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05/Jul/2023

Balança Comercial: saldo recorde no 1º semestre

O saldo recorde da balança comercial brasileira registrado no primeiro semestre do ano, de US$ 45,5 bilhões, foi fortemente influenciado pelas dinâmicas do comércio com China, Argentina e Estados Unidos, além do destaque do agro. Ainda contribuiu para esse superávit a queda expressiva no preço dos produtos importados pelo País em relação a igual período do ano passado, quando o mundo, e não só o Brasil, enfrentou valores mais altos em produtos como fertilizantes e combustíveis em razão da guerra na Ucrânia. Apesar de a queda no preço dos produtos exportados (de 6,8%) no primeiro semestre ter pesado contra o saldo positivo, a situação foi compensada pelo crescimento do volume vendido nos seis primeiros meses, de 8,7%.

Com isso, o valor das exportações fechou em US$ 166,2 bilhões, também um recorde, com alta de 1,3% em relação ao ano passado, que até então tinha o maior dado da série histórica, com US$ 164,1 bilhões. Preço é fator chave para compreensão da balança comercial do Brasil em 2023. E, apesar de os preços terem caído ainda mais drasticamente nas exportações do mês passado (-15,2%), o saldo também foi expressivo, o maior para meses de junho, com US$ 10,6 bilhões, influenciado pela queda de 17,7% no preço das importações do mês. A desaceleração da demanda chinesa e as taxas de juros mais altos pelo mundo tendem a estender esse cenário de redução de preços para o segundo semestre. Há muita incerteza ainda no horizonte, e uma demanda mundial que pode vir menos aquecida, o que vai continuar afetando os preços.

O volume das commodities agrícolas exportadas no primeiro semestre, impulsionadas pela safra recorde, também é fator destaque para o resultado recorde dos seis primeiros meses. Na agropecuária, apesar de os preços das vendas terem recuado 3,4%, o volume cresceu 15,2%, com valor de exportações fechado em US$ 43,1 bilhões. Safras muito expressivas estão contribuindo para crescimento total das exportações brasileiras, a despeito do preço de commodities importantes para o País estarem em queda. Nos dados segregados, o preço da soja recuou 7,5%, mas o volume exportado do grão cresceu 18,6% em relação a 2022. Pelo lado das importações, quedas nos preços e no volume do que entrou no País também ajudaram o Brasil a chegar no saldo recorde para o primeiro semestre, em parte explicadas pela dinâmica da economia brasileira, em parte pela desaceleração de grandes economias mundiais, além de uma normalização de preços após o início da guerra na Ucrânia.

Os dois principais itens de importação (adubos e fertilizantes e óleos combustíveis) tiveram ambos queda importante de preços em comparação com o ano passado, que tinham níveis elevados em razão da guerra da Ucrânia. No caso dos adubos e fertilizantes, a queda de preço foi de 36,5%, enquanto de óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos a redução no preço foi de 17,7%. A crise gerada pela falta de semicondutores em 2022 também refletiu nos números de importação. Nos seis primeiros meses do ano, nas compras do segmento de Válvulas e Tubos Termiônicas, de Cátodo Frio ou Foto-Cátodo, Diodos, Transistores (onde estão os semicondutores) foi registrada queda nos preços na ordem de 10,1% em relação ao ano passado.

Na contribuição para o saldo recorde, chama atenção as variações expressivas no comércio com economias importantes para a balança comercial brasileira. No caso da China, por exemplo, o superávit para o primeiro semestre cresceu de US$ 19 bilhões em 2022 para US$ 24,554 bilhões neste ano, uma diferença de US$ 5,4 bilhões. O número decorre basicamente de uma queda maior das importações chinesas, influenciada por itens como semicondutores, além de adubos e fertilizantes comprados do país asiático. Uma situação curiosa é registrada na relação com a Argentina. Apesar da crise econômica do país vizinho, as exportações para a Argentina cresceram 26,5%, número classificado como "impressionante".

O dado é puxado pelas vendas de soja e energia elétrica, dois itens diretamente impactados pela seca atravessada pelo país. É por esse fator que o aumento nas vendas de forma alguma poderia traduzir uma "tranquilidade" do governo brasileiro sobre o comércio bilateral com a Argentina. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insiste numa linha de financiamento para empresários do Brasil que exportam para o país, cujo modelo ainda depende de seus auxiliares encontrarem uma solução para o sistema de garantias. Para argumentar que o crescimento nas exportações não significa que há uma normalidade no comércio com a Argentina, destaca-se o perfil dos produtos que carregaram o dado (soja e energia), enquanto as vendas para a Argentina tradicionalmente são marcadas por produtos de maior valor agregado.

Faz sentido que algum tipo de apoio ao exportador brasileiro atenda a esse perfil de comércio de maior valor agregado, que envolva empresas de menor porte. Com os Estados Unidos, com quem o Brasil tradicionalmente registra déficits nas trocas, o resultado negativo nos seis primeiros meses do ano foi menor que o de 2022: um déficit de US$ 2,3 bilhões, contra US$ 7,4 bilhões do ano passado. A redução contribuiu de maneira expressiva para o saldo recorde que o Brasil acumulou no primeiro semestre. No caso dos Estados Unidos, pesou a redução forte nos preços de gás natural importado. No segmento de gás natural (liquefeito ou não), dentro das importações gerais, os preços caíram 49,9% nos seis primeiros meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.