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03/Jul/2023

Brasil cai no ranking de produtividade do trabalhador

O Brasil está se distanciando do padrão de competitividade não apenas de economias desenvolvidas, mas também de pares emergentes. No ranking de produtividade da força de trabalho, o País está na 61ª posição, de um total de 64 nações avaliadas de acordo com indicadores e pesquisas com executivos de empresas pela escola de educação executiva suíça IMD (Institute for Management Development). Nesse caso, o País só está melhor do que Mongólia, Nova Zelândia e Venezuela. No ranking de produtividade geral, que leva em conta o PIB por pessoa ocupada, a posição brasileira é um pouco melhor: 57ª colocação, abaixo de Colômbia, México, Argentina, África do Sul e Cazaquistão. Grosso modo, segundo o IMD, o Brasil precisa de quatro trabalhadores para produzir o mesmo produto que um só trabalhador norte-americano faz. A produtividade do trabalho no Brasil também não chega hoje à metade da observada na Coreia do Sul.

De acordo com o IMD, hoje a produtividade de um país pode ser medida de duas formas. Uma seria a relação entre o PIB e a população economicamente ativa, que leva em consideração o nível de educação e o ambiente de negócios, entre outros. Outro indicador é o de percepção da comunidade empresarial de um país em relação à produtividade da mão de obra. Nesse caso, o resultado pode depender, por exemplo, de choques externos como uma fuga de “cérebros” do país ou a expansão de setores limitada por falta de mão de obra qualificada, itens que colocam a desenvolvida Nova Zelândia nas últimas posições no ranking, uma surpresa. Há ainda outros fatores que a pesquisa de opinião captura e que podem apresentar vieses de quem responde a sondagem, mas que, juntos com dados estatísticos, explicam bem o panorama de cada nação. No Brasil, a baixa produtividade é resultado de uma série de fatores reunidos.

A Fundação Dom Cabral (FDC) afirma que, com os gastos públicos em alta, o País não consegue formar poupança, ao mesmo tempo em que paga juros mais altos pelas incertezas fiscais. A consequência é pouco espaço para a realização de investimentos, em especial no desenvolvimento científico e tecnológico, cujo fundo nacional é alvo frequente de contingenciamentos para o governo fechar as contas. O Brasil deu um salto qualitativo na década de 1970 porque investiu em setores nos quais não tinha até então conhecimento, como óleo e gás (com as primeiras descobertas em campos marítimos da Petrobras) e aeronáutica, com a Embraer. Hoje, o País não faz nada nesse sentido. Para o Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), a produtividade do País se encontra estagnada desde a década de 1980. Isso significa que o País só estamos conseguindo crescer pela acumulação de capital. O assunto é menos debatido do que deveria, especialmente dentro de um cenário de transição demográfica.

Com o fim do bônus demográfico, para se ter crescimento econômico e melhora da condição de vida das pessoas será preciso ter aumento da produtividade. A população tem encolhido com a redução da natalidade, ao mesmo tempo em que está crescendo a parcela dos que estão envelhecendo e se tornando dependentes dos programas de proteção social do governo. É preciso dar ênfase a elementos que levem ao aumento da produtividade, a começar pela educação. Além disso, falta ao País alocar os recursos de forma mais eficiente, evitando benefícios a segmentos que não respondem com aumento de produtividade. Para completar, segundo especialistas, seria preciso estimular a chamada “destruição criativa”, com a morte de empresas menos eficientes e sobrevivência das mais eficientes, além de eliminar legislações que aumentam custos. E, nesse ponto, a reforma tributária vai ajudar, reduzindo a complexidade do sistema.

O Brasil está na contramão do mundo. Está discutindo a formalização do trabalho, se motorista de aplicativos deve ou não ter carteira de trabalho. No mundo atual, o emprego não tem mais fronteiras. O País deveria estar discutindo e investindo em infraestrutura, saneamento, logística e segurança jurídica, não só no mercado de trabalho. O aumento do emprego só será acompanhado por ganhos de produtividade se houver qualificação da mão de obra. Investimentos em conhecimento e tecnologia são importantes, porém precisam ser combinados ao aumento da capacidade tanto da indústria quanto da infraestrutura. O País também vai mal em competitividade. Segundo o IMD, apenas África do Sul, Mongólia, Argentina e Venezuela são menos competitivos que o Brasil, que caiu da 59ª posição para a 60ª neste ano em relação ao levantamento do ano passado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.