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13/Jun/2023

Meio Ambiente: graves impactos do degelo do Ártico

De acordo com recente estudo publicado pela Nature Communications, o Oceano Ártico não apresentará mais gelo marinho no verão a partir da década de 2030 em decorrência das emissões ainda elevadas de gases do efeito estufa. A pesquisa antecipa em pelo menos uma década este grave cenário, para o qual seus autores não veem mais remédio. A consequência será percebida em todo o planeta, na forma de ondas de calor, chuvas e secas extremas e incêndios cada vez mais frequentes e devastadores. Não há economia, território nem população imunes a esses efeitos. O Ártico sem gelo nos meses de setembro, fim do verão no Hemisfério Norte, induz à aceleração de seu próprio aquecimento e diminui a capacidade de o planeta refletir os raios solares. Essa situação produz um componente tão preocupante quanto esses. O derretimento mais rápido do permafrost, as áreas congeladas de solo e detritos orgânicos, liberará maiores volumes de dióxido de carbono e metano na atmosfera.

Funcionará, portanto, como um sistema de retroalimentação do degelo e do aquecimento global. O quadro exposto na pesquisa “Observationally-constrained projections of an ice-free Arctic even under a low emission scenario” é resultado inquestionável da ação humana. O alerta aumenta a pressão sobre líderes mundiais em torno de compromissos mais assertivos e ambiciosos durante a COP 28, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima marcada para dezembro, em Abu Dabi. Em especial, sobre a redução efetiva e em prazo mais curto do uso de combustíveis fósseis e sobre a ajuda financeira dos países mais ricos à transição energética dos menos desenvolvidos. Na tomada de decisões em Abu Dabi, os líderes devem considerar a hipótese muito provável de esse cenário vir a ser pior. Os cientistas valeram-se do quadro mais otimista desenhado pelo quase esquecido Acordo de Paris, de 2015, como base para suas simulações. Ou seja, de que a temperatura média do mundo não se elevará acima de 2°C até o fim do século, em comparação à verificada no início da Revolução Industrial, nem ultrapassará o limite de 1,5°C até 2030.

Postergar o degelo do Ártico ainda é possível, segundo os cientistas, mas dependeria de um esforço coletivo bem mais robusto para que o aumento de 1,5°C não se dê em tão breve prazo. As perspectivas, porém, são mínimas. Em recente relatório, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) prevê essa marca atingida cinco anos antes, em 2028. Na preparação da COP 28, os Estados Unidos e outros países se articulam para atingir a meta de desembolso de R$ 100 bilhões para o fundo para a transição climática. Esse objetivo fora traçado no Acordo de Paris, e relegado às gavetas pelas maiores economias. Está claro que os países desenvolvidos e os maiores emissores terão, desta vez, de apresentar compromissos mais custosos para si. No caso do Brasil, espera-se o efetivo combate ao desmatamento dos biomas nacionais como melhor contribuição para adiar essa sina do distante Ártico. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.