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30/Jun/2023

Sicredi prevê elevar recursos de LCA em 2023/2024

A esperada alta de 35% para 50% de recursos captados por Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) que devem ser aplicados em crédito rural permitirá que a oferta de crédito do Sicredi por esta fonte dobre na safra 2023/2024. Se na safra 2022/2023, R$ 16 bilhões vieram das LCAs dentro do Sicredi (de um total ofertado pela cooperativa de crédito de R$ 51,7 bilhões para o setor rural), na safra 2023/2024 poderão ser de R$ 28 bilhões a R$ 30 bilhões, ou metade dos R$ 60 bilhões que a instituição financeira pretende distribuir no período. Além do ajuste do percentual obrigatório para o crédito rural (conhecido como exigibilidade), outro fator que tem viabilizado a maior participação das LCAs no crédito rural é sua atratividade para investidores. Com isenção de Imposto de Renda e rentabilidade atrelada à Selic, hoje em 13,75% ao ano, o papel tem sido bem recebido pelos associados do Sicredi que buscam investir seu dinheiro.

A cooperativa de crédito também expande todos os anos sua base de associados, o que ajuda a ampliar as captações pelo título. Para produtores rurais, obter financiamento com Cédulas de Produto Rural (CPR), cuja principal fonte é o dinheiro captado por LCA, também é vantajoso, especialmente para aqueles de maior porte que não conseguem suprir toda sua necessidade de crédito com linhas do Plano Safra. Fica mais em conta do que fazer barter (troca de produto agrícola por insumos). A taxa média de juros cobrada em uma CPR é de 2% a 3% acima da Selic, conforme o prazo de pagamento e risco do produtor rural. A maior parte das CPRs financia a compra de insumos, mas já há operações do Sicredi em que o papel é usado para comprar equipamentos com prazo de amortização de três a quatro anos ou mesmo CPRs para financiar placas solares em sete a oito anos. Na safra 2023/2024, o Sicredi também planeja emprestar recursos vindos de LCAs com taxas equalizadas, possibilidade dada pelo governo neste ano para a parcela das LCAs sobre a qual não incide a exigibilidade.

Na safra 2022/2023, o Sicredi liberou R$ 18 bilhões em crédito por meio de CPRs, 136% acima de 2021/2022, sendo mais de R$ 500 milhões por CPRs digitais. Para 2023/2024, a previsão é que R$ 24,3 bilhões em crédito rural sejam concedidos por meio de CPRs, um aumento de 35% em comparação com a safra que termina neste mês. Dos R$ 60 bilhões que a instituição espera conceder em crédito rural na safra 2023/24, em torno de metade será concedida com taxas de juros livres e o restante, com taxas controladas ou equalizadas. A poupança, outra fonte do Sicredi, deve continuar fornecendo em 2023/2024 o mesmo montante de recursos da safra 2022/2023, mas sua representatividade no total tende a cair, chegando mais perto de 30% do todo. Nesta semana, o governo também anunciou que haverá aumento da exigibilidade dos depósitos à vista, ou seja, a parcela dos depósitos que bancos têm de aplicar em crédito rural, de 25% a 30%.

O Sicredi se "alimenta" indiretamente dessas fontes, já que uma parcela menor da sua oferta ao agronegócio, de 10% a 20%, é de recursos obtidos por Depósitos Interbancários (DIR). Os DIR são transferências de dinheiro captado por depósitos à vista por bancos que deveriam aplicar o recurso em crédito rural, mas não têm equipe ou estrutura física para fazê-lo. O Sicredi toma parte desse dinheiro de alguns bancos, distribuindo o recurso dentro das regras estabelecidas no Plano Safra. Com o aumento da exigibilidade dos depósitos e do dinheiro a ser aplicado no agro, a tendência é o "mercado de DIR" crescer. Algumas instituições financeiras não têm estrutura ou não têm desejo de aumentar atuação no segmento rural. A parcela com apetite e know how para atuar com médios e pequenos produtores (atendidos pelos recursos dos depósitos) é bem reduzida, em geral os bancos mais novos em agro estão focados nos grandes produtores. O Sicredi também vem ampliando captações de recursos no exterior.

No ano passado, foi R$ 1,826 bilhão e em 2021, R$ 1,720 bilhão. Em 2023, já foi captado R$ 1 bilhão com o Banco Europeu de Investimentos e há conversas em curso com mais duas instituições. Desde 2020, a instituição já captou recursos também com outros bancos internacionais, como IFC, BID, os alemães KFW e DEG, a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), o francês Proparco. O setor rural não ficou com a totalidade dos recursos, mas foi contemplado com parte deles. Outra fonte de recursos do Sicredi é a linha em dólar lançada há pouco mais de um mês pelo BNDES, voltada a financiar investimentos de longo prazo, como compra de máquinas agrícolas, para produtores com recebíveis em dólar. O Sicredi já liberou R$ 25 milhões pela linha e tem R$ 150 milhões aprovados. A previsão é chegar ao fim de 2023 com R$ 500 milhões contratados. É uma linha que pode se consolidar para esse público, do produtor dolarizado. A demanda maior vem da Região Centro-Oeste. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.