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25/Mai/2023

França toma medidas contra mudanças climáticas

A proibição de voos domésticos de curta duração entrou em vigor no dia 23 de maio na França, após muitas discussões sobre o decreto proposto em um contexto de combate às mudanças climáticas. A medida vale para trajetos em que há a alternativa de fazer a mesma viagem de trem com menos de 2h30 de duração. O decreto não afeta voos de conexão. Na prática, os trajetos que serão alterados pela medida são aqueles que ligam Paris a cidades como Nantes, Lyon e Bordeaux. A medida estava prevista pela Lei do Clima, aprovada em 2021, mas foi suspensa enquanto a Comissão Europeia analisava um recurso do setor aéreo. Em dezembro, ela foi validada pela União Europeia, mas com alguns ajustes. Para a resolução ser aplicada, é preciso que seja possível uma ligação ferroviária direta alternativa de menos de 2h30 entre estações que servem as mesmas cidades que os aeroportos, sem precisar mudar de trem, além de ter o serviço disponível várias vezes ao dia, com frequência suficiente e horários satisfatórios.

Na prática, a lei já tem sido aplicada por algumas companhias aéreas. Em meio à crise da Covid-19, o governo obrigou a Air France a abrir mão dos voos domésticos em troca de ajuda financeira, em maio de 2020. A validação da medida acontece ao mesmo tempo que a classe política da França discute caminhos para reduzir as emissões de gases estufa de jatos particulares. Alguns parlamentares verdes defendem a proibição total de voos privados curtos. No início desta semana, o governo da França revelou um plano para acelerar os cortes em suas emissões de gases de efeito estufa, com o objetivo de reduzi-las em 50% até 2030, em comparação com os níveis de 1990. Para alcançar objetivos em 2030, a França deve duplicar o ritmo de redução das emissões de gases do efeito estufa. Transporte, edifícios, agricultura, indústria, todos os setores terão de fazer sua parte para França atingir a meta até 2030, uma etapa no caminho para a neutralidade de carbono que a União Europeia busca alcançar na metade do século.

Até agora, o governo francês tinha a intenção de reduzir as emissões em 40%, mas chegou a apenas 25% em 2022. Para alcançar a meta, terá de fazer, nos próximos 8 anos, o que não foi feito nos últimos 32 anos. Uma das principais questões pendentes do plano, que agora deve ser finalizado, é a de como financiar as dezenas de bilhões de euros em investimentos públicos e privados necessários para aplicar as medidas. No setor de transporte, que representa mais de 30% das emissões, o governo aposta nos carros elétricos e nos veículos compartilhados, mas também em medidas para ampliar a entrega de mercadorias em domicílio. O presidente Emmanuel Macron também defende a renovação eficiente das moradias e mudanças na calefação, deixando para trás, paulatinamente, os aquecedores movidos a diesel e a gás.

Na agricultura, o plano do governo atacará o gado e os fertilizantes nitrogenados. Recentemente, o Tribunal de Contas pediu que o governo também publique uma estratégia de redução no número de bovinos para diminuir as emissões de gases de efeito estufa do gado (11,8% das emissões no país). A França, maior produtor europeu de carne bovina, conta com 17 milhões de cabeças de gado e o Ministério da Agricultura, segundo o Tribunal de Contas, projeta uma queda para 15 milhões, até 2035, e para 13,5 milhões, até 2050. Um relatório do instituto France Stratégie adverte que os investimentos necessários para descarbonizar a economia francesa prejudicarão o crescimento e aumentarão a dívida pública nos próximos anos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.