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02/Jun/2023

Mercado revisará para cima suas projeções do PIB

A Capital Economics aumentou a sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 1% para 2,3% após a surpresa positiva com a expansão de 1,9% da atividade na margem no primeiro trimestre. O dado deixou carrego estatístico positivo de 2,4% para o ano. O resultado foi muito maior do que o consenso e foi a leitura mais forte nos últimos 15 anos, exceto pelas recuperações da pandemia e da crise financeira global. Apesar da surpresa, as aberturas do PIB mostram uma leitura menos positiva do que a indicada pelo número cheio. Boa parte do crescimento foi puxada pela agricultura, que avançou 21,6%, a maior taxa desde 1996. O PIB da indústria caiu 0,1% na margem, enquanto os serviços tiveram alta modesta de 0,6%. Pelo lado da demanda, a desaceleração do crescimento do consumo das famílias, de 0,4% no quarto trimestre para 0,2% nesta leitura, é um sinal de que o impulso à renda das famílias pode ter sido menor do que o esperado.

A queda de 3,4% da Formação Bruta de Capital Fixo vai na mesma direção. De fato, a maior contribuição positiva para o PIB veio das exportações líquidas, mas apenas porque as importações caíram muito (-7,1%). Isso sugere que o crescimento trimestral vai ser significativamente mais fraco nos próximos trimestres. A Capital Economics diminuiu a projeção de crescimento do PIB do País em 2024 de 1% para 0,8%, devido à mudança da base de comparação deste ano. A atividade mais forte do que o esperado no primeiro trimestre também levou a reiterar a projeção de início do ciclo de cortes da Selic, hoje em 13,75%, apenas em novembro, apesar do progresso do arcabouço fiscal e da desaceleração do IPCA. Para a Suno Research, o crescimento acima do esperado do PIB no primeiro trimestre coloca viés para cima na projeção de expansão de 1,4% esperada pela para o dado fechado em 2023. O PIB brasileiro cresceu 1,9% nos três primeiros meses de 2023, na série com ajustes sazonais, bem acima das expectativas do mercado. A Suno estimava avanço de 1,5% para o dado na margem.

Na comparação anual teve crescimento de 4,0%. O resultado mostra que a economia foi puxada pelo lado da oferta nesse início de ano. Sob a ótica da produção, é destaque o crescimento expressivo de 21,6% da Agropecuária e de 0,6% de Serviços. O agro foi o principal motor da economia nesse primeiro trimestre. A expansão deveu-se ao aumento da safra 2022/2023, principalmente da soja, queda nos custos de produção, melhores condições climáticas, alta das exportações e os preços favoráveis das commodities. Serviços, setor que representa quase 70% do PIB, surpreendeu positivamente nos últimos meses, mostrando uma dinâmica mais resiliente devido, principalmente, à melhora do segmento de Transportes, apesar da dissipação dos efeitos da reabertura da economia. Pela ótica da demanda, ressalta-se o crescimento do consumo das famílias e do governo que registraram altas de 0,2% e 0,3%, respectivamente. Para o restante do ano, a Suno espera maior estabilidade do PIB, sentindo os efeitos do aperto monetário, a dissipação dos efeitos do agronegócio e o cenário externo de menor crescimento.

Segundo a Kínitro Capital, após a surpresa positiva com o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre do ano, a projeção de crescimento de 1,8% em 2023 deve ser revisada para cima em breve, podendo superar a barreira dos 2,0%. O crescimento no primeiro trimestre já deixa um carrega positivo de 2,4% para o ano, então essa atividade pode possivelmente caminhar para cima de 2,0%, mantendo as demais premissas constantes. Nos primeiros três meses do ano, o PIB cresceu 1,9%, na comparação com o último trimestre de 2022. A alta da atividade foi impulsionada pelo crescimento de 21,6% do PIB da Agropecuária e pelo avanço de 0,6% nos Serviços. A Indústria, em contrapartida, contraiu 0,1% no período. Já era esperado um crescimento forte do agro, mas ele foi ainda mais intenso. O avanço dos Serviços e a contração da indústria vieram como o esperado. O que ficou claro foi o efeito transbordamento da agropecuária para os demais setores. Pelo lado da demanda, no entanto, houve surpresa negativa com a intensidade da queda da formação bruta de capital fixo no trimestre, de 3,4% nesta leitura.

