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20/Jun/2023

Aumento de estoques afetando o setor industrial

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) chama a atenção para o fato de que o aumento de mercadorias nos armazéns das empresas não se limita hoje a um ou outro setor. Mais da metade dos segmentos (63%) da indústria de transformação afirma que o acúmulo de estoques é crescente desde setembro do ano passado. A situação atual reflete o contexto macroeconômico de juros elevados, que inibem as compras do consumidor e enfraquecem a demanda e, consequentemente, afetam a cadeia de produção. No pico da pandemia, a indústria enfrentou escassez de insumos, e os estoques ficaram vazios. Hoje, no entanto, o contexto é diferente. Há um esfriamento da demanda e um acúmulo de mercadorias. Na lista dos setores da indústria com quadro mais crítico em maio, constam alimentos, química, informática, máquinas e materiais elétricos (que incluem os eletrodomésticos), informática e eletrônicos.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o estoque do setor aumentou porque não estava previsto que houvesse, por parte do varejo, redução nas compras. No primeiro trimestre deste ano, as vendas da indústria elétrica e eletrônica para o varejo caíram 6% em relação a igual período do ano anterior, enquanto a produção física recuou 7,4% na mesma base de comparação. Em abril, a fatia de indústrias associadas à entidade que tinham estoques acima do que seria considerado normal era de 40%, ante 29% no mesmo mês do ano anterior. No caso dos estoques de produtos acabados, de fevereiro para março já tinha subido de 33% para 39% o número de empresas com estoques acima do normal. E, em abril, esse índice foi mantido. A indústria deve levar entre 90 e 120 dias para ajustar a produção, com redução de compras de componentes importados e, em última instância, corte de turnos e de pessoal.

Aliás, algo que já começou a acontecer, porém de forma incipiente. A indústria química diz que o aumento de estoques apontado na sondagem da FGV pode ser pontual. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o setor não costuma trabalhar com estoque alto, porque é muito caro. No entanto, os dados do setor neste ano até abril mostram que as fábricas operam com “baixa carga”. Em média, a ocupação da capacidade instalada está em 70%, o menor nível da série histórica, iniciada em 1996. Seria preciso baixar os juros, no momento oportuno, para estimular a economia na ponta. A indústria química está na base da cadeia produtiva de grandes setores, como automobilístico, construção civil, indústria de alimentos, calçados, cosméticos. No momento em que se estimula a economia, isso puxa todos os demais segmentos. A indústria química é um termômetro da atividade.

Com a queda da inflação, está sendo criado um ambiente propício para a redução dos juros, afirma a Abinee. Nesta semana, sob forte pressão do governo e do setor empresarial, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define a nova Selic (hoje, em 13,75%). Mas, a expectativa no mercado financeiro é de corte só a partir do segundo semestre. Além dos juros em alta, a falta de renda do consumidor, que tem optado por modelos de celulares mais baratos, por exemplo, pesa na queda do faturamento do setor. Segundo a FGV, é esperada uma redução dos juros pelos empresários do varejo. Mas, como esse movimento não deve ocorrer rapidamente, os varejistas buscam outras estratégias para equilibrar os negócios. Aliviar estoques é uma forma de fugir do custo financeiro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.