ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

03/Jul/2023

Brasil: obesidade juvenil crescendo rapidamente

O índice de obesidade entre jovens brasileiros de 18 a 24 anos cresceu cerca de 90% em apenas um ano. Dados de um estudo feito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e pela organização global Vital Strategies, divulgados no dia 29 de junho, mostram que entre 2022 e 2023 o índice de jovens obesos saltou de 9% para 17,1% no País. Em números absolutos, no ano passado 1,56 milhão de jovens entre 18 e 24 anos eram obesos; em 2023, são 2,97 milhões. A pesquisa indica uma série de fatores que podem ter contribuído, como o baixo consumo de frutas e verduras, pouca prática de atividade física e tempo exagerado de uso de telas, como celulares e televisão. Para classificar uma pessoa como “obesa”, o estudo, chamado “Covitel”, levou em consideração o Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 30. O levantamento ouviu 9 mil pessoas maiores de 18 anos entre janeiro e abril de 2023. Os contatos foram feitos por telefone com moradores das capitais e do interior nas cinco regiões do Brasil. Esse cenário desenhado pelos dados indica que a população brasileira ainda vive reflexos da pandemia de Covid-19.

O excesso de peso vem numa tendência de crescimento há muitos anos. Mas, o mundo está saindo de uma pandemia e essa população, que hoje está com 18 anos, há três anos estava em plena adolescência, que é a época em que socialização é importante, e ficou todo mundo dentro de casa, sem fazer atividade física. A saúde mental foi agravada. Segundo o Covitel, 63,1% dos jovens de 18 a 24 anos não praticam atividade física de acordo com recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja, durante pelo menos 150 minutos por semana. Somado a isso, há a alimentação de baixa qualidade: entre a população dessa faixa etária, 66,5% não consomem frutas e 60,8% não comem verduras e legumes com frequência, ou seja, cinco vezes na semana ou mais. As pessoas nessa idade também são as que gastam mais tempo diante de telas em comparação com todas as outras faixas etárias: 76,1% usam celulares, computadores, tablets ou televisores por mais de três horas ao dia para lazer.

Os maus hábitos têm reflexos imediatos em outros indicadores analisados, como a qualidade do sono e a saúde mental. Entre os jovens, 42,8% relatam não dormir bem. Esse público também apresenta alta incidência de diagnósticos psiquiátricos: 2,4 milhões (14,1%) estão com depressão e 5,5 milhões (31,6%) com ansiedade. O panorama acendeu alerta de especialistas, que consideram urgente uma abordagem multifatorial para combater o problema. Não se pode só culpabilizar a população, tem de ter políticas públicas que deem oportunidades de melhores escolhas. Há uma discussão no âmbito da reforma tributária que está pensando em um imposto seletivo para consumo de alimentos que fazem mal à saúde, por exemplo. Se aumentar o preço, diminui o consumo, o acesso. Seria importante ensinar sobre alimentação desde o início, inibir venda de ultraprocessados e refrigerantes na escola. No caso da merenda escolar, há uma legislação que determina a compra de parte dela da agricultura familiar e isso não é cumprido.

Em abril, o governo federal firmou um termo interministerial para garantir a compra de 30% da merenda escolar da agricultura familiar. De acordo com a legislação, pelo menos 75% dos recursos usados no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) devem ser utilizados na aquisição de alimentos in natura ou minimamente processados. Somente 20% desse dinheiro podem ser gastos em alimentos processados e ultraprocessados e os 5% restantes em itens culinários. Além de implementar políticas para melhorar a alimentação da população desde a infância, medidas relacionadas à infraestrutura das cidades, como existência de praças e quadras poliesportivas, e à segurança, como iluminação pública, também fazem parte do conjunto de ações para minimizar o problema. Essas medidas podem, por exemplo, criar condições para que a população mude de perspectiva em relação à prática de atividades físicas ao ar livre. O Ministério da Saúde por si nunca vai dar conta, é preciso colaboração de outras pastas, como Educação, Infraestrutura, Segurança, para que todos olhem para esse problema e consigam resolvê-lo.

Nos dados mais recentes levantados pelo Ministério da Saúde, de 2020, a proporção de obesos na população era próxima de 22%. Mas, outras pesquisas recentes já apontavam uma mudança no quadro pós-pandemia, para pior. Publicado na revista Scientific Reports no ano passado, um estudo da Universidade Federal de Minas (UFMG) considerou que 68% dos brasileiros estarão com sobrepeso até 2030. Entre os obesos, a previsão é de que 9% estarão nos níveis 2 e 3, os patamares mais altos, quando crescem significativamente os riscos de doenças graves como hipertensão, diabete e câncer. Ainda no ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que essas doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) são responsáveis por 74% das mortes em todo o mundo, e uma ação decisiva contra fatores de risco pode salvar milhões de vidas. Por fim, o relatório World Obesity Atlas, que também faz projeções sobre o assunto, colocou o Brasil em 2022 como o 4º país com mais obesos no mundo em 2030, em números absolutos, atrás somente de Estados Unidos, China e Índia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.