O resultado do PIB no trimestre deve fazer com que haja reavaliação dos cenários do Banco Central para a atividade econômica do País. Nas duas últimas comunicações, o Banco Central já vinha alertando para esse aquecimento da atividade, com destaque para o mercado de trabalho. Esse PIB mais alto, agora, vai forçar uma elevação para cima nas estimativas para o ano. Essa alteração, contudo, não deve alterar a avaliação do Banco Central sobre a condução da política monetária. Se por um lado há essa atividade forte, pelo outro, deve ter alívio inflacionário nos preços ao consumidor por conta das sucessivas quedas no atacado, especialmente dos alimentos. A projeção da Knitro é de início do ciclo de afrouxamento monetário na reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom). Os cortes na Selic, no entanto, seguem dependendo da manutenção das metas de inflação nos atuais patamares na reunião de junho do Conselho Monetário Nacional (CMN).

A XP Investimentos, após o desempenho acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2023, que cresceu 1,9%, deve revisar em breve sua projeção do PIB do ano, hoje de 1,4%, podendo subir para uma faixa entre 2,0% e 2,5%. O resultado do PIB veio acima da projeção da XP, de crescimento de 1,4%. Já era esperado um desempenho forte vindo do setor agropecuário, mas o resultado foi ainda melhor que o esperado. O agro se confirmou como protagonista e grande destaque do primeiro trimestre. Porém, o forte desempenho do PIB no começo do ano esteve concentrado em setores menos sensíveis ao ciclo econômico, caso da agropecuária e da indústria extrativa, que cresceu 7,7% no trimestre. Tendo em vista esses fatores, a XP permanece apostando que o começo do ciclo de cortes da Selic deve acontecer em agosto, com a taxa fechando o ano em 12%. A primeira avaliação é de que isso não muda a visão do Banco Central.

Na composição do PIB, o que surpreendeu foi a safra recorde de grãos e já há reflexo na inflação de alimentos, com os analistas revisando a projeção de alimentação no domicílio no ano para baixo, devido à disponibilidade de oferta. Mas, outros grupos de preços, especialmente de serviços, ligados à atividade econômica, continuam resistentes, com desinflação mais lenta. Não estão descartas mudanças à frente caso outros setores da atividade econômica como serviços e indústria comecem a apresentar resultados também surpreendentes. Para o PIB do segundo trimestre, a XP por ora espera crescimento modesto de 0,1%, em função da base de comparação estatística, mas também pela ideia de que a economia está desacelerando como um todo, apesar do desempenho positivo apresentado pelo setor agropecuário. Segundo a G5 Partners, a expansão de 1,9% do PIB no 1º trimestre estabelece uma taxa de carrego de 2,4% para o restante do ano. Isso significa que mesmo que todos os próximos trimestres venham a apresentar crescimento nulo, a economia ainda fechará o ano crescendo 2,4%.

Se anualizado, o PIB do primeiro trimestre cresce a uma taxa de 4% acima do que o mercado esperava. Diante disso, a G5 Partners revisou a previsão para o crescimento do PIB em 2023 de 1,5% para 2,3%. Como já era amplamente esperado, o principal destaque, pelo lado da oferta, foi o setor agropecuário com um crescimento de 21,6% na comparação trimestral, sendo responsável por 1,7% do crescimento desta base de comparação. Essa concentração do resultado positivo no ramo agropecuário coloca em dúvida a sustentação deste movimento, e a perspectiva para os próximos trimestres é de que o PIB fique mais perto da estabilidade. A expansão foi motivada pela safra 2022/2023, que cresceu 15% em relação à anterior, e pela sazonalidade, que faz com que a produção de soja e parte da de milho seja colhida no 1º trimestre. Ainda no lado da oferta, os serviços cresceram 0,6% contra o quarto trimestre de 2022, também influenciado pelos bons fluidos do setor agrícola, com destaque para o transporte de cargas e o setor de armazenamento.

Contribuiu também para esse resultado positivo, o aumento do Bolsa Família e do salário-mínimo, além da resiliência do mercado de trabalho. Já a indústria, setor mais atingido pelos juros altos, apresentou queda de 0,1% na comparação trimestral, e só não foi pior porque as indústrias extrativas subiram 2,3%. A indústria de transformação caiu 0,6%. Pelo lado da demanda, a grande surpresa foram as exportações, com queda de 0,4%. Provavelmente o aumento do volume de vendas não foi suficiente para compensar a queda nos preços. Entretanto, como houve uma queda de 7,1% das importações, a contribuição do setor externo para o resultado acabou sendo positiva. As importações entram com sinal trocado, contribuindo com 1,6% para o crescimento do PIB. O exemplo de que o crescimento foi muito concentrado no setor externo foi que a absorção interna, que dá a "sensação" de crescimento contribuiu com apenas 0,5% para o resultado do PIB no 1º trimestre, com destaque para a queda de 2,7% dos investimentos. O consumo das famílias cresceu 0,2% e o consumo do governo 0,3%, um resultado melhor do que o esperado.

