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13/Jun/2023

Resultado do IPCA reforça corte da SELIC em agosto

A desinflação mais intensa do que o esperado em maio sinalizou uma trajetória mais benigna para os preços de alimentos e bens industriais e levou a uma onda de reduções das estimativas do mercado para o IPCA de 2023, com risco, inclusive, de que o índice encerre o ano abaixo do teto da meta (4,75%). Como consequência, ganhou força a expectativa de que o Banco Central inicie o ciclo de cortes da taxa Selic em agosto. O IPCA desacelerou de 0,61% em abril para 0,23% em maio. No acumulado de 12 meses, passou de 4,18% para 3,94%, aquém da linha de 4% pela primeira vez desde outubro de 2020. Métricas subjacentes, como a média dos núcleos e os serviços, também arrefeceram mais do que o indicado pelo consenso dos analistas. Após o resultado, ao menos 13 instituições do mercado anunciaram revisões nas projeções para a inflação de 2023, algumas para baixo na linha de 5%, a exemplo de UBS BB (5,0% para 4,9%), Warren Rena (5,0% para 4,8%) e Garde Asset (5,1% para 4,9%).

Outras, como Credit Suisse e Nova Futura Investimentos, fizeram revisões mais modestas, mas anteciparam a projeção de início do ciclo de cortes da taxa Selic de setembro para agosto. No seu relatório de revisão de cenário, o UBS BB nota que ainda há um viés de baixa na sua projeção para o IPCA de 2023, devido à intensa deflação observada nos preços de atacado. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), por exemplo, acumula deflação de 8,89% nos 12 meses encerrados em maio, a mais intensa da série histórica, com quedas de 7,50% nos produtos industriais e de 12,33% nos agropecuários. Há espaço para mais descompressão e parte disso será repassado ao IPCA, corroborando a projeção da UBS BB abaixo do consenso para 2023. Em um cenário de inflação negativa nos alimentos ou mais baixa nos bens industriais, a inflação de 2023 pode acabar mais próxima do topo da meta (4,75%).

A Warren Rena revisou as estimativas devido a uma perspectiva mais benigna para a inflação de alimentos (3,3% para 2,6%) e bens industriais (2,1% para 1,7%), estes últimos beneficiados também pelo programa anunciado pelo governo para reduzir os preços de automóveis. Com a desinflação no atacado, a economista afirma que há chance de um IPCA ainda mais baixo que o previsto este ano. Há uma “gordura” no número, porque, quando é colocada no modelo de alimentação no domicílio todo o movimento de commodities em Reais, poderia chegar facilmente em algo em torno de 1,5%. O cálculo é de um impacto negativo adicional de 0,20% no resultado do ano caso esse risco de cauda se concretize, que levaria a projeção de IPCA de 2023 a 4,60%, abaixo do teto da meta. Outros vetores, porém, limitam o espaço para uma desinflação mais forte. Entre eles, o risco inflacionário criado pelo fenômeno El Niño, que pode atingir o País a partir do quarto trimestre.

O mercado de trabalho aquecido também indica chance de aumento da renda disponível da população, o que pode pressionar a inflação no final do ano. Há espaço para uma queda nos próximos meses das medianas do relatório Focus para o IPCA de 2023 e de 2024, de 5,69% a um nível próximo de 5,20% e de 4,12% para perto de 4,0%, respectivamente. Isso tende a acontecer nos próximos meses, mas não na semana que vem, porque o Focus reage com uma defasagem. A mediana para 2024 também tende a esperar a decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) sobre as metas. A expectativa de inflação mais baixa do que o esperado também favoreceu as expectativas de início do ciclo de cortes da taxa Selic em agosto, conforme já indica a curva dos juros futuros. O Credit Suisse, por exemplo, diminuiu a projeção para o IPCA de 2023 de 5,5% para 5,0% e passou a esperar cortes da Selic no mês, reduzindo a expectativa para a taxa básica de juros no fim deste ano de 12,5% para 12,0%.

Em termos de política monetária, o CMN não deve mudar as metas de inflação na reunião de junho, o que deve ancorar as expectativas do mercado. Além disso, a inflação corrente e a tendência para os próximos meses melhores do que o esperado levou a revisar a projeção de início do ciclo de cortes. A Nova Futura Investimentos também antecipou a expectativa de início dos cortes e passou a prever uma redução de 0,25% nos juros a partir de agosto, o que levou a uma redução da projeção para o final do ano de 12,25% para 12,0%. A projeção para o IPCA do ano foi ajustada, preliminarmente, de 5,23% para 5,10%. No entanto, há um risco baixista para esse cenário, o Copom pode iniciar o ciclo com um corte de 0,50%, especialmente pelas quedas contratadas pelo IPA altamente deflacionário. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.