do que a média.

As frentes frias devem estacionar sobre o Estados da Região Sul, e não devem ultrapassar os limites do Paraná para alcançar as Regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. O El Niño ocorre em média em um período entre dois e sete anos, e geralmente dura entre 9 e 12 meses. É um fenômeno climático natural associado ao aquecimento da temperatura da superfície do oceano, no centro e leste do Pacífico tropical. Mas, o episódio atual é registrado, no entanto, no contexto de um clima modificado pelas atividades humanas, destaca o informe da OMM. Com a perspectiva desse fenômeno, a organização já havia previsto em maio que ao menos um dos próximos cinco anos, e os cinco anos entre 2023 e 2027 como um todo, seriam os mais quentes já registrados. Também estimou em 66% a probabilidade de que a temperatura média anual da superfície da Terra exceda os níveis pré-industriais em 1,5°C durante pelo menos um desses cinco anos. Isso não quer dizer que nos próximos cinco anos será ultrapassado o nível de 1,5°C especificado no Acordo de Paris (limite determinado para evitar maiores catástrofes climáticas), já que esse acordo se refere ao aquecimento de longo prazo em muitos anos.

Mas, é um novo sinal de alarme, afirmou a OMM. Enquanto o Ártico, no polo norte, é menos frio do que a Antártida e sofre há muito tempo os efeitos do aquecimento global, a Antártida vivia uma situação bem distinta, sem efeitos visíveis do calor. Mas, há quatro anos o cenário está mudando. Começou a se reduzir essa extensão média do mar congelado, e agora ela está reduzindo mais um pouco. É um sinal de que a Antártida começa a sofrer o impacto das mudanças climáticas globais. No mês passado, Cientistas de Coreia do Sul, Canadá e Alemanha publicaram um artigo científico no qual apontam que o Oceano Ártico poderá ficar sem gelo durante o verão já a partir da década de 2030. Eles utilizaram dados de observação entre 1979 e 2019 para fazer simulações e, com os novos números, o Ártico ficaria sem gelo cerca de uma década antes do que pesquisadores previram anteriormente. O Ártico será alvo da primeira missão brasileira neste mês. Na próxima semana, cinco pesquisadores viajam para Longyearbyen, capital de Svalbard, na Noruega, acima do Círculo Polar Ártico. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.