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07/Jun/2023

Inflação cai em maio com pressão de commodities

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou queda de 2,33% em maio, após uma redução de 1,01% em abril. O resultado do indicador ficou abaixo do intervalo das previsões do mercado financeiro. Com o resultado, o IGP-DI acumulou uma redução de 3,56% no ano. Em 12 meses, houve recuo de 5,49%. A FGV informou ainda os resultados dos três indicadores que compõem o IGP-DI. O IPA-DI, que representa o atacado, teve redução de 3,37% em maio, ante uma queda de 1,56% em abril. O IPC-DI, que apura a evolução de preços no varejo, subiu 0,08% em maio, após alta de 0,50% em abril. O INCC-DI, que mensura o impacto de preços na construção, teve elevação de 0,59% em maio, depois da alta de 0,14% em abril. O período de coleta de preços para o índice de maio foi do dia 1º ao dia 31 do mês. O IGP-DI saiu de uma redução de 1,01% em abril para um recuo de 2,33% em maio. Com este resultado, o índice acumulou queda de 5,49% em 12 meses. Em maio de 2022, o índice tinha subido 0,69% e acumulava elevação de 10,56% em 12 meses.

A queda dos preços do Diesel (de -3,85% para -14,82%) e de commodities, especialmente do minério de ferro (de -7,94% para -11,89%) e do milho (de -8,06% para -16,85%), explicam o aprofundamento da deflação ao produtor. No âmbito do consumidor, as maiores contribuições para a desaceleração do índice partiram de passagens aéreas (de -3,67% para -17,91%) e gasolina (de -0,38% para -1,97%). Na construção civil, a aceleração foi conduzida por acordos coletivos que justificam o acréscimo registrado pela mão-de-obra, cuja variação foi de 1,22% em maio. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI) passou de uma redução de 1,56% em abril para um recuo de 3,37% em maio. Na análise por estágios de processamento, o grupo Bens Finais arrefeceu de 0,77% em abril para -0,71% em maio, tendo como principal responsável o item combustíveis para o consumo, cuja taxa passou de 0,40% para -6,60%. O grupo Bens Intermediários caiu de -0,89% em abril para -3,24% em maio, puxado pelo subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, cuja taxa passou de -2,85% para -12,28%.

O grupo das Matérias-Primas Brutas recuou de -4,45% em abril para -6,11% em maio, com contribuição dos itens: milho em grão (de -8,06% para -16,85%), bovinos (de 1,84% para -5,25%) e minério de ferro (de -7,94% para -11,89%). Em sentido oposto, as taxas foram mais elevadas na soja em grão (de -9,89% para -7,71%), aves (de -1,10% para 0,08%) e leite in natura (de 2,55% para 3,43%). As quedas nos preços da passagem aérea (-17,91%) e da gasolina (-1,97%) deram as principais contribuições para a desaceleração da inflação no varejo medida pelo IGP-DI de maio. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI) saiu de uma alta de 0,50% em abril para uma elevação de 0,08% em maio. Seis das oito classes de despesa registraram taxas de variação mais baixas: Educação, Leitura e Recreação (de -0,62% em abril para -3,37% em maio), Saúde e Cuidados Pessoais (de 1,51% para 0,73%), Transportes (de 0,19% para -0,22%), Alimentação (de 0,67% para 0,41%), Comunicação (de 0,60% para 0,22%) e Vestuário (de 0,52% para 0,46%).

As principais contribuições partiram dos itens: passagem aérea (de -3,67% para -17,91%), medicamentos em geral (de 3,23% para 0,81%), gasolina (de -0,38% para -1,97%), frutas (de -0,33% para -1,76%), tarifa de telefone móvel (de 1,60% para 0,62%) e calçados (de 1,13% para 0,72%). Na direção oposta, as taxas foram mais elevadas nos grupos Habitação (de 0,48% para 0,85%) e Despesas Diversas (de 0,20% para 0,94%), sob influência dos itens: taxa de água e esgoto residencial (de 0,00% para 2,58%) e jogo lotérico (de 0,42% para 11,77%). O núcleo do IPC-DI passou de alta de 0,35% em abril para elevação de 0,38% em maio. Dos 85 itens componentes do IPC, 35 foram excluídos do cálculo do núcleo. O índice de difusão, que mede a proporção de itens com aumentos de preços, passou de 69,68% em abril para 62,90% em maio.

A deflação de 2,33% apurada pelo IGP-DI em maio foi a mais acentuada desde abril de 1947, quando havia recuado 2,59%. A deflação de 5,49% acumulada em 12 meses foi a mais forte da série histórica iniciada em 1944. Antes de 1994, eram raríssimas as deflações. O que vale mesmo é o resultado de 1994 para frente, depois da implementação do Plano Real. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI) registrou um recuo de 3,37% em maio, acumulando uma redução de 8,89% em 12 meses. Ambas as taxas também são as mais negativas já vistas na série histórica. Tem uma concentração muito grande de quedas de preços em grandes commodities: minério de ferro com queda muito forte, milho com queda forte, bovinos com queda forte.

As grandes commodities que caíram respondem por cerca de 20% do IPA: minério de ferro, soja, milho, bovino. No mês de maio, no atacado, o minério de ferro ficou 11,89% mais barato. O preço do milho em grão caiu 16,85%, o da soja recuou 7,71%, e os bovinos encolheram 5,25%. A valorização do Real ante o dólar também ajudou nessa deflação. As commodities são cotadas em dólar. Com o Real mais forte, é possível comprar mais quantidade do que comprava antes. Não se descarta novas quedas de preços em junho e julho, mas reduções tão profundas não devem se repetir. A probabilidade de novos recordes de deflação no mês e em 12 meses em junho vem diminuindo. Pode ter queda, mas mais branda. Já está mais próximo de cessarem essas taxas negativas muito profundas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.