O Goldman Sachs decidiu fazer nova revisão para cima em sua projeção para o crescimento do PIB brasileiro neste ano após o número muito além do esperado no primeiro trimestre. Agora, a economia brasileira deve avançar 2,6% em 2023 contra estimativa anterior de alta de 1,75%. Ao crescer 1,9% no primeiro trimestre, o PIB do Brasil apresentou desempenho muito maior do que o consenso indicava, de alta de 2%. Além disso, os dados dos terceiro e quarto trimestres de 2022 foram revisados para cima. Dadas as revisões de dados e a superação do primeiro trimestre, a previsão de crescimento real do PIB em 2023 subiu para 2,6%, de 1,75%. A atividade brasileira está agora 6,4% acima da nível pré-pandêmico. A atividade brasileira deve se beneficiar de estímulos fiscais e expansão da massa salarial real com um mercado de trabalho resiliente no futuro, e ainda o impacto de uma perspectiva favorável para os preços dos alimentos agrícolas.

Na outra ponta, alerta para impactos vindos de condições monetárias e financeiras domésticas apertadas, elevados níveis de endividamento das famílias, moderação na criação de emprego, fraca confiança dos consumidores e das empresas, e incipiente recuperação no ciclo de crédito. Isso deve gerar ventos contrários à atividade após o PIB do primeiro trimestre. A aceleração do PIB durante o primeiro trimestre foi impulsionada pelo consumo privado e contou com uma grande contribuição das exportações líquidas e acúmulo de estoques e foi apenas parcialmente compensada pela queda do investimento. Apesar disso, a demanda doméstica final foi fraca, com queda de 0,5% no período contra retração de 0,1% no quarto trimestre de 2022. Do lado da oferta, a atividade do primeiro trimestre foi impulsionada pelo setor de serviços e grande aumento na produção agrícola.

Para a Ágora Investimentos, o desempenho extraordinário do PIB no primeiro trimestre sugere que a economia brasileira deve crescer 2% ou mais este ano. O mais provável é que as projeções do mercado migrem a este nível. A projeção para o PIB era de 1,4%, mas não é nenhum absurdo falar de um PIB de 2% ou mais este ano. Isso é com a hipótese de que haja um PIB negativo em algum trimestre. Se isso não acontecer, pode ser bem maior do que 2%. Apesar da surpresa, boa parte da expansão foi puxada pelo PIB agropecuário, que avançou 21,6%, na segunda maior expansão da série histórica. Os investimentos recuaram 3,4% na margem, enquanto o consumo das famílias avançou apenas 0,2%, sugerindo que o ritmo de crescimento visto nesta leitura não é sustentável à frente. Como o PIB foi puxado pela expansão da agropecuária e o desempenho da oferta ficou contido, o crescimento do primeiro trimestre não sinaliza pressão inflacionária que obrigue aumento da Selic. O mercado entenderá que esse PIB não é uma ameaça ao cenário de queda da taxa Selic entre agosto e setembro. A Ágora manteve a projeção de início do ciclo de cortes da taxa básica de juros em setembro. O cenário da Ágora indica redução da Selic, hoje em 13,75%, a 12,25% no fim de 2023 e a 10% no fim de 2024. A projeção para o IPCA de 2023 é de 5,6%.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, avalia que o PIB do País pode crescer mais de 2% em 2023. Mesmo se nada acontecer, o Brasil crescerá mais de 2% esse ano. Há projeções de mercado conservadoras, apontando o crescimento de 1,3% do PIB no ano, mas que esse resultado pode chegar a 2,3%. A projeção do Ministério da Fazenda é de avanço de 1,9% do PIB ao final deste ano, mas o bom desempenho do primeiro trimestre já levou a Secretaria de Políticas Econômicas a admitir um viés de alta para a economia brasileira. Tebet destacou que o aquecimento da economia não está gerando inflação. Isso só reforça a tese de que mesmo com a economia mais aquecida, isso não vai impactar a inflação e não haveria razão para não começar, ainda que de modo muito gradual, a diminuir os juros no Brasil. Ao comemorar o avanço de 1,9% do PIB no primeiro trimestre, Tebet destacou o desempenho robusto do agronegócio, alavancado pela safra de soja. O setor de serviços está mantendo um ritmo de crescimento e, em relação à indústria, a reforma tributária fará o setor voltar a crescer. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.