ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

30/Jun/2023

Censo: agronegócio atrai população para interior

Com 203 milhões de habitantes em 2022, o Brasil teve o menor crescimento populacional em 150 anos, revelam os primeiros números do Censo 2022. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010 (contagem anterior) a 2022, a taxa média de crescimento anual da população foi de 0,52%, a primeira abaixo de 1% e a menor registrada desde o primeiro levantamento, em 1872. Ainda não está claro o papel da Covid-19, que reduziu nascimentos e ampliou o número de mortes, mas o registro de um novo Brasil é claro: com menos gente do que era esperado, em mais domicílios (casas e apartamentos), e com capitais perdendo população para as novas fronteiras do agronegócio. Economicamente, se consolida o fim do chamado bônus demográfico (quando a proporção de jovens, a população economicamente ativa, é alta na comparação à fatia de idosos e crianças, o que eleva a chance de ganhos no PIB).

Para grande parte dos especialistas, o Brasil desperdiçou a oportunidade, que teria começado há cerca de 50 anos, de chegar ao primeiro mundo. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na década de 1970, quando o bônus começava, o País se endividou muito. Nos anos 1980, houve a crise do endividamento externo; depois, a hiperinflação. Até hoje, as projeções apontavam que só a partir de 2030 os efeitos do bônus começariam a se dissipar e a população se tornaria majoritariamente envelhecida, aumentando a pressão sobre os gastos da saúde e da previdência social. Mas, os demógrafos do IBGE ainda não sabem dizer se este momento foi antecipado pela pandemia. Os demógrafos estão debruçados sobre os números para entender se essa tendência (de queda do crescimento) se acelerou. O censo foi feito logo depois da maior crise sanitária do mundo, a pandemia de Covid-19. É preciso mais tempo para entender os efeitos demográficos.

O IBGE ainda vai divulgar outros temas do Censo, incluindo migrações, renda e aglomerados subnormais. A partir desses resultados, será possível avançar nas explicações sobre as taxas de crescimento da população. O número surpreendeu até o IBGE, que há cinco anos projetou um número de 214 milhões para 2022, depois que não houve recursos para realizar uma contagem intermediária entre os Censos, prevista para 2015. A população total do País chegou agora a 203,1 milhões, crescimento é de 6,5%, ante o último censo demográfico. O relatório registra que o maior salto demográfico foi na década de 1950, com taxa média de crescimento anual de 2,99%. O que não deve se repetir. No começo dos anos 1960, inicia-se lentamente o declínio dos níveis de fecundidade e, a partir dos anos 1970, já é possível verificar a redução do crescimento populacional. Segundo os novos dados, a Região Sudeste segue como a região mais populosa do País, com 84,8 milhões de habitantes (41,8% da população).

Os três Estados mais populosos (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) concentram 39,9% da população. Os dados revelam um inédito movimento de interiorização e de “fuga” de grandes municípios. Entre as possíveis explicações estão o avanço do agronegócio, um dos principais motores da economia nos últimos anos, e as mudanças nas dinâmicas de trabalho, que permitiram o trabalho remoto e menor concentração de mão de obra em grandes centros urbanos. Entre as 319 maiores cidades do Brasil (aquelas com mais de cem mil habitantes), 39 apresentaram redução populacional na comparação entre os números de 2010 e 2022, sendo que de 2000 e 2010, só houve redução em 4 municípios. No contexto de crescimento populacional cada vez mais baixo vivido pelo País, um fato a ser destacado é que o fenômeno da redução da população, antes bastante presente nos municípios pequenos, passa também a ser cada vez mais observado nos municípios maiores.

Por outro lado, vêm aumentando as populações dos municípios vizinhos às maiores cidades, revelando alteração do fluxo migratório. Há um padrão de interiorização, que contém elevada densidade demográfica no Distrito Federal e densidades de menor expressão em nível nacional na Região Centro-Oeste, com exceção de Distrito Federal e Goiás, e em todos os Estados da Região Norte, ressaltando que a interiorização é mais intensa ao longo das rodovias e dos rios. O maior crescimento populacional relativo vem ocorrendo justamente na Região Centro Oeste, base do agronegócio, com taxa média de 1,2% ao ano, nos últimos 12 anos. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o fenômeno da interiorização está bem documentado desde o Censo de 2000 (e em 2010) por motivos econômicos. A atividade econômica começou a crescer mais em áreas rurais, ligadas ao agronegócio.

Começou a haver uma demanda maior por trabalho nessas regiões, inclusive com maiores salários, o que atraiu a população das cidades. De fato, as capitais estão crescendo menos ou mesmo perdendo população para os demais municípios da concentração urbana; isso é um fato novo no Brasil, afirma o IBGE. Ainda não há explicação sobre o porquê de isso estar acontecendo, mas, em parte, certamente, é por conta do próprio esgotamento territorial. Houve um substancial crescimento no número de domicílios no País. De um total de 67.569.688 registrados em 2010 (data do censo anterior), o número saltou para 90.688. 021, um aumento de 34% ou o equivalente a 1/3 do total. Este aumento foi registrado em todos os Estados e no Distrito Federal. Entre os municípios com o maior número de domicílios estão São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Brasília (DF) e Fortaleza (CE).

No entanto, os maiores aumentos nos números de domicílios foram registrados em pequenos municípios do interior, caso de Abadia de Goiás (GO), com aumento de 197%, Canaã dos Carajás (PA), com 176%, Goianira (GO), com 143%, Extremoz (RN), com 136%, e Iranduba (AM), com 130%. Por outro lado, a média de moradores por domicílio caiu entre 2010 e 2022, passando de 3,31 para 2,79, uma queda de 18,7%, um número ainda mais acentuado do que o registrado entre 2000 e 2010, de 13,5%. A Região Norte apresenta a maior densidade domiciliar (3,3 moradores), enquanto a Região Sul registra a menor, 2,6. A redução da média de moradores por domicílio explica, em parte, o crescimento expressivo do número de domicílios. No entanto, as razões do aumento ainda estão sendo estudadas. O levantamento destaca que Taboão da Serra (SP), Diadema (SP), São João de Meriti (RJ), Osasco (SP), Carapicuíba (SP) e São Caetano do Sul (SP) são os seis únicos municípios com densidade populacional superior a 10 mil habitantes/Km². Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.