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01/Jun/2023

Taxa de desemprego recua no trimestre até abril

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quarta-feira (31/05) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,5% no trimestre encerrado em abril. Em igual período de 2022, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 10,5%. No trimestre encerrado em março de 2023, a taxa de desocupação estava em 8,8%. A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.891,00 no trimestre encerrado em abril. O resultado representa alta de 7,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 278,8 bilhões no trimestre até abril, alta de 9,6% ante igual período do ano anterior. No trimestre terminado em abril, faltou trabalho para 20,972 milhões de pessoas no País. A taxa composta de subutilização da força de trabalho passou de 18,7% no trimestre até janeiro de 2023 para 18,4% no trimestre até abril.

O indicador inclui a taxa de desocupação, a taxa de subocupação por insuficiência de horas e a taxa da força de trabalho potencial, pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar. No trimestre até abril de 2022, a taxa de subutilização da força de trabalho estava em 22,5%. A população subutilizada caiu 2,5% ante o trimestre até janeiro, 533 mil pessoas a menos. Em relação ao trimestre até abril de 2022, houve um recuo de 19,6%, menos 5,124 milhões de pessoas. A taxa de subocupação por insuficiência de horas trabalhadas ficou em 5,2% no trimestre até abril de 2022, ante 5,3% no trimestre até janeiro. Em todo o Brasil, há 5,053 milhões de trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas. O indicador inclui as pessoas ocupadas com uma jornada inferior a 40 horas semanais que gostariam de trabalhar por um período maior. Na passagem do trimestre até janeiro para o trimestre até abril, houve um recuo de 182 mil pessoas na população nessa condição.

O País tem 1,506 milhão de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas a menos em um ano. A taxa de desemprego no País poderia ter subido mais em abril, não fosse a migração de trabalhadores que perderam emprego para a inatividade. A taxa de desocupação subiu de 8,4% no trimestre terminado em janeiro para 8,5% no trimestre encerrado em abril. No trimestre terminado em abril de 2022, a taxa estava em 10,5%. O País registrou uma extinção de 605 mil vagas no mercado de trabalho em relação ao trimestre encerrado em janeiro, um recuo de 0,6% na ocupação. A população ocupada somou 98,031 milhões de pessoas no trimestre encerrado em abril. Em um ano, mais 1,520 milhão de pessoas encontraram uma ocupação. A população desocupada aumentou em 101 mil pessoas em um trimestre, totalizando 9,095 milhões de desempregados no trimestre até abril. Em um ano, 2,254 milhões de pessoas deixaram o desemprego.

A população inativa somou 67,227 milhões de pessoas no trimestre encerrado em abril, 885 mil a mais que no trimestre anterior. Em um ano, esse contingente aumentou em 2,281 milhões de pessoas. O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) passou de 56,7% no trimestre até janeiro para 56,2% no trimestre até abril. No trimestre terminado em abril de 2022, o nível da ocupação era de 55,8%. O País registrou uma taxa de informalidade de 38,9% no mercado de trabalho no trimestre até abril de 2023. Havia 38,089 milhões de trabalhadores atuando na informalidade no período. Em um trimestre, 365 mil pessoas deixaram de atuar como trabalhadores informais. A extinção de vagas no mercado de trabalho como um todo no período totalizou 605 mil. A redução de informais é mais uma questão sazonal do que uma questão estrutural. É mais fácil dispensar um trabalhador sem vínculo formal.

