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06/Jun/2023

Mercado de Trabalho: Brasil testará jornada de 4 dias

O primeiro projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho começa em novembro no Brasil. O modelo é fomentado pela 4 Day Week Global, entidade que incentiva os trabalhadores a discutirem o tema com suas empresas (e sem redução de salário). Se tiver essa conversa com seu empregador, além dos benefícios sociais, à saúde e à produtividade, um bom argumento é o impacto positivo da medida para frear o aquecimento global, como aponta uma série de estudos. Ainda que os efeitos das mudanças climáticas tendam a ser desiguais e maiores entre os mais pobres, como mostram os relatórios das Nações Unidas, patrões ou empregados não têm como escapar deles. Em um mundo 1,1ºC mais quente em relação aos níveis pré-industriais, um dia a menos de trabalho por semana significa menos deslocamentos, gasto de energia, combustíveis fósseis e potenciais mudanças de hábitos. Isso se traduz em níveis mais baixos de emissões de gases do efeito estufa, principalmente dióxido de carbono (CO²), causadores das mudanças climáticas.

Essa é uma das conclusões de uma pesquisa da Universidade de Reading, na Inglaterra. Publicado em novembro de 2021, e realizado com 2 mil funcionários e 500 líderes empresariais, o estudo afirma que, se todas as empresas e organizações do Reino Unido passassem a adotar a semana de quatro dias, os deslocamentos para o trabalho diminuiriam em mais de 1 bilhão de quilômetros por semana. O estudo também aponta que essas empresas economizaram cerca de 2,2% do faturamento total (R$ 6,4 bilhões) ao reter talentos e aumentar a produtividade. Além disso, mais de dois terços das empresas dizem acreditar que uma semana de quatro dias será importante para o futuro da companhia e 75% dizem que a maior barreira para adotar o modelo é garantir a disponibilidade para seus clientes. Estudo da 4 Day Week Global e da Plataform London, ONG focada em justiça ambiental, apontou que a mudança para a jornada de quatro dias, sem perda de salário, tem potencial para diminuir a pegada de carbono do Reino Unido em 127 milhões de toneladas até 2025.

Segundo o levantamento, isso representa redução de 21,3%, e é mais do que toda a pegada de carbono da Suíça. Também equivale a retirar 27 milhões de carros das ruas, quase a totalidade da frota de veículos particulares do país. O modelo proposto internacionalmente é o de escalonar o dia a mais de descanso às sextas-feiras e às segundas-feiras. Assim, o trabalhador tem sempre quatro dias de trabalho e três de folga seguidos, sem que a empresa pare as atividades um dia a mais. E o receio dos 75% dos empresários entrevistados pela pesquisa da Universidade de Reading não se comprovou na experiência brasileira. O feedback dos clientes também foi positivo. Uma pesquisa da Universidade de Massachusetts (EUA), de 2012, analisou as emissões de mais de duas dúzias de países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) entre 1970 e 2007. A constatação é que, se a jornada fosse reduzida em 10%, emissões de gás carbônico seriam 4,2% menores.

Se a redução fosse de 25%, a taxa cairia 10,5%. Países como Holanda, Nova Zelândia, Suécia, Irlanda, Noruega e Emirados Árabes, além do Reino Unido, já adotam jornadas menores ou mediram seus benefícios. E, em novembro, as empresas brasileiras terão a oportunidade de testar o modelo em estudo pioneiro no País conduzido pela 4 Day Week Global, em parceria com a Reconnect Happiness at Work. Os resultados serão analisados pelo Boston College. Em junho e julho, serão realizadas sessões de informações para as empresas interessadas. Em setembro, começará a preparação das empresas para começar o piloto em novembro, por seis meses. Os ganhos para a saúde e o bem-estar já são claros. Segundo pesquisa com os funcionários da Vockan Consulting, que já adota o modelo, o aumento geral da satisfação, que engloba gestão do tempo, saúde física e mental, realização de tarefas pessoais, entre outras, foi de 54% (antes do projeto) para 70% (depois). A percepção sobre a qualidade de vida passou de 57% a 86%. O índice sobre o nível de felicidade aumentou em 43% e o de produtividade, em 23%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.