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16/Jun/2023

Agência de risco eleva a nota de crédito do Brasil

A agência internacional de classificação de risco S&P Global revisou de estável para positiva a chamada perspectiva para a nota de crédito do Brasil (mantida em BB-). A mudança reflete uma maior certeza de estabilidade na condução da política fiscal e monetária, o que poderia beneficiar as perspectivas ainda baixas de PIB do Brasil. O rating (ou nota de crédito) é o resultado da avaliação de uma agência de classificação de risco sobre a qualidade de um título de dívida emitido por uma empresa ou país. Ele indica, portanto, se o emissor é um bom ou mau pagador e quais as chances de acontecer um calote daquela dívida. No caso da S&P, o Brasil ainda está distante de reconquistar o grau de investimento (perdido em 2015), mas a revisão da perspectiva foi vista no mercado como uma chancela importante, já que um grande número de fundos de pensão e de investimento se pauta por essas avaliações.

O anúncio foi comemorado por integrantes da equipe econômica do governo, e acelerou o movimento de queda do dólar e de alta da Bolsa na quarta-feira (14/06) que já estava em curso depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manteve as taxas de juros inalteradas no país. O dólar fechou a quarta-feira (14/06) em R$ 4,80 (queda de 1,14%), enquanto a B3 terminou em 119 mil pontos (alta de 1,19%), maior patamar desde 21 de outubro. A S&P afirmou que o crescimento continuado da economia brasileira, mais o arcabouço fiscal em negociação no Congresso, podem levar a um endividamento menor do que o esperado pelo mercado, e apoiar a redução dos juros internos e atrair maior investimento externo.

A agência acrescentou, porém, que poderá voltar a rebaixar a perspectiva do rating, dentro de dois anos, se houver um arcabouço político inadequado ou com implementação fraca, que resulte em crescimento econômico limitado, levando a mais deterioração fiscal. Ressaltou que é crucial a aprovação de reformas adicionais, entre elas, a tributária. Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o anúncio representa um processo até o grau de investimento. Ele acredita que, com a aprovação da reforma tributária, vai vir uma mudança de degrau, o Brasil vai subir um degrau e que é absurdo não ter o grau de investimento. Um País como o Brasil tem de ter, concluiu Haddad. Ele falou ainda em trabalho compartilhado com Congresso e Judiciário, e voltou a cobrar o corte das taxas de juros. O ministro afirmou que a harmonia entre os Poderes tem contribuído para os resultados, mas está faltando o Banco Central se somar a esse esforço.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem reunião na próxima semana para definir a nova Selic. De fato, Fernando Haddad conseguiu melhorar a perspectiva do rating do Brasil nos seis primeiros meses do governo Lula. O anúncio da S&P Global de revisão da perspectiva da nota de crédito de estável para positiva é o primeiro movimento favorável para o Brasil entre as três grandes agências desde 2019. Na equipe econômica, a expectativa é que, se o cronograma de trabalho traçado para 2023 der certo, sem atropelos, a esperada revisão do rating poderá acontecer na próxima avaliação da S&P, no final do ano. Esse caminho não é trivial e inclui a aprovação do arcabouço fiscal, da reforma tributária, redução dos juros, queda da inflação e melhoria das condições de crédito. Para o Tesouro Nacional, o Brasil tem condições de recuperar o grau de investimento (o selo de bom pagador dado pelas agências) em 2026.

O Brasil recebeu pela primeira vez o grau de investimento em abril de 2008, no governo Lula 2, mas o perdeu em setembro de 2015, durante o governo Dilma Rousseff. O anúncio da S&P cria um ambiente favorável para que a agenda de projetos avance. No Ministério da Fazenda, o anúncio foi muito comemorado porque ajuda a reforçar a posição de que a agenda está no caminho certo. A S&P foi a primeira agência a dar o grau de investimento do Brasil e tem como tradição fazer análises mais aprofundadas de médio e longo prazos. Para melhorar a perspectiva do Brasil, levou em consideração as medidas de ajuste para reduzir o déficit de R$ 230 bilhões neste ano para um patamar de R$ 100 bilhões, eventualmente até menor, além de uma nova regra fiscal (o arcabouço) que foi aprimorado pelo Congresso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.