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09/Jun/2023

El Niño: estudo aponta potenciais perdas globais

De acordo com estimativas de estudo na revista Science, os custos econômicos do El Niño neste século chegarão a US$ 84 trilhões (R$ 413 trilhões), mesmo que as promessas de corte de emissões de gases do efeito estufa sejam cumpridas. Até 2029, o fenômeno, previsto para se iniciar nos próximos meses pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), das Nações Unidas, deve causar perdas de até US$ 3 trilhões (R$ 14.7 trilhões). Os custos excedem em muito as perdas calculadas por pesquisas anteriores. Países tropicais, como o Brasil, teriam danos maiores. Diferentemente dos trabalhos anteriores, o estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Dartmouth (EUA) avalia os custos a longo prazo do El Niño, que podem persistir por vários anos após a ocorrência.

Eles mediram as consequências após o fenômeno em 1982-1983 e 1997-1998, dois dos mais intensos já registrados. Os resultados: US$ 4,1 trilhões (R$ 20 trilhões) e US$ 5,7 trilhões (R$ 28 trilhões), respectivamente, em perdas globais de renda se seguiram aos eventos. O El Niño se caracteriza pelo aquecimento anormal do Oceano Pacífico equatorial, mas as alterações climáticas causadas pela atividade humana tendem a intensificar seus efeitos. Com a La Niña ocorre exatamente o contrário: o resfriamento das águas do Pacífico. Como um El Niño pode desencadear um La Niña subsequente (fenômeno de resfriamento das águas do Pacifíco), a análise leva em consideração tanto os efeitos negativos do El Niño quanto os benefícios do La Niña seguinte.

Os danos à economia podem envolver perdas de safra, por exemplo, piores no agronegócio após secas, redução na pesca, gastos relativos a grandes inundações e escalada de doenças tropicais (a exemplo da dengue). E se os valores das perdas econômicas parecem altos demais, os pesquisadores fazem uma ressalva no estudo. Como esses eventos coincidiram com crises cambiais não relacionadas, foi usado um modelo excluindo esses eventos para calcular de forma mais conservadora seus impactos. Os resultados sugerem que provavelmente haverá grande impacto econômico, que deprime o crescimento em países tropicais durante, potencialmente, até uma década. O resultado pode ser de trilhões de dólares em produtividade perdidos globalmente em relação a um mundo sem este El Niño.

O último ciclo do El Niño (2014-2015) contribuiu para que um ano depois, em 2016, as temperaturas do planeta fossem as mais elevadas registradas. Neste ciclo, então, os seus piores efeitos também poderiam ser sentidos com certo atraso, o que a OMM prevê que aconteça em 2024. No Hemisfério Norte, o aumento da temperatura das águas favorece o desenvolvimento de furacões no Pacífico, mas dificulta a formação deles no Atlântico. Nas últimas semanas, alguns dos países que podem ser vistos como potencialmente afetados pelo El Niño já começaram a emitir alertas de chuvas em algumas regiões. De acordo com a pesquisa, a atividade econômica global nas décadas seguintes ao fenômeno tem uma característica comum: o crescimento econômico desacelerado que se prolonga por mais de cinco anos.

Países equatoriais como Brasil, Equador e Indonésia perderam entre 5% e 19% dos Produtos Internos Brutos (PIB) após o fenômeno registrado entre 1997 e 1998. Os pesquisadores alertam que os custos associados à prevenção costumam ser considerados altos, mas os resultados mostram que, se comparados ao custo decorrente de não fazer nada, esses valores são bem menores. Embora a mitigação do clima seja essencial para reduzir os danos acumulados pelo aquecimento, é imperativo dedicar mais recursos à adaptação ao El Niño nos dias atuais. Segundo a OMM, é grande a possibilidade de que o El Niño, tradicionalmente associado ao aumento de temperaturas, seja registrado em breve e produza ao menos dois anos de maior calor, depois de ter atingido o planeta entre 2015 e 2022, os oito anos mais quentes já registrados.

Espera-se um grave aumento da temperatura global nos próximos dois anos. No entanto, é preciso esperar por novos estudos para quantificar este aumento do aquecimento. Segundo o relatório, o fenômeno El Niño, que em algumas regiões do planeta costuma ser acompanhado por enchentes e em outros por seca, tem 60% de chance de se desenvolver antes de julho, e a probabilidade aumenta para 80% até setembro. No Brasil, pesquisadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam a formação do fenômeno El Niño nos próximos meses, o que pode aumentar as temperaturas e provocar estiagem em partes das Regiões Norte e Nordeste do Brasil. No outro extremo, em algumas partes da Região Sul, o fenômeno deve causar excesso de chuvas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.