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25/Mai/2023

Varejo: lucro cai com juros altos e crédito escasso

Com inflação alta, aperto dos juros, variação cambial e crédito caro, as grandes varejistas do País listadas na Bolsa tiveram queda de R$ 1,2 bilhão no lucro no primeiro trimestre, um tombo de 85% ante o mesmo período de 2022. O lucro do setor recuou de R$ 1,4 bilhão para R$ 207 milhões. Os dados são de levantamento da TradeMap, com as 31 maiores empresas de comércio na B3. Os principais motivos para a queda do lucro são o aumento das despesas e a alta do dólar. Tirando empresas muito endividadas, o fator macroeconômico foi o que mais impactou os resultados das empresas de comércio e varejo. No primeiro trimestre de 2022, houve queda de 15% do dólar, e isso levou a um ganho financeiro, o que não aconteceu neste ano. Isso levou ao aumento de despesa e à queda de receita financeira. De janeiro a março, as despesas subiram 22,7% em relação ao período anterior de 2022, o que diminuiu em 9,6% o dinheiro em caixa, de R$ 27,8 bilhões para R$ 24,6 bilhões.

A margem líquida teve redução de 1,68%, indo a 0,23%. Já a dívida líquida subiu 43,4%, de R$ 38 bilhões para R$ 55,6 bilhões no período. O retorno sobre o patrimônio (ROE) nos últimos 12 meses desceu 5%, a 8,4%. O levantamento exclui a Americanas, que não divulgou resultados financeiros neste ano. Em recuperação judicial, a varejista tem dívida de R$ 43 bilhões. Entre as que divulgaram, a maior piora na lucratividade é a do Carrefour, que foi de um lucro de R$ 370 milhões em 2022 para um prejuízo de R$ 113 milhões, queda de R$ 483 milhões. O Magazine Luiza também teve queda e ampliou o prejuízo de R$ 161 milhões para R$ 391 milhões. Considerando o lucro líquido ajustado, porém, o Carrefour assume a posição de maior prejuízo, com R$ 421 milhões, enquanto o Magazine Luiza fica com R$ 309 milhões. Apesar da crise, o pagamento de dividendos (que se refere ao ano completo de 2022) a acionistas subiu de R$ 38,7 bilhões para R$ 55,6 bilhões.

Para o Insper, as varejistas sofrem os efeitos de mudança de comportamento do consumidor, falta de crédito e aumento acelerado dos juros nos últimos dois anos. Por isso, devem adotar uma postura financeira conservadora. As empresas têm de ter dinheiro em caixa. Hoje é impensável trabalhar com capital de terceiros como acontece em algumas empresas. É preciso repensar as finanças para ter capital de giro e depender o mínimo possível dos bancos. Isso é uma forma de crescimento sustentável, e uma não alavancagem, que gera um ambiente artificial. A Marisa afirmou que os resultados do primeiro trimestre trazem números positivos na operação de varejo, como receita e margem bruta. Porém, o impacto das altas taxas de inadimplência e de custo de crédito sobre a operação financeira impactam ainda negativamente a operação, embora já em rota de ajuste.

O Magazine Luiza informou que fechou quiosques nas Lojas Marisa, um centro de distribuição, e fez ajustes de práticas contábeis e deu baixas de ativos referentes a empresas adquiridas no passado que causaram um prejuízo maior no primeiro trimestre. São eventos pontuais do trimestre que não são recorrentes. O que o mercado olha é o lucro ajustado, que não considera eventos pontuais que não irão se repetir. Diante do cenário macroeconômico desafiador, a expectativa é de que o ano de 2023 continue a pressionar o lucro das empresas de comércio e varejo, que precisarão conter despesas e fazer ajustes de operação para sobreviver. A Gouvea Consulting avalia que o varejo alimentar e o de materiais de construção são os que mais devem se beneficiar dos incentivos do governo, especialmente nos casos das classes C e D. Porém, os segmentos dependem de crédito para o consumidor, como eletroeletrônicos, que devem sofrer devido ao alto custo dos juros.

São três despesas mandatórias no varejo: ocupação, mão de obra e estoque. Se comprar muito estoque e não vender, o custo sobe diante do juro alto. Se não tem mão de obra o suficiente, fica com muito estoque. O negócio do varejo é cruel. Se a indústria está mal, corta turnos. No varejo, não tem como fazer isso. A solução é fechar lojas ineficientes, como fez a Marisa. O que o varejo pode fazer em momentos difíceis é racionalizar a operação, diminuir despesas e reduzir mão de obra. Outra saída apontada por especialistas é apostar no aumento de capital de giro com pagamentos de maior liquidez, em especial o Pix. Uma transação no cartão de crédito pode custar até 20% para recebimento em 30 dias quando há parcelamento. Em uma transação à vista, ainda há custo de 4,79% e pagamento em um mês. O Pix tem custo de apenas 1% ou até zero. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.