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02/Jun/2023

Agropecuária tem forte alta e puxa o PIB do Brasil

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desempenho extraordinário da agropecuária contribuiu com cerca de 1,7% para a alta de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro de 2023 ante o quarto trimestre de 2022. É uma contribuição muito relevante. Não é possível neutralizar a contribuição da Agropecuária para a atividade econômica, uma vez que o setor também rebate em outras atividades da cadeia produtiva. O PIB agropecuário avançou 21,6% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao quarto trimestre de 2022, impulsionado por uma safra recorde de grãos, especialmente de soja. A soja tem um peso muito grande no ano inteiro na safra agrícola, mas principalmente no primeiro trimestre. A Agropecuária puxou o PIB do primeiro trimestre mesmo não pesando tanto na economia como um todo. O PIB Agropecuário responde por cerca de 8% do PIB total. O padrão costuma ser o PIB acompanhar a variação do setor de Serviços, que responde por 70% da atividade econômica. Teve crescimento tanto por soja quanto pela colheita de milho.

Os produtos agropecuários ainda não são destaque da exportação, provavelmente serão no segundo trimestre. O pico da exportação da agropecuária será mais tarde no ano. No entanto, o setor externo já contribuiu positivamente para o PIB no primeiro trimestre: as exportações caíram menos do que as importações. Segundo a Tendências Consultoria, o resultado do PIB da Agropecuária no primeiro trimestre de 2023 ficou levemente acima da expectativa, especialmente por um impulso do setor de pecuária, que não era previsto. Dados prévios do IBGE mostram um aumento de mais de 13% no número de abates este ano (2022/2023 ante 2021/2022) e é significativo porque houve um embargo nas exportações para a China (em março deste ano, em virtude de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina). Mesmo com a suspensão das exportações, houve aumento do abate de bovinos, um aquecimento da pecuária no primeiro trimestre. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE), o resultado pode ser explicado pelo bom desempenho de produtos da lavoura com safra relevante no primeiro trimestre e pela produtividade.

Embora a pecuária tenha surpreendido, o motor do PIB da Agropecuária neste período foi a soja. A produção nacional de soja deve somar 149,1 milhões de toneladas no ciclo 2022/2023, alta de 24,7% em relação ao registrado há um ano. O resultado é inferior ao que prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que estima alta de 23,3%. Outras culturas também são positivas, mas o peso da soja neste início de ano é muito forte. A estimativa da Tendências Consultoria é de que o PIB da Agropecuária encerre o ano de 2023 com crescimento de 6,5% na comparação com 2022. Cana-de-açúcar, milho e café devem puxar as estimativas nos próximos trimestres. A Conab estima produção de milho total (somando as três safras anuais) 11,9% superior no ciclo 2022/2023. A oferta de cana-de-açúcar e café deve aumentar em 6,5% e 30,5%, respectivamente. Com essa composição e destaques da agropecuária, com a recuperação da produção de leite, os próximos trimestres não devem registrar aumentos superiores ao primeiro trimestre, mas vão ficar acima do que registravam há um ano.

Não haverá uma sequência de aumento nessa intensidade do primeiro trimestre de 2023, porque a soja já foi colhida. Segundo a StoneX, o avanço de 18,8% no resultado do PIB da Agropecuária para o primeiro trimestre de 2023, na comparação com igual período do ano anterior, já era esperado. O ano de 2022 foi de quebras expressivas para safra de grãos, principalmente associadas à soja, “carro-chefe” na produção vegetal do Brasil e motor do PIB no primeiro trimestre do ano, momento que sucede a colheita. Qualquer ajuste na cultura de soja acaba tendo um impacto magnificado no resultado do PIB, por ser tão representativa. No primeiro trimestre do ano, o IBGE indicou que houve recuperação de 24,7% na produção de soja no País, o que ajudou a impulsionar os resultados. Grande parte dos 18,8% de alta do PIB no trimestre veio dos 25% de crescimento da soja. Também é importante destacar o papel do milho para o índice. O grão teve crescimento na produção anual e ganho de produtividade de 8,8% no período. Para o consolidado de 2023, a StoneX espera que o valor agregado do PIB da Agropecuária fique 10% acima do registrado há um ano e prevê que os próximos trimestres do ano também terão resultados positivos.

A tendência é que agora, com a entrada do El Niño, as condições serão favoráveis para a formação da safra de verão (1ª safra 2023/2024). O fenômeno climático, previsto para o segundo semestre do ano, tende a aumentar o regime de chuvas no Brasil. O Rio Grande do Sul sofreu nos últimos anos com seca e, em anos de El Niño, há potencial para um volume acentuado de chuvas e recuperação no volume produzido de grãos. O aumento da disponibilidade de grãos neste ano deve reduzir os custos de outros setores da agropecuária, em especial os que utilizam os produtos como matéria-prima para produção de ração. Este é um efeito complementar da recuperação de safra e pode se traduzir como uma redução de custos para os setores de leite, avícola e suinocultura. Como o patamar de preços da soja está menor, será possível começar a notar alguns efeitos e, ao longo ano, deve haver uma recuperação na produção pecuária em função desse ajuste nos custos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.