Em um trimestre, na informalidade, houve redução de 383 mil empregos sem carteira assinada no setor privado, de 15 mil de pessoas no trabalho familiar auxiliar, de 212 mil trabalhadores domésticos sem carteira assinada e de 50 mil empregadores sem CNPJ. Por outro lado, houve elevação de 295 mil pessoas no trabalho por conta própria sem CNPJ. A queda na população ocupada atuando na informalidade em um trimestre foi de 0,9%. Em relação a um ano antes, o contingente de trabalhadores informais recuou em 645 mil pessoas, queda de 1,7%. O trimestre encerrado em abril de 2023 mostrou um fechamento de 6 mil vagas com carteira assinada no setor privado em relação ao trimestre encerrado em janeiro. Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, 1,560 milhão de vagas com carteira assinada foram criadas no setor privado. O total de pessoas trabalhando com carteira assinada no setor privado foi de 36,807 milhões no trimestre até abril, enquanto as que atuavam sem carteira assinada alcançaram 12,725 milhões, 383 mil a menos que no trimestre anterior.

Em relação ao trimestre até abril de 2022, foram criadas 252 mil vagas sem carteira no setor privado. O trabalho por conta própria perdeu 78 mil pessoas em um trimestre, para um total de 25,221 milhões. O resultado significa 326 mil pessoas a menos atuando nessa condição em relação a um ano antes. O número de empregadores encolheu em 79 mil em um trimestre. Em relação a abril de 2022, o total de empregadores é menor em 4 mil pessoas. O País teve um recuo de 189 mil pessoas no trabalho doméstico em um trimestre, para um total de 5,694 milhões de pessoas. Esse contingente é 75 mil pessoas menor que no ano anterior. O setor público teve 146 mil ocupados a mais no trimestre terminado em abril ante o trimestre encerrado em janeiro. Na comparação com o trimestre até abril de 2022, foram abertas 473 mil vagas. A massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 24,372 bilhões no período de um ano, para R$ 278,821 bilhões, uma alta de 9,6% no trimestre encerrado em abril de 2023 ante o trimestre terminado em abril de 2022.

Na comparação com o trimestre terminado em janeiro, a massa de renda real caiu 0,7% no trimestre terminado em abril, com R$ 2,044 bilhões a menos. O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma redução real de 0,1% na comparação com o trimestre até janeiro, R$ 3,00 a menos, para R$ 2.891,00. Em relação ao trimestre encerrado em abril de 2022, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 7,5%, R$ 201,00 a mais. A renda nominal, ou seja, antes que seja descontada a inflação no período, cresceu 2,0% no trimestre terminado em abril ante o trimestre encerrado em janeiro. Já na comparação com o trimestre terminado em abril de 2022, houve elevação de 12,5% na renda média nominal. Cinco das dez atividades econômicas registraram demissões no trimestre encerrado em abril. Na passagem do trimestre terminado em janeiro para o trimestre encerrado em abril, houve geração de vagas em transporte e armazenagem (67 mil), alojamento e alimentação (56 mil) e informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (27 mil), indústria (16 mil) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (136 mil).

As demissões ocorreram na construção (-155 mil), outros serviços (-121 mil), comércio (-265 mil), serviços domésticos (-196 mil) e agricultura (-204 mil). As demissões no comércio e na agricultura são sazonais. A agricultura tem mais a ver com o tempo da safra. Sempre se observa agricultura e comércio com redução na ocupação nesse período do ano. Em relação ao patamar de um ano antes, as únicas atividades com perdas foram a agricultura, que demitiu 455 mil trabalhadores, e a construção, que dispensou 242 mil pessoas, e os serviços domésticos, menos 97 mil trabalhadores. Os demais setores contrataram: administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (760 mil trabalhadores a mais), comércio (340 mil), alojamento e alimentação (127 mil), indústria (166 mil), informação, comunicação e atividades financeiras (461 mil), transporte (395 mil) e outros serviços (75 mil).

