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22/Jun/2023

El Niño: potencial efeito é devastador na economia

Segundo a Bloomberg Economics, a volta do fenômeno climático El Niño após quase quatro anos deve El Niño deve trazer devastação sem precedentes para economia mundial. De acordo com a modelagem da agência internacional, a mudança da fase mais fria do La Niña para uma fase de aquecimento pode gerar o caos, principalmente nas economias emergentes que crescem rapidamente. A previsão vem em um momento no qual a economia global já está frágil, ainda lutando para se recuperar da Covid-19 e a guerra da Rússia na Ucrânia. As redes elétricas sofrem tensões e os apagões se tornam mais frequentes. O calor extremo cria emergências de saúde pública, enquanto a seca aumenta os riscos de incêndio. As colheitas estragam, as estradas são inundadas e as casas são destruídas.

Os anos de El Niño anteriores resultaram em um impacto marcante na inflação global, acrescentando 3,9% aos preços das commodities não energéticas e 3,5% ao petróleo. O fenômeno também afetou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), principalmente no Brasil, na Austrália, na Índia e em outros países vulneráveis. Com o mundo lutando contra a inflação alta e o risco de recessão, o El Niño chega exatamente no momento errado. Os bancos centrais têm poder mais limitado. Enquanto as intervenções políticas tendem a manipular a demanda, o El Niño normalmente afeta a oferta. Na Índia, por exemplo, a redução das monções pode afetar as colheitas de arroz, algodão, milho e soja. Os Estados Unidos voltarão a ver tempestades de inverno mortais, embora haja uma queda geral no número de furacões.

Partes do oeste e do sul da África poderão ser atingidas pela seca, afetando a produção de cacau e milho. A Austrália pode sofrer com secas severas e incêndios florestais, o que prejudicaria a produção de trigo e outras culturas. No Brasil e na Colômbia, a vilã será a seca, que pode afetar a produção de café, mas o contrário acontece no Peru: enchentes generalizadas e redução na pesca de anchovas. Na China, as temperaturas já estão matando o gado e sobrecarregando as redes de energia. Segundo o The Nature Conservancy, quando ocorre um El Niño além da tendência de aquecimento de longo prazo, é como um choque duplo. Os riscos são mais graves nos trópicos e no Hemisfério Sul.

O El Niño pode cortar quase 0,5% do crescimento anual do PIB na Índia e na Argentina, de acordo com o modelo da Bloomberg Economics. O aumento geral das temperaturas amplifica os efeitos dos fenômenos climáticos. Os últimos três anos de La Niña (de 2020 a 2023) foram mais quentes do que todos os anos de El Niño antes de 2015. A Organização Meteorológica Mundial calcula que há uma chance de 98% de que a combinação do acúmulo de gases de efeito estufa e o retorno do El Niño fará com que o próximo período de cinco anos seja o mais quente até agora, levando as temperaturas globais a um território desconhecido. Segundo o Grantham Institute for Climate Change and the Environment, o El Niño só vai piorar os impactos da mudança climática que o mundo já está vivenciando: ondas de calor mais quentes, secas mais severas e incêndios florestais mais extremos. Fonte: Bloomberg. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.