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27/Jun/2023

Dólar: queda no 1º semestre é a maior desde 2016

A cotação do dólar passou por uma desvalorização neste primeiro semestre de 2023 que não se via há sete anos no mercado brasileiro. A moeda norte-americana caiu dos R$ 5,23 com que começou o ano para R$ 4,77 no dia 22 de junho, o menor patamar para o câmbio desde maio de 2022. Entre o 1º de janeiro e o dia 19, o dólar Ptax para venda, índice de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro calculado pelo Banco Central, registrava um recuo de 8,4%. Este é o maior declínio para um primeiro semestre desde 2016, quando a cotação caiu 17,8%. O fortalecimento da moeda brasileira reflete uma melhora brusca no humor com que o mercado iniciou o ano em meio às incertezas macroeconômicas globais e o novo governo no Brasil. No final de 2022, logo após as eleições, pesquisas indicavam que gestores, estrategistas e economistas viam o dólar acima dos R$ 5,40 em 2023. Em março, uma enquete dizia que o dólar ultrapassaria os R$ 5,30.

Ainda que 2023 esteja apenas se aproximando da metade, boa parte dessa instabilidade foi atenuada e o País conseguiu se colocar como destino do capital estrangeiro entre os emergentes. O País tem reservas cambiais bastante robustas e uma certa estabilidade política e econômica, que muitos países emergentes não têm, destaca o Braza Bank. O atual patamar da taxa de juros do País também ajuda a manter o Real valorizado. Com a Selic estacionada em 13,75% ao ano e a queda dos indicadores de inflação, o Brasil tem o maior juro real do mundo, o que também atrai investidores estrangeiros que vem atrás de boa rentabilidade a um risco relativamente baixo. É um movimento chamado carry trade, onde o investidor pega o dinheiro do seu país e leva para outro onde vai receber um juro maior, no caso, o Brasil. Com mais dólares entrando no mercado brasileiro, o Real conseguiu se fortalecer e se estabilizar abaixo dos R$ 4,80 nos últimos pregões. Para o segundo semestre, no entanto, pairam algumas dúvidas sobre a continuidade dessas quedas.

Embora o relatório Focus reúna um resumo das expectativas do mercado, ainda há divergência entre os agentes. Nem todos acreditam que a tendência para o segundo semestre é de valorização do dólar. Para o dólar voltar para R$ 5,00 duas coisas precisam acontecer: os juros dos Estados Unidos ficarem altos por mais tempo, o que atrai o dinheiro para lá; e os juros do Brasil caírem muito rápido. Se o Banco Central baixar os juros em uma velocidade muito rápida, isso pode fazer o dólar se apreciar de novo. Talvez isso explique a tese do dólar aos R$ 5,00. Mas, esse não parece ser o cenário base até o momento. Na reunião do dia 21 de junho, o Banco Central surpreendeu o mercado ao manter o tom ainda duro contra o combate à inflação, sem sinalizar o início do ciclo de cortes na Selic para agosto, como esperavam analistas. Se houver um corte de juros exagerado e sem fundamentos para isso pode haver uma desvalorização do Real. Mas, é algo que o Banco Central não deve fazer.

Mantidas as outras condições, há espaço para uma cotação mais baixa do que os R$ 5,00 ao final do segundo semestre. A cotação do dólar é uma das variáveis mais difíceis de se prever no mercado, por isso especialistas não conseguem cravar o futuro da trajetória da moeda. Ainda assim, para aqueles investidores interessados em dolarizar o portfólio ou turistas com viagens agendadas que precisam comprar a moeda, a desvalorização atual pode indicar uma boa janela de oportunidade. É a menor cotação em mais de um ano. Considerando o contexto atual, o risco de uma correção é maior do que a oportunidade de uma queda mais acentuada, afirma a B&T Câmbio. A recomendação, no entanto, é sempre fazer múltiplos aportes, ou seja, ir comprando aos poucos. Segundo a WIT Exchange, analisando graficamente, o dólar ainda tem margem para continuar em queda; mas também há fatores que podem influenciar a alta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.