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27/Jun/2023

Brasil: estudo do perfil das empresas exportadoras

De acordo com estudo inédito do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) sobre o perfil das firmas exportadoras, menos de 1% das empresas brasileiras (cerca de 25 mil) exportam seus produtos. O recorte, de 2020, apontou, por outro lado, que essas companhias empregam 15% da força de trabalho formal do País. Apesar de os níveis serem semelhantes a outros países da América Latina, para o MDIC, os dados reforçam o potencial de o Brasil ampliar sua base exportadora, objetivo que depende, dentre outros fatores, da assinatura de mais acordos comerciais. O grande destaque dos últimos anos nessa seara são as tratativas entre o Mercosul e a União Europeia. O governo brasileiro acredita que pode haver uma definição sobre o acordo até o fim do ano, embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha dirigido recentemente críticas às exigências do bloco europeu. É importante concluir mais acordos comerciais para reduzir a tarifa que as empresas enfrentam ao acessar mercados externos. Para o MDIC, o potencial dos acordos é reforçado por um cenário revelado pela pesquisa.

Apesar de a exportação aos países que compõem o Mercosul ainda ser muito relevante: em 2020, 41% (10.208) das exportadoras do Brasil enviaram seus produtos a países membros do bloco, cresceu 34% o número de firmas que venderam exclusivamente para países não-signatários, de 2018 a 2020. É um percentual quase sete vezes maior do que aquele referente ao grupo das que exportam apenas para os signatários de tais instrumentos. Segundo o estudo, cerca de 30% das firmas exportaram para Estados Unidos, União Europeia ou Ásia em 2020. Tomadas conjuntamente, o número de empresas que exportaram para essas três regiões foi de 60,3%, sendo, portanto, muito próximo ao daqueles que exportaram para a América Latina (61%). O que explica a relevância crescente desses países é a atratividade de exportação para grandes mercados, mesmo que, pela ausência de acordos comerciais, as tarifas impostas às empresas brasileiras sejam altas. Diante dessa tendência, a conclusão é de que novos tratados poderiam abrir fronteiras para quem vende ou quer vender produtos para o exterior.

Fazer acordos com economias grandes faz ainda mais sentido. É necessário não só olhar o PIB de grandes mercados, mas também o dinamismo dessas economias. Por exemplo, o caso da China, onde a variação relevante do PIB ano a ano abre se traduz num maior espaço para a entrada de novas empresas, diferente de economias consolidadas, onde a concorrência para exportadoras pode ser maior. Nesse sentido, o estudo endossa a importância da China. O número de firmas exportando para a China entre 2018 e 2020 cresceu 24%. Para os Estados Unidos, a variação foi de 21%. Com destino a União Europeia, o aumento foi de 16%. Em contrapartida, o consolidado de empresas exportando para o Mercosul foi o que menos variou entre as regiões consideradas no levantamento, em apenas cerca de 2% no período. Dentro desse contexto, o MDIC levantou que, em 2020, o número de empresas exportando para países com os quais o Brasil não mantém qualquer tipo de acordo comercial superou o quadro de firmas que exportam para nações signatárias.

Tais curvas apontam, ainda, que no período entre 2010 e 2020 o número de firmas que destinaram seus produtos apenas a países sem acordos com o Brasil cresceu 55%, contra 29% das que exportaram exclusivamente para destinos com os quais o País mantém esse tipo de acordo. O movimento tem gerado prováveis impactos positivos sobre os salários e sobre a distribuição regional de firmas do País. Isso porque as empresas que exportam para fora do Mercosul tendem a ofertar maiores salários e a se localizar em regiões de menor concentração de exportadores (como as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Apesar da diferença, no geral, as companhias exportadoras apresentaram um contexto mais positivo se comparado às que não vendem seus produtos para o exterior. Em média, elas pagam salários maiores, contratam mais e usam uma proporção maior de trabalhadores com ensino superior em relação às empresas não-exportadoras. O prêmio salarial pago pelas empresas exportadoras em relação às não-exportadoras varia de 36% a 124%, dependendo do setor de atividade da empresa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.