O mercado de trabalho mostrou uma redução sazonal da ocupação no trimestre até abril, mas o esperado aumento na busca por uma vaga não ocorreu. A desistência de pessoas que perderam seus trabalhos em buscar uma oportunidade não foi motivada por desalento nem por um aumento de outras modalidades de subutilização da mão de obra. A população inativa cresceu, engrossada por uma fatia de pessoas que fizeram uma opção pessoal de não querer trabalhar ou por não estarem disponíveis para assumir uma vaga. Como resultado do aumento da inatividade, a taxa de desemprego no País teve apenas leve aumento de 8,4% no trimestre até janeiro de 2023 para 8,5% no trimestre até abril, estável do ponto de vista estatístico por conta da margem de erro da pesquisa, apesar da tendência de aumento. O resultado no trimestre até abril foi o mais baixo para esse período do ano desde 2015, quando estava em 8,1%. O que era esperado era um aumento da taxa de desocupação, o que não aconteceu. A desocupação ficou estatisticamente estável. A população fora da força aumentou.

A série histórica da pesquisa, excetuando o período de pandemia, costuma mostrar dispensa de trabalhadores na passagem do trimestre encerrado em janeiro para o trimestre terminado em abril. A queda na ocupação e o aumento que costuma ocorrer na desocupação nessa época do ano são explicados pela presença dos meses de fevereiro e março no trimestre encerrado em abril. O que destoa do padrão sazonal é o aumento da inatividade nesse período do ano. Em um trimestre, 605 mil pessoas deixaram de trabalhar, mas apenas 101 mil deles passaram a buscar um emprego. A população inativa, que não trabalha nem procura emprego, cresceu em 885 mil pessoas. Pode ter influência de auxílios (transferências de renda do governo), mas com dados da Pnad Contínua não é possível afirmar isso; só consegue dizer que não é por questão de mercado de trabalho. A população subutilizada recuou de 21,505 milhões no trimestre até janeiro para 20,972 milhões no trimestre até abril. A taxa de subutilização da força de trabalho desceu de 18,7% para 18,4% no período.

A redução foi motivada pela falta de aumento na procura por trabalho. Esse não aumento da procura poderia ser porque o mercado de trabalho está ruim, mas não é o que parece. A procura não aumentou estatisticamente como era esperado pela questão sazonal, e não parece ser por desânimo em relação ao mercado de trabalho, porque as medidas para esse tipo de fenômeno reduziram. A tendência de aumento da população fora da força já vem ocorrendo há alguns trimestres. No entanto, a população desalentada (que nem trabalha nem busca uma vaga por acreditar que não encontraria uma oportunidade), por exemplo, vem diminuindo. O Brasil registrou 3,769 milhões de pessoas em situação de desalento no trimestre encerrado em abril, 192 mil desalentados a menos em relação ao trimestre encerrado em janeiro. Em um ano, 682 mil pessoas deixaram a situação de desalento. A geração de vagas mostrou retomada muito forte ao longo de 2022. Passado esse momento de recuperação da ocupação no pós-pandemia, o mercado de trabalho parece ter estabilizado, mantendo a taxa de desemprego na casa dos 8%, nos patamares mais baixos desde 2015.

Segundo o C6 Bank, a composição do resultado do trimestre móvel encerrado em abril da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) indica que a queda do indicador não está relacionada ao avanço da ocupação, mas sim ao menor número de pessoas procurando emprego, e reflete uma dinâmica pior do mercado de trabalho. A leitura da taxa de abril, de 8,5%, ficou pouco abaixo da mediana das expectativas de analistas, de 8,7%. As projeções para a taxa de desemprego iam de 8,3% a 9,3%. Nos cálculos do C6 Bank mensalizados e com ajuste sazonal, a taxa passou de 8,3% em março para 8,1% em abril. Os fatores que mais chamaram a atenção nesta leitura foi a queda da população economicamente ativa e o recuo da população ocupada. Daqui para a frente, deve haver uma redução da taxa de ocupação, refletindo o esfriamento da atividade econômica. O C6 pontua também que os dados de renda passam a apresentar mudança na trajetória de recuperação vista anteriormente. A renda real habitual do trabalhador caiu 0,3%, mas acumula alta de 7,4% em relação ao trimestre encerrado em abril de 2022. A massa de renda real também parou de subir, mas acumula alta de 9,6% na comparação anual. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.