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29/Mai/2023

EUA: interesse em investir no Brasil e conter China

Enviado ao Brasil pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o embaixador Brian Nichols, vice-secretário para Assuntos do Hemisfério Ocidental, chegou com a missão de conter o avanço da China pela região. Por isso, ele afirma que os negócios de infraestrutura fechados com os chineses, sobretudo na América Latina, são “enganosos”. Ele disse que os projetos não trazem benefícios de longo prazo. Os Estados Unidos estão dispostos a se colocar como alternativa aos investimentos chineses. Segue a entrevista de Nichols, o mais alto formulador de políticas do governo norte-americano para a região.

Como os EUA reagirão à influência chinesa na América Latina?

Brian Nichols: Os países são livres para tomar suas próprias decisões. Mas queremos que os países tomem essa decisão com os olhos abertos e com alternativas reais. Os acordos de infraestrutura com a China são enganosos. A qualidade dos projetos é abaixo do padrão, em muitos casos. Em outros, os custos foram inflados e vimos corrupção ao redor. Após cinco anos, os projetos não trouxeram benefícios ao PIB. Precisamos que os países entendam o que estão ganhando e oferecer soluções. Estamos trabalhando para garantir que os EUA deem aos países opções que atendam suas necessidades.

Qual o status da aproximação dos EUA com a Venezuela? As eleições livres são uma condição para a suspensão das sanções ao chavismo?

Brian Nichols: O tempo está ficando curto para se preparar para uma eleição na Venezuela. Precisamos voltar às negociações entre governo e oposição. Estamos dispostos a modificar nossas políticas em resposta ao progresso concreto em direção a uma eleição livre e justa. Estamos preocupados com os venezuelanos e isso significa garantir que eles tenham oportunidades econômicas, acesso a saúde e benefícios sociais.

Depois de algumas declarações de Lula culpando os dois lados pela guerra na Ucrânia, como está a imagem internacional do Brasil quando se fala do conflito?

Brian Nichols: A decisão de convidar Lula para a cúpula do G-7 foi um reconhecimento da liderança global do Brasil e ao papel pessoal dele. O Brasil é no momento um membro do Conselho de Segurança da ONU. Há o envolvimento de Lula na liderança do G-20. O Brasil está num momento importante na arena internacional. A invasão não provocada da Rússia chocou a comunidade internacional. Encorajamos os esforços de paz, mas a forma de chegar à paz é que a Rússia retire suas forças da Ucrânia.

O cessar-fogo, como pede o Brasil, é a melhor forma de chegar a um acordo de paz?

Brian Nichols: A solução virá quando a Rússia remover suas tropas do território ucraniano. Será o fim, a guerra acabará. O presidente Biden reitera os fatos: um país invadiu o outro sem ser provocado e continua a lutar dentro desse outro país. Nas Américas, respeitamos as fronteiras internacionais. Nenhum país invade o outro. Esses valores estão enraizados. O povo da Ucrânia merece ter o mesmo direito.

Por que os EUA decidiram autorizar o uso de caças F-16 pelos ucranianos? É possível garantir que eles sejam usados para atacar a Rússia?

Brian Nichols: A decisão de conceder qualquer sistema de armas à Ucrânia é baseada em avaliações militares de segurança nacional. A soberania da Ucrânia depende de dar ao país as ferramentas para ele se defender. É o que estamos fazendo. Os ucranianos foram muito contidos no uso dos sistemas que receberam.

Existe risco de uso de armas nucleares?

Brian Nichols: Temos de estar atentos para conter esse conflito. A comunidade internacional deve falar de forma clara à única parte da guerra que possui armas nucleares que rejeita essa escalada horrível e exige que a guerra acabe.

Podemos esperar novos aportes de ajuda ambiental para o Brasil? A mudança de atribuições dos ministérios, discutida em Brasília, pode afetar o Fundo Amazônia?

Brian Nichols: Na Cúpula das Américas, no ano passado, falamos de um compromisso de US$ 50 bilhões em financiamento climático para os bancos multilaterais de desenvolvimento em cinco anos. Estamos trabalhando contra a extração ilegal de madeira e a mineração ilegal de ouro na Amazônia. Estamos fazendo tudo o que podemos para promover alternativas limpas de desenvolvimento que não degradem a floresta. O presidente Biden está comprometido com os recursos de que precisamos para fazer nossa parte. A lei de redução da inflação (aprovada no ano passado) foi o maior investimento em energia limpa e combate às mudanças climáticas da história. Esse é o tipo de compromisso que o governo tem.

Fonte: Broadcast Agro.