ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

28/Jun/2023

Brasil: falta de regulamentação para descarbonização

De acordo com estudo realizado pelo Centro Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (Cebds) e pelo Boston Consulting Group (BCG) com 53 grandes empresas de setores como agronegócio, transporte, saneamento, mineração e energia, 9 em cada 10 empresas brasileiras têm motivação para se engajarem em uma jornada de descarbonização e conseguem calcular parte de suas emissões de carbono. O maior desafio nesse processo é a falta de regulamentação clara sobre o assunto. Essa percepção é de grandes empresas. Ter 92% motivados com jornada net zero é um número grande. Isso é atribuído ao fato de que as altas lideranças perceberem as implicações das vantagens que têm em estar no Brasil, com matriz limpa e alta diversidade.

O mundo inteiro tem, e no Brasil não é diferente, a pressão de investidores. Mas, além da pressão dos investidores há a percepção de que no Brasil isso é muito interessante. O principal fator de pressão para o engajamento no assunto vem de dentro: em 75% das empresas, é a alta liderança que cobra o envolvimento em uma jornada de descarbonização e 64% relatam que há pressão dos investidores pelo mesmo movimento. Algo que foi bastante salientado pelos executivos entrevistados: “a venda interna na empresa costuma ser mais fácil quando você embala uma iniciativa de sustentabilidade no viés de oportunidade. Tem espaço a avançar, mas já é uma realidade", afirma o Cebds.

O número de empresas brasileiras comprometidas com a metodologia criada pelo SBTi (Science-Based Targets initiative), que monitora metas ou compromissos de redução de emissões aprovados, cresceu 16 vezes entre 2019 e 2022, colocando o Brasil entre os cinco países com maior quantidade de reportes do setor privado no mundo. No entanto, só 24% das emissões nacionais têm emissão reconhecida por empresas e, segundo os compromissos assumidos no SBTi, menos de 0,1% das emissões serão reduzidas até 2030. O Brasil é o país com maior potencial de geração de crédito de carbono, por meio de reflorestamento e da preservação de florestas, mas a incerteza sobre o assunto é apontada por empresas como um dos entraves para avançar em políticas climáticas.

Grande parte do que as empresas estão falando é do mercado regulado de carbono, essa é a grande questão nessas cadeias. Agora, a discussão está voltando com o governo encampando um projeto, entendo até com o objetivo de chegar na COP deste ano e dizer que o Brasil tem a regulamentação aprovada, pelo menos com uma lei. Isso começa a gerar obrigações, direitos e oportunidades de negócio viabilizando uma série de iniciativas que possam ofertar crédito de carbono. O que as empresas talvez não vejam é que tem uma regulação global. Uma série de temas do movimento global, associados à regulação, que vão afetar seus negócios e oportunidades. O principal talvez seja o europeu, o C-Ban. O primeiro ponto importante do estudo é ter um mapeamento objetivo do setor privado para chegar ao net zero. Parece trivial, mas não é.

A surpresa positiva é esse crescimento grande das empresas que passam a ter compromissos ambientais, mas ainda há um caminho a percorrer, afirma o BCG. Há dez dias, representantes do Cebds se reuniram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, interessados em participar da elaboração do plano de transição ecológica que vem sendo desenhado pelo governo federal. O Ministério da Fazenda elabora um pacote para impulsionar a economia com ações sustentáveis, batizado como Plano de Transição Ecológica. Ele inclui incentivos para o mercado de crédito de carbono, produção de painéis solares e ampliação da participação de produtos da floresta nas exportações. O setor empresarial quer se envolver na discussão, para indicar o que já vem sendo feito e quais pontos, na avaliação das empresas, merecem maior atenção.

Eles entregaram uma carta a Haddad com o que apontam como "sinergias" entre o pacote verde desenhado pelo governo e as prioridades do setor empresarial endereçadas aos candidatos à Presidência durante a campanha eleitoral no ano passado. O estudo ajuda o Cebds a mostrar ao governo onde há lacunas que as empresas podem e desejam entrar e onde são os pontos de conexão, entre movimentos do setor público e privado, que dão celeridade para isso. Esse estudo também servirá para dar mais assertividade para a plataforma. A plataforma, que mapeia a situação das empresas na jornada de descarbonização, pretende organizar as companhias em três níveis: iniciantes, intermediários e avançados. Permear a organização, é algo bem crítico. Não é automático. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.