31/Mai/2023
Para especialistas, a primeira infância, fase entre 0 e 6 anos (creche e pré-escola), é um período crucial para o desenvolvimento de estruturas e circuitos cerebrais, além da aquisição de habilidades fundamentais para toda a vida. De acordo com o Todos pela Educação, sem olhar para educação da primeira infância e formação de professores, o Brasil não estará naquilo que pode de fato resolver. A primeira infância é a base de tudo. Falta uma liderança forte no País para puxar essa pauta de uma vez por todas. Outro gargalo é a formação docente. No Brasil, 62% das matrículas de professores nas faculdades privadas são 100% a distância, com aulas assíncronas (vídeos gravados, sem transmissão simultânea). É o retrato do verdadeiro descaso com o professor.
O Instituto Singularidades compara a formação dos docentes com a da Medicina. Não se discute formar médicos a distância. Além de melhorar a capacitação de professores, é preciso aumentar a atratividade da profissão. Isso passa por melhores salários. Formar professores a distância não é uma possibilidade, assim como não é na formação de médicos. A necessidade de mudança no ensino das escolas públicas ficou ainda mais evidente após a pandemia. E, para isso, são necessários mais investimentos em tecnologia, a ampliação do ensino integral e maior apoio do poder público para os professores. A ampliação da jornada escolar, apontada pelos educadores como uma urgência para elevar a qualidade do ensino brasileiro, também passa por uma série de desafios.
Segundo a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com poucas horas de aula, é difícil fazer um trabalho integral. Ainda que exista interesse, é preciso saber como operacionalizar e ter clareza de quais são as alavancas que permitem que o ensino integral seja realizado com mais condições. O Instituto Singularidades afirmou que nenhum país que se industrializou tem quatro horas de aula por dia. Segundo o Censo Escolar de 2022, só 14,4% dos alunos da rede pública estão matriculados no ensino integral em todo o País. O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece 25% dos alunos da educação básica no ensino integral como meta para 2024. O levantamento aponta, ainda, que metade das escolas públicas brasileiras não possui nenhum estudante nessa modalidade.
Para o Ministério da Educação (MEC), além das preocupações com o novo ensino médio, o MEC prioriza mais três desafios até o fim de 2023. Um deles é adotar a escola de tempo integral; outro será melhorar os níveis de alfabetização e o terceiro é incentivar a conectividade. Ensino integral não se restringe a mais tempo de ensino, é preciso garantir a qualidade da oferta. É mais tempo com substância, qualidade no currículo, condições suficientes para conforto das crianças e adolescentes. Há duas semanas, o MEC apresentou um projeto para ensino em tempo integral, que ainda precisa de aprovação do Congresso para se tornar lei. A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) defendeu o Poupança Ensino Médio, projeto que prevê incentivo financeiro para evitar que alunos em situação de pobreza e extrema pobreza abandonem as escolas. Em muitos locais, as escolas de tempo integral são inviáveis para o aluno de baixa renda.
A Poupança Ensino Médio vem para que o jovem não tenha de escolher entre investir no próprio futuro ou levar pão para casa. Para o Conselho de Secretários Estaduais de Educação (Consed), provas de avaliação do ensino das escolas públicas brasileiras devem mostrar “um país mais torto” após a crise da Covid-19. Em certos lugares, um trabalho pode ter sido bem feito pelas secretarias e os resultados podem aparecer. Mas, em outros pode ser que os resultados não apareçam. Os efeitos da pandemia ainda vão ser sentidos. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirma que o foco para melhorar o desempenho está no suporte oferecido às escolas. Tecnologias de inteligência artificial ganham força e se espalham por diversos setores, inclusive nas escolas.
Mas, robôs e inteligências artificiais não substituem o papel do professor em sala de aula. A tendência é de achar que tecnologias resolvem lacunas de relacionamento e comunicação. É um algoritmo que, em teoria, conheceria mais do aluno que o próprio professor. É necessário encontrar maneiras de inserir tecnologias no ambiente escolar e a saída está em colocar professores e alunos como atores centrais nesse processo. Se tornou urgente debater como equilibrar o uso das tecnologias no ambiente educacional. E, para isso, é preciso olhar para o contexto do trabalho do professor. A gamificação e a importância de softwares não pode estar acima do conhecimento que a equipe escolar tem com relação a determinado aluno por conviver com ele. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.