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21/Jun/2023

Governo quer sinalização do BC sobre corte nos juros

Sem expectativa de que haverá queda dos juros na reunião desta terça-feira (20/06) e quarta-feira (21/06) do Comitê de Política Monetária (Copom), o governo conta como certo que o Banco Central vai abrir as portas para o início da redução da taxa básica de juros (Selic) a partir de agosto. Se o sinal dado no comunicado divulgado pelo comitê após a decisão for na direção contrária, e apontar que é preciso esperar mais as expectativas de inflação se ancorarem (convergirem para a meta), o conflito entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o governo Lula deve subir ainda mais de tom. Interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que, num cenário desse tipo, estaria configurada uma "declaração de guerra". O risco que a área econômica enxerga é de ocorrer um novo descolamento da curva de juros, retardando o início do ciclo de flexibilização da taxa Selic no Brasil, hoje no nível de 13,75% ao ano. Isso aconteceu em fevereiro, quando o mercado passou para o final do ano a previsão de queda de juros.

Agora, a expectativa do mercado financeiro é de que os juros comecem a ceder em agosto, mas a depender da decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), na reunião do dia 29 de junho, sobre a meta de inflação. Após as recentes sinalizações do ministro da Fazenda, analistas do mercado avaliam que Haddad atuou como “bombeiro” e esperam a manutenção da meta de 3% em 2024, 2025 e a fixação do mesmo valor em 2026, com a implantação de um modelo de meta contínua (acumulada em 12 meses). Nesse sistema, a meta deixaria de ser verificada no ano-calendário (janeiro a dezembro de cada ano). A possibilidade de elevação da meta de inflação foi levantada pelo presidente Lula, que nos últimos tempos parou de falar no assunto. Um integrante da área econômica destaca que os sinais já foram dados e que, ao final, todo o ruído em torno da meta vai mostrar que "a montanha pariu um rato". O nível de juros é visto pelo ministro Fernando Haddad e equipe como ponto central para a agenda econômica.

O temor é que, num cenário de manutenção dos juros no nível atual, a economia brasileira comece a desacelerar muito fortemente após a melhora de todos os indicadores econômicos: dólar, risco-País, juros futuros, Bolsa e previsão de crescimento. A reunião de agosto, nos 1º e 2, já deverá contar com o voto do economista Gabriel Galípolo, se o Senado confirmar a sua indicação para a Diretoria de Política Monetária. Ex-secretário executivo de Haddad, Galípolo deixou o cargo na segunda-feira (19/06) e espera a sua sabatina no Senado no dia 27 de junho. No mercado e no Banco Central, há uma avaliação de que a sabatina dele foi retardada para o ex-secretário não ficar numa ‘saia justa’ na reunião desta semana, quando já se espera que o Banco Central não vá reduzir os juros. No governo, a explicação é outra: a sabatina não foi marcada antes para não atrapalhar a votação do projeto de arcabouço fiscal na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que se reúne uma vez por semana.

Com Galípolo no Banco Central, o que se espera é que ele construa pontes dos dois lados, hoje ainda em conflito. Haddad entende que é preciso ter confiança de que a política de juros está sendo conduzida tecnicamente. Esse é justamente o ponto que vem sendo reforçado por Roberto Campos Neto: mostrar a Galípolo que as decisões de juros são técnicas. Galípolo e Campos Neto têm um diálogo considerado muito positivo, mas há desconfiança dos dois lados: Banco Central e governo. Do lado do Banco Central, existe a desconfiança de que Galípolo foi indicado com a missão de não fazer uma gestão técnica; assim, ele teria de angariar credibilidade, já que é apontado como sucessor de Campos Neto na presidência. No governo Lula, embora menos do que no início do ano, há o receio de que a manutenção dos juros altos por Campos Neto pelo Banco Central, indicado por Bolsonaro, teria por trás um projeto político de prejudicar a gestão do presidente Lula. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.