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13/Jun/2023

Carro popular é incompatível com a agenda verde

Apesar de ter sido eleito com a promessa de que a agenda verde teria uma posição transversal nas avenidas de crescimento do Brasil, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem apelado a soluções antigas para dar combustível ao Produto Interno Bruto (PIB) doméstico. Um exemplo é a proposta para volta dos carros populares, com menos tecnologia embarcada e, possivelmente, menos sustentáveis. Enquanto isso, Estados Unidos e países da Europa têm acelerado a roda de suas economias colocando muito dinheiro na pauta sustentável e que contribuam para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, principais causadores das mudanças climáticas. Além de destinar bilhões de dólares para turbinar a indústria de baixo carbono por meio da lei 'Inflation Reduction Act', o governo de Joe Biden quer dificultar a produção de veículos a gasolina nos Estados Unidos. Em abril, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) anunciou regras mais duras para padrões de poluição de carros e caminhões no país e para acelerar a transição para veículos limpos, uma das principais agendas do democrata para combater a crise climática.

Dentre os objetivos traçados pelos Estados Unidos, a expectativa é de que até 2032 dois terços dos automóveis vendidos no país rodem tendo a energia elétrica como combustível. Para vans, a meta é de que a 'cota limpa' represente quase metade das vendas até lá. Somadas, as novas regras, que devem ser concluídas até o fim deste ano, devem evitar quase 10 bilhões de toneladas de emissões de CO², mais do que os Estados Unidos emitiram em 2022. A administração Biden já deixou claro que a intenção é promover exatamente esses carros que vão reduzir as emissões de carbono. No front econômico e político brasileiro, a volta dos carros populares desperta críticas. A medida foi anunciada no Brasil no 5 de junho, quando é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. De acordo com o Goldman Sachs, o tema é complexo, mas é necessário avançar na agenda de uma transição energética. Subsidiar automóvel e gasolina não parece uma agenda verde. Apesar disso, o petróleo é uma riqueza do Brasil, que ainda não pode se dar ao luxo de desprezá-la.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, desde que Biden assumiu a presidência, o número de veículos elétricos no país triplicou. Por sua vez, a quantidade de modelos disponíveis dobrou. Os Estados Unidos contam hoje com mais de 130.000 carregadores públicos em todo o país, rede que é 40% maior a que existia em 2020, segundo a EPA. Antes dos Estados Unidos, a Europa saiu na frente e determinou o fim dos carros movidos a combustíveis fósseis na próxima década. Em fevereiro, o Parlamento Europeu aprovou o acordo estabelecido no passado e que estabeleceu a meta de derrubar os gases de efeito estufa para cerca de metade até 2030 e bater os 100% até 2035. Embora evite criticar o Brasil, os Estados Unidos elogiam os avanços da União Europeia em direção à uma pauta mais verde. É muito importante para os Estados Unidos chegar aos objetivos fechados no Acordo do Clima de Paris e na COP 27. Os Estados Unidos vão continuar avançando e está satisfeito com outros grupos e países, como os da União Europeia, que também estão investindo em ações para agilizar a transição energética, afirmou o governo norte-americano.

O Goldman Sachs destaca o trunfo da agenda verde para reinserir o Brasil na comunidade internacional, um dos principais objetivos de Lula em seu terceiro mandato. Tudo o que o governo fizer nessa direção é acertado, mas subsidiar automóveis a gasolina não vai nesse sentido. Também não há sentido na volta dos carros populares, uma vez que a indústria automobilística não está em crise. O nível de estoques e de vendas está superior ao pré-pandemia. Então, também não parece que seja uma indústria que esteja passando por uma crise estrutural violentíssima que necessite de um subsídio público. A Secretária de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, e que foi ministra em gestões petistas anteriores, Marta Suplicy, criticou a medida defendida pelo governo Lula para trazer os carros populares de volta ao Brasil. segundo ela, o mundo caminha em outra direção e gastar recursos em poluição e em meios de transportes individuais à medida que é possível ter alternativas como ônibus melhores, corredores de ônibus, ciclovias, bicicletas, seria mais sensato.

Nos Estados Unidos, o projeto de lei que prevê destinar US$ 369 bilhões à segurança energética e combate às mudanças climáticas na maior economia do mundo, assinado por Biden em agosto do ano passado, tem causado impactos positivos dentro e fora do país. Ações de empresas que lidam com lixo nos Estados Unidos, como Waste Management e Republic Services, estão com altas recordes desde então, mostrou matéria recente do americano 'The Wall Street Journal'. Além delas, a brasileira Ambipar Response capitaneou a primeira abertura de capital na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) neste ano, de olho exatamente no potencial do segmento de gestão de crises ambientais em meio à agenda de Biden. Segundo o Grupo Ambipar, o espaço nos Estados Unidos é muito grande. Segundo a Petrobras, a lei capitaneada pela gestão democrata é um 'benchmark' para investimentos na América Latina. Infraestruturas como a 'Inflation Reduction Act' podem ser um benchmark na discussão de modelos para estimular investimentos responsáveis no setor de óleo e gás. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.